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Em busca da vaca perfeita

POR GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

ESPAÇO ABERTO

EM 28/09/2009

5 MIN DE LEITURA

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Em face da grande extensão territorial do Brasil, a diversidade de clima, relevo e hidrografia fazem com que as realidades das propriedades rurais sejam tão múltiplas que não se pode vislumbrar uma fórmula fechada para se chegar à raça leiteira ideal para ser adotada, sem restrições, em cada uma das regiões.

Deixando de lado o sistema de manejo, objeto que foi de nossa última conversa e que gerou elevado número de participações, o fator climático é o primeiro a ser levado em conta quando se pretende adquirir determinados animais.

Quem tem a admiração necessária pelos bovinos produtores de leite e pretende obter qualquer tipo de lucro na produção deste indispensável alimento, logo se admira com as reses que participam de torneios leiteiros, com elevada capacidade de fabricar o produto, chegando a cifras superiores a oitenta litros/dia, sem se atentar que, na realidade, dependendo da raça a que pertencem, elas são preparadas artificialmente para atingir àquelas marcas. Por óbvio, na vida cotidiana da fazenda, elas não conseguirão manter o padrão, a não ser que as condições estabelecidas para que tais misteres sejam alcançados fossem mantidas pelo seu criador, o que torna muito cara a criação.

Todavia, ainda que seja possível continuar com o manejo de exposição, sabemos nós que a mantença daquela sistemática resultará em dois graves problemas: o primeiro, reside no fato de que uma vaca que se mantém em nível tão alto de produção, tem um desgaste natural de sua higidez física, a tal ponto que pode até sucumbir ao esforço e morrer, pois, para produzir oitenta litros de leite/dia ela tem que se apresentar com uma circulação sanguínea muitíssimo elevada em seu sistema mamário e consumir uma quantidade de nutrientes além de sua capacitação normal de ingestão.

Outro aspecto que deve sempre ser levado em conta é que uma vaca tem todo um ciclo de produção, que vai desde o parto até sessenta dias - em média - antes da próxima parição, que não se apresenta único, eis que há variações muito grandes de volume durante todo o decorrer do ciclo.

Assim, aos vinte e um dias do parto, quando se inicia de fato a lactação até o final da mesma - trezentos e cinco dias após o evento do nascimento da cria - são raras as matrizes que se manifestam em linha reta de produtividade, oscilando muito entre a alta ou pico (geralmente até cem dias após a parição) e o final do período produtivo.

Destarte, a vaca ideal é, de forma indene de dúvidas, aquela que maior índice de produção apresenta dentro de uma única lactação.

Parece indiscutível que, se o objetivo é produtividade, as raças europeias especializadas são imbatíveis para a consecução deste fim.

Entre elas, o destaque é para a Raça Holandesa, a que mais produz leite no mundo e que pode ser conduzida a elevadas produções individuais, poucas vezes alcançadas por outros indivíduos de raças diferentes.

Este axioma tem sido comprovado, ao longo dos anos, por quem participa de eventos como exposições e torneios leiteiros, onde a maioria das campeãs pertence a esta raça, o que a faz ser adotada como padrão em quase todas as propriedades em que o volume de leite produzido é considerável destes animais, não só no Brasil, mas em todo o planeta pecuário.

Outra constatação que se materializa com facilidade é a que se verifica quando a análise recai sobre os cruzamentos que visam a melhorar o desempenho de outras raças, sempre se encontram, em um dos extremos, a Raça Holandesa, como é o caso da girolando, da jersolando, da guzholando e outros. E a produtividade aumenta na mesma proporção em que a porcentagem de sangue holandês, o que demonstra o seu caráter imbatível na produção de leite.

Tecidas estas considerações, como nosso País se encontra em uma região tropical do planeta, as temperaturas oscilam entre o calor e o frio intensos, passando pelos temperados, o que causa uma variação climática diversificada e perigosa para a pecuária leiteira.

Este limitador, todavia, se aplica não só as raças européias, mas as de origem hindu também sofrem com esta variedade, já que, se a vaca Holandesa, a Jersey, a Sueca Vermelha sofrem com o calor excessivo, aquelas sofrem com o frio: o resultado se reflete no fato de que as médias de produção são muito pequenas em nosso território, bem abaixo das de outros Países.
O segundo fator a ser considerado é a resistência orgânica do animal às doenças tipicamente tropicais.

