O leite é um alimento fundamental na alimentação humana, fornecendo nutrientes essenciais,
como proteínas, vitaminas e minerais. No entanto, algumas pessoas podem apresentar intolerância à
lactose ou alergia às proteínas do leite de vaca convencional. Recentemente, o leite A2A2 tem ganhado
destaque devido pesquisas sugerirem o seu potencial de reduzir os efeitos adversos associados à
ingestão do leite convencional.
A principal diferença entre o leite A2A2 e o leite convencional é a presença da beta-caseína A2,
em oposição à beta-caseína A1. O leite de vaca convencional é composto por duas principais proteínas
do leite, a caseína e a beta-caseína. A beta-caseína é encontrada em duas variantes principais: A1 e A2.
A beta-caseína A2 é considerada uma variante ancestral, enquanto a A1 surgiu mais recentemente
devido a uma mutação genética.
O leite A2A2 é obtido a partir de vacas que possuem uma linhagem genética específica, que produz exclusivamente a beta-caseína A2. Essas vacas são selecionadas por meio de testes genéticos ou cruzamento seletivo para garantir a predominância da beta-caseína A2 em seu leite.
A composição do leite tem sido objeto de estudo há décadas, e recentemente o leite A2A2 tem
despertado atenção devido a alegações de que pode ser mais fácil de digerir e causar menos desconforto gastrointestinal em comparação com o leite convencional. A proteína beta-caseína é o
principal componente proteico do leite, e suas variantes A1 e A2 têm sido objeto de estudo em relação
aos efeitos na saúde humana.
Pesquisas sugerem que a beta-caseína A1 pode ser responsável por certas reações adversas à ingestão de leite, como desconforto gastrointestinal e alergias. Por outro lado, o leite contendo apenas a variante A2 da beta-caseína, conhecido como leite A2A2, tem sido apontado como uma alternativa potencialmente mais saudável.
Pesquisas mostraram que o consumo de leite A2A2 pode estar associado a uma redução de
sintomas gastrointestinais em pessoas com sensibilidade ao leite convencional. Um estudo clínico
randomizado conduzido por Jianqin et al. (2016) demonstrou que indivíduos com desconforto
gastrointestinal experimentaram melhorias significativas na digestão e redução da flatulência após
consumir leite A2A2 em comparação com o leite convencional.
O leite A2A2 tem sido estudado em relação à sua possível influência na saúde digestiva.
Nuomin et al. (2019) conduziram um estudo em ratos e observaram que o leite A2A2 apresentou
efeitos benéficos sobre a microbiota intestinal, promovendo o crescimento de bactérias benéficas e
inibindo o crescimento de bactérias patogênicas. Esses achados sugerem um potencial papel do leite
A2A2 na manutenção da saúde intestinal.
O leite A2A2 também tem sido investigado em relação ao seu efeito sobre o perfil lipídico e
cardiovascular. Um estudo realizado por Moholdt et al. (2021) em indivíduos com perfil lipídico alterado
mostrou que o consumo de leite A2A2 por oito semanas resultou em melhorias significativas nos níveis
de colesterol total e LDL (“colesterol ruim”) em comparação com o leite convencional.
Os estudos científicos sobre o leite A2A2 sugerem que ele pode ser uma alternativa benéfica
para pessoas com sensibilidade ao leite convencional. Embora mais pesquisas sejam necessárias para
compreender completamente os mecanismos subjacentes e os efeitos a longo prazo do consumo de
leite A2A2, os estudos atuais mostram potenciais benefícios para a saúde. A compreensão aprofundada
dessas propriedades pode abrir caminho para opções mais personalizadas e adequadas às
necessidades individuais na indústria de laticínios.
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Autores:
Cristiele dos Santos - Médica Veterinária pela Uniceplac - Gama, DF, Mestranda em Zootecnia pelo IF Goiano - Campus Rio Verde, GO.
Flávia Oliveira Abrão Pessoa - Doutora em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais,
Professora do IF Goiano - Campus Ceres, GO
Referências:
JIANQIN, S., LEIMING, X., LU, X., YELLAND, G. W., NI, J., & CLARKE, A. J. Effects of milk containing
only A2 beta casein versus milk containing both A1 and A2 beta casein proteins on gastrointestinal
physiology, symptoms of discomfort, and cognitive behavior of people with self-reported intolerance to
traditional cows’ milk. Nutrition journal, v. 15, p. 1-16, 2015.
NUOMIN BAEK, R., TSURUTA, T., & NISHINO, N. Modulatory Effects of A1 Milk, A2 Milk, Soy, and Egg
Proteins on Gut Microbiota and Fermentation. Microorganisms, v. 11, n. 5, p. 1194, 2023.
MOHOLDT, T., BERSET, I. P., BERG, V., FLAA, A., HJELMESÆTH, J., & HOLVEN, K. B. Effects of Milk Protein
Type on Cardiometabolic Risk Markers in Overweight and Obese Adults with Elevated Blood Pressure:
A Randomized Controlled Trial. Nutrients, 13(2), 453, 2021.