Os três fatores foram classificados como "muito preocupantes" pela maioria dos entrevistados. A disponibilidade de mão-de-obra foi o principal fator de preocupação, com 66,6% das respostas, seguida de importações, com 66,1% e flutuações de preços e custos de produção, com 58,9%. Um dos produtores confirma a disponibilidade de mão-de-obra como principal gargalo da atividade: "a mão-de-obra é o grande fator limitante. Mesmo com esta enorme melhora na remuneração, com ganhos significativos no poder aquisitivo do trabalhador rural, não observamos nenhuma melhora. Continuamos sem qualidade e sem oferta".
Para Rezende, a baixa qualificação da mão de obra (e muitas vezes dos próprios criadores) na pecuária de leite levará à redução no número de produtores no Brasil, estimados em 1,2 milhão. "O produtor mais qualificado trata a propriedade como empresa. No Brasil, a pecuária de leite é explorada de forma extrativa", diz Rezende, que também é produtor. Ele defende o investimento na qualificação da mão de obra para que o setor avance.
Em relação às importações, Rezende atribui ao câmbio favorável a internalização de produtos lácteos e o aumento da concorrência do leite produzido em países com menores custos de produção, a exemplo do Uruguai e Argentina, como principais razões. Já a flutuação de preços e os altos custos de produção dificultam o planejamento e investimento na atividade e criam estabilidade para toda cadeia do leite.
Equipe MilkPoint, com informações do jornal Valor Econômico e PricewaterhouseCoopers.