Neste sentido, nossa experiência pessoal nos leva a crer que há um pouco de mito rodeando a criação de Gado Holandês no Brasil, já que, em mais de quatro anos de produção intensiva com a raça, nunca tivemos problemas sérios com doenças tropicais, como a babesiose, as afecções de casco, a mamite, em suas formas clínica e subclínica, a retenção de placenta, as dificuldades de parto.

Em contrapartida, já verifiquei diversos casos em fazendas vizinhas destes problemas envolvendo animais mestiços e de outras raças.

Quanto à infestação de carrapatos, realmente, as raças europeias são mais suscetíveis ao aracnídeo, mas, o manejo adequado faz com que os animais se livrem, consideravelmente, destes parasitas.

O terceiro elemento a ser estudado é a falsa ideia que uma vaca holandesa, para produzir muito leite tem que consumir muito alimento. Na verdade, qualquer vaca, seja de raça for, só transmuta em leite o alimento que consome e, portanto, se produz muito é porque consome muito alimento, tanto em qualidade quanto em volume.

O ideário de que um animal da raça Jersey ingere menos alimento que um animal da raça holandesa não condiz com a realidade porque, ao final, ambas quase que sorvem a mesma quantidade de concentrado, de sorte que as pequenas jerseys possuem metabolismo muito mais acelerado que as enormes holandesas e, portanto, comem mais vezes, compensando a menor ingestão por vez.

O quarto fator é que, se temos o objetivo de produzir leite, as raças puras e especializadas são o ideal. Em contrapartida, as mestiçagens com raças típicas de carne, que produzem os chamados animais de dupla aptidão não atendem nem à produção de leite nem à de carne, ficando no limite que divide as duas aptidões e, ao final, não servindo a nenhuma.

Todas estas assertivas nos levaram a eleger a Raça Holandesa como a ideal, embora compartilhemos da ideia de que a vaca perfeita é a que podemos ter em nossos plantéis, sempre com a ideia de produzir cada vez mais por cada vez menos e evoluir constantemente.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

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GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/10/2009

Prezado Márcio Rangel Borges: Obrigado por sua participação. Tudo o que você levantou é verdadeiro. Somente venho acrescentar que, para que se tenha resultados satisfatórios, há que carrear os esforços sobre um animal que possua genética suficiente para a elevação da produtividade. De nada nos adianta elaborar toda uma sistemática de manejo, se o resultado final for limitado pela falta de capacitação da vaca para produzir leite. Destarte, devemos sempre trazer para dentro de nossas porteiras animais dignos de nossa empreitada e, neste caso, não vislumbro raça mais produtiva que a holandêsa.

Em contrapartida, de nada nos aproveita o fato de termos animais de capacidade produtiva elevada se o sistema que adotamos não lhes permite aflorar todo o seu potencial. Assim, o ideal é termos o sistema perfeito (confinamento) com o animal perfeito(holandês).

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/10/2009

Prezado Joaquim Jorge Rocha Queiroz: Obrigado por sua participação. A solução que tem sido encontrada, de imediato, é a construção de um "loosing house", ou seja, uma espécie de estrutura que, ao invés de concreto, utiliza madeiramento existente na própria propriedade ou que pode ser adquirido a preço muito menores que o daquele. Além disso, as dimensões mais reduzidas barateiam o sistema, possibilitando que os pequenos produtores possam confinar seus rebanhos e aumentar suas produções.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
JOAQUIM JORGE ROCHA QUEIROZ

INGAÍ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 08/10/2009

Caro Guilherme, Parabéns pelo artigo. Num de seus comentários você citou a palavra "free-stall", sem sombra de duvidas para produzir leite e muito leite por animal este precisa de conforto e isso passa impreterivelmente por um free-stall, agora como construir ou investir num free-stall no estilo americamo com o preço que recebemos no leite? Como fazer um free-stall "tupiniquim" adpatado ao custo Brasil e que dê o conforto necessário aos animais?

Tenho algumas ideias, mas gostaria de ver a sua ou dos demais colegas da comunidade.

