As constantes transformações que o mercado vem passando desde o anúncio da pandemia forçou as empresas a agirem de maneira rápida e holística. Diversas lições ficaram após mais de três meses de isolamento social – tanto para gestores quanto clientes. A agenda de 2020 ficou de lado e precisa ser olhada por outra perspectiva. Se não temos mais o mesmo mundo de antes, também precisaremos não ter mais os mesmos valores. O momento, no entanto, não é de rever a proposta de valor e sim de viver e entender o momento atual para fazer com que ele se torne relevante.
Isso porque a pandemia ainda está em curso e enquanto ela ditar as regras, pouco será consistente – se uma marca foca em uma ação hoje, amanhã esta poderá estar obsoleta. A todo momento as companhias passam por ressignificações. Alguns setores estão se destacando mais do que outros, por promoverem ações positivas ou porque sua atividade é relevante no momento.
Farmácias, supermercado e comercio eletrônico estão naturalmente fazendo seu papel. “O ponto mais contraditório é a de empresas que fazem ações que assumem discurso como se fosse permanente dela. Como se sempre falasse sobre saúde e cuidado com o outro. Toda e qualquer ajuda nesse momento é importante, mas é preciso ter uma sensibilidade ao tentar vender nesse momento, é preciso ter uma agenda comprometida com a marca e que tenha propósitos sólidos”, afirma Luciano Deos, CEO da GAD’ Consultoria, em entrevista ao Mundo do Marketing.
Amadurecimento e empatia
Para o especialista, estamos vivendo um contexto único que tem um valor gigante de aprendizado. Essa transformação traz lições de reflexão, de colocar a criatividade para trabalhar e de olhar mais próximo para o cliente. “A pandemia ressignificará a experiência. Nesse momento breve, o que será relevante é o que ficará para a empresa. Tudo que era importante até fevereiro ficou para trás. As marcas precisam que entender que viver o momento atual é a única forma de entregar valor”, afirma Luciano.
Para que isso seja feito de maneira harmônica, será preciso trabalhar empatia com os consumidores e reavaliar as necessidades e desejos - que continuam existindo, porém mudam a todo instante. O mais importante é a companhia viver tudo que esse momento histórico traz e capturar esse aprendizado para seu nicho. Para repensar o negócio, os gestores devem estar imersos nas transformações – na rotina de trabalho, na economia, no estilo de vida do consumidor.
Se houver um verdadeiro amadurecimento das marcas, todos estarão descobrindo novas possibilidades de negócios não imaginados. Um exemplo de quanto o mercado já evoluiu é que nas primeiras semanas houve uma desorganização, por quererem fazer algo de maneira emergencial e se posicionar logo diante da pandemia. Atualmente já é feita uma agenda do que é emergencial e uma agenda de prazo longo.
As empresas, hoje, estão buscando construir um discurso equilibrado de médio prazo. “Não vamos conseguir viver sempre uma agenda de curto prazo, o tom mudará. Primeiro sobreviver, porque muitas estão sendo afetadas e então precisam adequar sua comunicação e postura diante de tudo isso. Não adianta ficar falando a mesma coisa um ano inteiro esperando isso tudo passar. Até achar a vacina é preciso se adequar. Não é hora de rever proposta de valor. Enquanto não se entender o cenário atual não se deve mudar nada ou então será perda de tempo e dinheiro” aponta Luciano Deos.
As informações são do Mundo do Marketing.