A seca prolongada no Rio Grande do Sul fez com que o milho, que é a base da silagem usada como alimentação do rebanho, virasse praticamente só "palha", segundo relatos de produtores. Sem conteúdo nutricional suficiente, a produtividade dos animais diminuiu mais de 20% em fazendas de gado leiteiro do Estado.
Os produtores estão comprando bagaço de frutas, como laranja e maçã, normalmente utilizados para concentrados (rações). Isso não impediu que a produtividade por animal continuasse a cair. Segundo Marcos Tang, produtor e presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul, em propriedades tradicionais, a produção por animal, que era de 37 litros ao dia, passou a ser de cerca de 30 litros, um declínio de 23%.
“Nas regiões de serra, não vale a pena investir em infraestrutura de irrigação para o milho cultivado que alimenta o rebanho. Seria passar um cano para irrigar meio hectare”, diz o dirigente. Os produtores têm se reunido com representantes de órgãos públicos para buscar soluções para o problema.
Recentemente, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) do Rio Grande do Sul calculou que a queda da captação de leite é da ordem de 1,6 milhão de litros por dia. Somados, os três Estados do Sul produzem 12 bilhões de litros ao ano, volume superior ao de Minas Gerais, o líder do ranking, que produziu 9,7 bilhões em 2020, segundo os dados mais recentes da Embrapa Gado de Leite.
Pedidos ao governo
A falta de chuvas tem afetado a pecuária leiteira no Rio Grande do Sul nos últimos quatro anos. Ontem (13/1), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, visitou regiões do Estado com uma comitiva para avaliar os estragos causados pelo clima.
Representantes do agronegócio e governo estadual pediram à Pasta a aquisição de leite emergencial via Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para impedir a queda do preço pago ao produtor. Em um documento assinado por Fetag-RS, Farsul, Fecoagro, Federarroz e Aprosoja, as entidade solicitaram também que todas as dívidas de custeios e investimentos prestes a vencer sejam adiadas por, pelo menos, 180 dias.
Segundo a Emater-RS/Ascar, 200 municípios do Rio Grande do Sul já decretaram situação de emergência em decorrência da estiagem. De acordo com a empresa, até o último fim de semana, 195 mil propriedades rurais registraram perdas causadas pela falta de chuvas.
O Rio Grande do Sul quer ainda a concessão de bônus adimplência para a liquidação da parcela de custeio pecuário que vencerá em 2022, a oferta de grãos de milho via Programa de Vendas em Balcão da Conab, a ampliação do Zoneamento Agrícola de Risco Climático da soja para permitir que o produtor que ainda não conseguiu realizar a semeadura possa se enquadrar no Proagro e no Seguro Rural, entre outros pontos.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.
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