Abraço.
Joaquim Queiroz
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/10/2009

Prezado José Maurício Gomes: Obrigado por sua participação. Apenas uma questão - quantas vacas filhas de Guri com vaca HPB Valiant com esta produtividade que você conhece? Ou qualquer outra mestiça com tal produtividade? Lado outro, se for assim, uma vaca de minha propriedade, em recente torneio, realizado em Olaria - MG, produziu, em duas ordenhas diárias, 53,5 quilos de leite/dia e perdeu, para outra, também holandêsa, por dois litros e meio a mais. A média por ordenha foi de 27 quilos de leite/dia. Se fossem três ordenhas, como na minha propriedade se sucede, a média seria de 81 litros/dia. Sem intoxicações, pois o manejo é complexo e controlado. Aconselho a você que adicione, no seu dia a dia, um percentual de bicarbonato de sódio, no cocho, durante a alimentação com volumoso, em todas as vezes que o mesmo for servido. Isto evita, com quase cem por cento, a chamada intoxicação alimentar.

Só que a campeã nacional produziu, na Megaleite deste ano, 105 litros/dia e é uma holandesa. Vários outros exemplos de produtividade nestes níveis poderia eu citar. Portanto, estes patamares, na raça holandêsa, não são exceções, mas, sim, a regra. Quanto aos dissabores com a raça, se o sistema for confinado, estes fatores limitantes ficam do lado de fora do "free stall". Destarte, é viável, sim, a criação de vacas holandêsas confinadas em nosso país.

Um grande abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezado Eduardo Cogo Abib: Obrigado por sua participação. A mudança de opinião é salutar. Não se pode criticar alguém por encontrar resposta a seus anseios em tese diversa da que antes defendia. Todavia, concordo com você que, neste caso, houve uma regressão no modo de pensar porque abandonado o melhor sistema de produção por outro mais simplista e menos eficiente. Deveriam ter continuado naquele caminho, que teriam tido melhores resultados.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezada Ana Paula Barbosa Prado: Obrigado por sua participação. Sua opinião é convergente com a minha, afinal, a conclusão de meu artigo leva o pecuarista à procura de um animal que lhe satisfaça as necessidades, seja ele de que raça for. Porém, dificilmente se obterá uma vaca que se enquadre melhor nestes conceitos que as da raça holandêsa. Quanto à evolução, ninguém pode desprezá-la, embora não se esqueça que a própria raça holandêsa tem evoluído muito, durante todos estes anos de criação, o que não permite a adoção de melhor animal para os sistemas de alta produção.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezado George Pastor Ramos: Obrigado por sua participação e pelos suplementos técnicos a meu artigo. Todavia, gostaria de lembrar que, com o advento do cruzamento entre raças puras, o que se tem, na verdade, é uma perda individual de caracteres de uma e de outra, melhorando o indivíduo por um lado e o piorando, por outro, isto levando-se em conta a produção de leite. Explico: melhora-se o indivíduo da raça gir, mas piora-se o da holandêsa, por exemplo. Por isso é que entendo que a solução para a pecuária leiteira não está no cruzamento, mas, sim, na apuração das raças expecializadas.

Lado outro, a questão da "manipulação" do preço do leite não a descarto, vista aos projetos ditos "sociais" do Governo Federal, que tentam trazer o alimento à mesa do cidadão empobrecido, mas esquecendo-se de dar condições para que o mesmo seja produzido. Assim, ao desestimularem o aumento da produção ou mesmo a sua mantença em patamares seguros, os nossos governantes, tal como o homem da fábula da "galinha dos ovos de ouro", secam a fonte que lhes proporciona angariar tantos votos nas eleições diversas. Destarte, o que se tem é maior dificuldade na consecução dos volumes necessários à distribuição entre os menos favorecidos. Isto é, no mínimo, um contrasenso.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
MARCIO RANGEL BORGES

GUAÇUÍ - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Caro colega, concordo com todos os termos citados acima acho que o sistemas de produção seja a pasto ou confinamento ou semi-confinamento e etc devem ser adotados de acordo com a necessidade e a possibilidade do produtor rural (mão de obra familiar)ou "fazendeiro" (que pagam por mão de obra), tudo isso envolve investimento e no caso da produção de leite ele é necessario, e precisa ser funcional e de preferencia barato. Assim, no meu modo de pensar, a evolução dos seres na terra lembra aquela velha teoria da seleção natural, assim acho que o animal aqui citado precisa sim ser suplementado mas a vaca exige alimentação em quantidade e qualidade, e capim de qualidade com suas caracteristicas nutricionais bem adequadas gera sim resultados satisfatorios, desde que trabalhados de forma correta com o manejo dos animais e dos sistemas de produção como o senhor Guilherme disse acima.

Abraço a todos!
JOSÉ MAURÍCIO GOMES

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezado Guilherme:

Lí atentamente seu artigo o qual foi baseado em sua respeitável experiência de selecionador e gostaria de comentar e chover no molhado conforme segue:
1) A raça holandesa é o mais leiteira e ponto, todos nós sabemos.
2) O que desfavorece esta raça é o nosso clima tropical, no verão é vísivel o sofrimento da raça, e haja manejo para minorar isso e todos nós sabemos.
3) O Girolando é o cruzamento que mais se aproxima do ideal para enfrentar as agruras de nosso clima tropical, isso também todos sabemos.
4) A tecnologia hoje disponível graças a genética, seleção de touros, etc nos propicia animais leiteiros de alta produtividade leiteira, e o Girolando é uma grande opção para pequenos, médios e grandes produtores.

Portanto, não temos dúvida quanto ao potencial da raça holandesa, mas ela por sí só não se enquadra para produção de leite em nosso país.

Finalizando, a média leiteira com gado holandes e girolando em minha fazenda é de 26 kg em 3 ordenhas, sendo que tenho holandesas PO e PC e Girolando 7/8 HPB,3/4 HPB, 5/8 HPB e 1/2 sangue HPB. Agora se me perguntar qual é a vaca mais leiteira no meu gado, te digo que não é uma holandesa e sim uma 1/2 sangue! É, pasme, uma 1/2 sangue de HPB filha de Guri com vaca HPB Valiant. Esta vaca foi para um torneio em 3 Corações "embalada "produzindo 98KG de leite por dia em 3 ordenhas. Só não ganhou no geral porque por alguma razão desconhecida sofreu uma intoxicação momentanea quando ainda liderava o torneio. De qualquer maneira acabou o torneio desclassificada porque tomou Mercepton, mas manteve a incrivel produçãode 28 KG por ordenha durante o torneio. Claro que para nós ela foi a grande campeã.

Concluindo, a minha experiência diz algo parecido com o que você diz e todos sabemos: a raça holandesa é a mais leiteira do mundo, mas para o nosso Brasilsão, nada como um bom cruzamento com Gir leiteiro, orientado por um bom técnico e com semen de grandes reprodutores disponíveis em diversas centrais.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezado Marcello: Obrigado por sua participação. A vaca que mais se aproxima da ideal, tanto pelas características eminentemente leiteiras (e são estas as que nos interessam) quanto pela evolução que a genética se encontra em relação à mesma, é a da raça holandêsa. O importante é que todos nós tenhamos condições técnicas e financeiras para obter animais produtivos e capacitados sanitariamente para tanto e, não, nos limitarmos a criar animais de menor potencial.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2009

Prezado Franco Ottávio Vironda Gambin: Obrigado por sua participação. O problema do Projeto Balde Cheio é justamente este - "tornar o produtor um pouco mais ideal" - ao invés de torná-lo realmente um profissional, eficiente em todos os aspectos. Tratar os animais com carinho, respeito e dedicação não é evolução, mas, sim, obrigação.
Um abraço,


GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
FRANCO OTTAVIO VIRONDA GAMBIN

JAMBEIRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/10/2009

Já que buscamos a vaca ideal, que tal a busca do produtor ideal! O Balde Cheio na pessoa do Artur e colegas busca tornar o produtor um pouco mais ideal no ponto de vista da vaca (a trata melhor, planeja, aprende, divulga as pesquisas de outros etc etc etc....)
Não creio que exista a vaca ideal, mas sim o duo mais afinado ao meio onde vivem com o objetivo final de tornar suas vidas melhores.
HELVECIO OLIVEIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/10/2009

Como disse Guilherme, maus técnicos denigrem o sistema de leite a pasto quando o indicam sem as ressalvas da complementação necessária quando do deficit da quantidade e qualidade da forragem; fazem-no também quando o criticam sem estudarem suficientemente seus princípios. Vacas mestiças bem manejadas produzem leite por 10 meses sim. Em minha tese, analisei cerca de 11000 lactações de F1 sendo quase a metade delas acima de 4000 kg, em sistemas com acompanhamento técnico. Temos várias análises de pastagens adubadas com teor nutricional para suportar mais de 15 kg de leite; vacas que produzem mais devem receber suplementação com concentrado. Quanto aos duzentos anos, uma visão pode enxergar como senilidade, outra como aprendizado - prefiro as últimas. Portanto a cada qual o seu ponto de vista. Minhas afirmações são diferentes das suas, os sistemas confinados, exergo-os como opções, o que não tem nada a ver com soluções. Os mesmos subjugam-se na dependência da estabilidade da moeda e da política econômica, acaso você já deve ter ouvido falar de subsídio - pra suicídiuo mudam poucas letras - tema recurrente onde os mesmos imperam.

Quanto aos trabalhos de Chinellato, vejo-os como uma importantíssima oportunidade promovendo a integração social, gerando sobrevivência em sobreposição à subsistência que é o limbo da sub existência.

Quanto à vaca ideal, para mim é a que permite maior renda líquida, difícil de acontecer, não impossível, com a raça Holandesa - já amar a raça, subtraio do dito popular que "o amor é cego" e, em terra de cego...

Sem mais delongas, forte abraço.
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/10/2009

Prezado Guilherme

Parabens pelo artigo provocador de uma discussão do que seria a vaca perfeita.

Concordo que vaca perfeita seria aquela que tivesse as características que José Humberto colocou na sua carta, mas, infelizmente para nós produtores, a seleção genéctica não conseguiu produzir um animal assim.

Na realidade o temos disponíveis são vacas normais, que podem produzir leite em função de seu potencial genético, das condições nutricionais e ambientais a que são submetidas, e os produtores devem escolher suas vacas de acordo sua capacidade de maneja-las. Uma vaca de elevado potencial leiteiro submetida a um manejo inadequado pelas limitações do produtor é desastre na certa. A medida que a capacidade do produtor aumenta ele pode manejar vacas de maior potencial leiteiro e assim evoluir com segurança na sua atividade.

Mas sobre a busca da vaca perfeita você, na sua resposta à carta do André Luis, faz duas colocações, que no meu modo de ver são efetivamente esclarecedoras do que seria a vaca perfeita:

1) "Os fatores limitantes não pertencem à vaca como produtora de leite, mas ao homem que não sabe maneja-la corretamente, sendo de somenos a importância da raça a que ela pertença".

2) "Todavia, como eu mesmo conclui, a vaca perfeita é a que podemos ter e a que nos conduza ao caminho de produzir mais por menos".

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho
GEORGE PASTOR RAMOS

JAGUAQUARA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/10/2009

Caro Guilherme,

Realmente, a produção de leite não é fácil. Só para ilustrar, vou relatar trechos de um diagnóstico da pecuária, extraído de um livro escrito por Landulpho Alves, eminente técnico do Ministério da Agricultura, meu conterrâneo, à epoca, por volta de 1937, sobre a problemática da produção de leite. Depois vou fechar minha participação nesta bela discussão. Realmente o Sr fala com firmeza sobre a problemática, de modo a despertar todos, a estimular a todos , os envolvidos, no sentido de que há muito a fazer. Para mim este foi o principal ponto do seu artigo.

Landulpho Alves dizia: "a pecuária de leite vive de problemas diversos. Na área técnica, não recebe os apoios necessários; na área financeira, os preços são aviltantes e os intermediários sempre manipulando e auferindo uma fatia desproporcional aos seus esforços; os produtores sem infra estrutura, desinformados e descapitalizados; consequentemente os resultados da atividade são infimos, para os quase 2 milhões de produtores de leite" Estas idéias foram obtidas de um livro sobre produção de Silagem, escrito por este eminente Baiano. Acho que não mudou muito para hoje, guardando as devidas proporções, mas na essência não mudou.

Para finalizar, nunca é demais esquecer, que o GOVERNO manipula políticamente o leite. QUAL A PRIORIDADE DO GOVERNO: LEITE BARATO. Os 2 milhões de produtores que se danem; há muitos produtores, se milhares morrerem, ainda há centenas de milhares. De modo que se não nos organizarmos para boicotá-los também, vamos ficar eternamente reclamando do Governo e da Indústria. Temos que seguir alguns exemplos de movimentos diversos, de modo a mostrarmos nossa força. Precisamos investir na bancada Ruralista, por exemplo.

Foi um prazer trocar estas idéias contigo.

Atenciosamente,

George Pastor
GEORGE PASTOR RAMOS

JAGUAQUARA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/10/2009

Caro Guilherme,

Continuo ,abaixo, a minha participaçao neste bate papo. Estava falando da questão da Homeotermia animal. Como quase tudo na Agropecuária, no meu modo de ver, precisa de uma grande evolução nos conhecimentos técnicos e científicos. Esta é uma deficiência a nível Mundial. Depois que as cidades começaram a crescer e o êxodo rural evoluiu, os governos mudaram suas prioridades para as infra extruturas diversas das cidades, além de educação, saúde, etc , e deixaram o campo de lado. Logo, os assuntos mais complexos, que são o do VIVO, deixaram de lado, consequentemente, nós, que temos que lidar com ele, arcamos com os respecetivos custos . Portanto, clima e a respectiva homeotermia não são estudados na medida que sua importância exige. Mas mesmo assim, podemos dizer alguma coisa.

Nasci e me criei vendo vacas e ainda hoje vejo-as diariamente. Mas ainda continuo intrigando como que elas , no sol a Pino, ficam numa tranquilidade fantástica. Claro que estou falando de vaca Nelore. Todavia, efetivamente, foi nela que a natureza cunhou toda uma tecnologia de controle da temperatura. A fonte esta aí, para pesquisas - e também para os cruzamentos , etc.

Acho que , genéticamente, não é fácil, manipular-se os genes responsáveis pela dissipação do calor - glandulas, etc - sem comprometer outras caracterísicas, já que só temos cerca de 20 pares de cromossomos, para milhares de genes. Todavia, acho que podemos desenvolver tecnologias na área das instalações e manejo, de modo a minimizar bastante as influências do clima na produção, reprodução e sanidade do animal. Como o animal não dorme e ele precisa de comer cerca de 8 horas por dia e ruminar outras 8 horas, pode-se alterar a programação do animal, aliado às instalações, de modo a miinizar-se os efeitos do clima, de acordo com cada estação. Sei que já se faz isso, mas o assunto é pouco explorado. Eu não sabia que a vaca não dormia! Por quê? Não é importante saber-se isso, já que não temos Tigres por aqui e outros predadores, que determinaram toda uma grande mudança comportamental e fisiológica para ela, vaca , competir com a questão da segurança. Tenho pesquisado a literatura deste assunto e considero-a precária! Não é muito fácil mexer-se com a ordem de parição, por conta do clima. O stresse climático altera as defesas, conversão, ingestão de matérica seca, etc. É complexo o tema, para mim...

As vacas HOLANDESAS e as vacas GIR, ambas adaptadas aqui, por conta de trabalhos de muitos abnegados como o Sr. JÁ SÃO UMA ESPECIE DE PATRIMÔNIO NACIONAL. De maneira que temos que desenvolver tecnologias de aproveitamento das respectivas virtudes. Já fizemos muito, mas ainda é muito pouco diante da complexidade do probLema. Mas acho que uma hora dessas vamos acertar numa tecnologia dos cruzamentos. Para mim, a última novidade é a utilização de reprodutores provados 3/4, representantes das melhores genéticas do Holandês e do Gir, nos cruzamentos, QUANDO CONCILIARÍAMOS PRODUÇÃO E FUNCIONALIDADE.
Obrigado
GEORGE PASTOR RAMOS

JAGUAQUARA - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/10/2009

Caro Guilherme,
É muito bom todos nós, pessoas comprometidas social e econômicamente com a atividade, colocarmos nossos pontos de vista sobre os vários aspectos dela. Portanto, aproveito a oportunidade para, também, participar da discussão. Vou tentar, primeiro, delimitar alguns aspectos, para depois desenvolver algumas apreciações.

Vou tentar organizar o enfrentamento da problemática. Primeiro ponto é o se desenvolver uma metodologia de pensamento da atividade, do pondo de vista técnico, econômico e financeiro; depois focar mais nos temas clássicos das fisiologias - seria a parte teórica da discussão - gerais e especificas (reprodução, lactação, clima, nutrição, etc); posteriormente discutir-se as tecnologias sobre os respectivos temas. Para isso seria necessário a presença de especialistas, tanto para a parte teórica, quanto para a parte técnica.

De certa forma o MILKPOINT vem fazendo isso. Aqui é apenas mais um estímulo para ele melhorar e organizar mais a discussão. A seguir alguns dos meus singelos pontos de vista.

Curva de lacatação. Tema muito importante e pouco trabalhado. A curva influencia a parte econômica e fisiológica da atividade. Imagine-se produzir-se 9000 Kg em um único dia, por redução absurdo. A curva determina todo o funcionamento produtivo e reprodutivo da vaca. A vaca não foi projetada pela natureza para produzir leite como uma fábrica; após a fecundação ela reprograma suas atividades, priorizando mais o feto, logo é necessário todo um melhoramento nos genes responsáveis por esta mudandança, sobretudo aqueles ligados aos respectivos hormonios, de modo redirigir-se as atividades da mesma; mas não é fácil não, porque são muitos e é dificil dispô-los todos no genoma de modo que possam ser transmitidos constantemente - como posiciioná-los de forma estragégica nos cromossomos , de forma que possam ser transmitidos(este é um dilema de todo o melhoramento genético) ?. Bem, este é um dos grandes trabalhos da atividadade. Ora a curva mexe com toda a nossa programação alimentar dos animais, portanto deveras importante. Ou seja, a questão da disponibilidade dos alimentos no tempo e locais corretos, não é o grande problema, já que estamos inseridos em toda a imponderabilidade dos fatores ambientais e economico diversos? De modo que se não dispusermos de toda uma estratégia de fontes alimentares - sobretudo de produção própria - não viabilizamo a atividade, já que a comida compreende cerca de 60% dos custos.Então curva de lactação é um tema que puxa muitos outros e é muito importante nos aprofundarmos nele.
Clima é outro tema pouco explorado. Conhecemos aquelas máximas de que em Israel o gado Holandês produz bem, nos galpões refrigerados! Coloca-se, por outro lado , que a nossa vaca Gir aguenta firme as agruras do clima. Qualquer ser vivo usa a evaporação da água como principal meio de manter a temperatura interna num determinado patamar - 36 C.
Acabou espaço. Posteriormente continuarei.

Obrigado pela oportunidade.

George Pasto
ANA PAULA BARBOSA PRADO

PERDIZES - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/10/2009

Caro SR. Guilherme,
Concordo com o senhor quando diz que a raça holandesa é a que tem maior potencial para produzir leite.
Mas existe uma diferença entre potencial leiteiro e raça ideal para produção de leite, princilpalmente em um país onde "as realidades das propriedades rurais sejam tão múltiplas".
Considero ideal a raça ou sistema que apresentar maior lucratividade para o produtor porque produzir leite é uma atividade que exige dedicação e paixão como qualquer outra, mas que não sobrevive com erros tanto tempo como outras atividades podem sobreviver.
E alta produção por vaca não é sinônimo de lucro.
Para se obter lucro é preciso aumentar a diferença entre a renda e o custo de produção, não importando qual seja a estratégia para isso, pode ser que em determinada fazenda a melhor maneira é diminuindo custos mesmo que para isso precise diminuir também a produção.
Acredito que cabe a cada produtor, com devida assistência, decidir qual é a raça e sistema ideais para sua fazenda.
Quanto às raças de "dupla aptidão" que o senhor mencionou, acho que os tempos atuais não nos permitem usar esse termo, os selecionadores e melhoradores de raças, como a gir, por exemplo, fizeram um trabalho que nos permite definir uma linhagem dessa raça como leiteira, e, nós sabemos que ainda há espaço para esse tipo de gado ser melhorado e a tendência é que isso aconteça de maneira cada fez mais rápida e difundida.

Atenciosamente,
Ana Paula.
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2009

Prezada Ivana Patrícia Elói de Souza: Obrigado por sua participação. Não tenho a pretensão de saber mais que ninguém, afinal de contas, nem técnico na área da pecuária eu sou. Mas, acredito que as inúmeras cartas apoiando minhas palavras - algumas de grandes pesquisadores e pessoas que militam há anos no setor - como o Dr. Mário Sérgio Zoni e tantos outros - são respaldo suficiente para que minhas palavras sejam, pelo menos, respeitadas.

Lado outro, estamos numa democracia e as ilações de cada um merecem ser escutadas, desde que fulcradas em aspectos mais consistentes que a mera e vazia crítica. Convença-me do erro de minhas assertivas e mudarei meu pensamento.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
EDUARDO COGO ABIB

OUTRO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/10/2009

Parabens senhor Guilherme pelo artigo, o mais engraçado de tudo isso, é que se for dar uma olhada nas edições passada da Globo Rural, vai ver que os mesmos tecnicos que defendiam os sistema de confinamento, são os que hoje defendem o pastejo e criticam o primeiro. Como podemos confiar, se a cada 5 ou 10 anos no maximo a opinião dos tecnicos mudam?

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