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Comunidade MilkPoint: conheça a trajetória de uma produtora Top 100

POR STEPHANIE ALVES GONSALES

ESPAÇO ABERTO

EM 16/04/2024

8 MIN DE LEITURA

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O espaço de “Comunidade MilkPoint” é destinado a conhecer melhor a rede de pessoas ligadas ao MilkPoint, seja produtor, técnico, colunista, atuante do setor leiteiro ou usuário do site.

Se você quiser compartilhar sua trajetória no leite, já fica o convite para contar um pouco da sua história e aparecer por aqui!

Sem mais delongas, é com imenso prazer que contaremos um pouco da trajetória de Fernanda Bacelar, produtora de leite que integra a lista dos 100 maiores produtores de leite do país, o Levantamento Top 100.

Quem é Fernanda Bacelar? Uma breve descrição pessoal / profissional

Eu sou uma publicitária que, depois de 15 anos de atuação na área de Marketing, decidiu virar produtora de leite.

Acredito que precisamos abrir mão de algumas coisas boas, para outras melhores possam vir. E foi assim que eu consegui me reinventar e pensar em um novo propósito para minha vida, que tem na produção de leite, uma grande missão.

Moro no Paraná, e me divido entre as cidades de Curitiba (onde moro com minha família) e Arapoti (onde trabalho na leiteria).

Sou mãe do Lucas (8 anos), da Sofia (6 anos) e esposa do Ricardo.

Adoro animais e, além do meu rebanho de vacas, tenho também cachorros e coelhos. Curto muito poder ficar com minha família, seja viajando ou desfrutando de um tempo de qualidade com eles. Também adoro degustar vinhos e fazer esportes.

Fernanda e seus filhos

Como começou sua história com a pecuária leiteira? Quem está com você nessa jornada?

Eu entrei no mundo do leite sem saber ao certo os grandes desafios que me esperavam. E credito a esse desconhecimento, a coragem para entrar nessa atividade e iniciar um projeto do zero. Com a cabeça e conhecimento de hoje, talvez as escolhas fossem diferentes.

Mas eu sou movida a propósitos e desafios. E vi neste projeto, a oportunidade de investir em um negócio próprio, de longo prazo e que deixaria um legado para a nossa família. Além de poder produzir um alimento tão nobre quanto o leite, que está presente na casa de quase todas as famílias do país.

A minha história com o leite começou há 9 anos atrás, na cidade de Arapoti, no Paraná. Meus avós paternos tinham uma propriedade rural, que estava arrendada exclusivamente para agricultura. No ano de 2015, com o falecimento dos meus avós, meu pai assumiu a gestão da agricultura na propriedade. Meu pai é médico e mora em uma cidade distante 500km de Arapoti. Mas, mesmo com a distância, começou a conduzir as safras da agricultura, assumindo o controle e gestão da fazenda. Ao conviver mais na região, que é um dos principais polos leiteiros do Brasil, partiu dele a ideia de eu montar a leiteria e ele conduzir, em paralelo, a agricultura. Desta forma, estaríamos investindo no patrimônio da família, diversificando os negócios e deixando um legado para as próximas gerações. E foi assim que tudo começou.

Hoje, 9 anos após o início das atividades, estamos com 400 animais em lactação, 15.000 litros de leite por dia, 900 animais no rebanho e somos reconhecidos como uma das leiterias com melhor qualidade do leite no Paraná (segundo premiações da cooperativa Capal e Associação Paranaense de Gado Holandês).

Fernanda com suas vacas no freestall

Como enxerga a atividade leiteira no país hoje

A gestão da atividade leiteira, por si só, já é muito complexa. Temos muitas variáveis que impactam diretamente nosso negócio, como as climáticas, sanitárias, variações cambiais, de consumo e renda, além das questões de preço do leite e importações. Isso são os fatores externos. E se pensarmos nos fatores intrínsecos a cada propriedade, temos diferentes tipos de produtor, de manejo, de formação técnica e nível de gestão. E isso tudo faz com que nossa cadeia leiteira seja muito heterogênea.

O fato de não podermos proteger nossa margem, como acontece com indústrias de bens de consumo, faz com que a operação fique ainda mais arriscada e delicada. E é aí que entra a necessidade de uma gestão bem afinada, com foco em eficiência e produtividade.

Somos o terceiro MAIOR produtor de leite do mundo e, ainda sim, sofremos com alto volume de importações.

Nesse sentido, creio que temos uma incrível oportunidade de desenvolvimento em nossa cadeia, para que sejamos mais eficientes e competitivos, a ponto de passarmos de importador a exportador de leite e derivados. O desafio não é fácil, porém é muito necessário, se quisermos nos destacar, e não apenas sobreviver no mercado.

É preciso elevar e padronizar a qualidade do leite do país, com melhores indicadores de CCS, CBT e sólidos. Respeitar as regras de sanidade dos rebanhos e buscar a eficiência na operação. Tanto pequenos quanto grandes produtores devem planilhar todos os seus gastos e indicadores da operação, buscando minimizar os desperdícios e investir de forma mais assertiva. Cooperativas e equipes técnicas devem estar mais perto dos produtores, para disseminar conhecimento e compartilhar boas práticas.

Independentemente do tamanho do produtor, a gestão do negócio precisa ser mais profissional. Só assim teremos um produto final padronizado e mais eficiência nas operações.

O que mais te motiva/atrai a estar na pecuária leiteira?

Eu tenho muito orgulho em produzir um alimento tão importante e que traz tantos benefícios para a saúde das pessoas. Esse é o meu propósito, “trabalhar para produzir um alimento de qualidade, respeitando os animais, o meio ambiente e gerando resultados duradouros”.

Trabalhar perto dos animais e em contato com a natureza, é realmente um grande privilégio. E poder proporcionar isso aos meus filhos, fazendo com que cresçam dando valor a terra, a origem dos alimentos, não tem preço.

Filhos da Fernanda Bacelar

Quais os principais gaps no setor hoje e como podem ser resolvidos?

Acredito que temos três grandes pontos para poder focar, se quisermos realmente ter um setor diferente daqui alguns anos. É preciso “priorizar os problemas”, pois quem quer resolver tudo, não resolve nada.

  1. Qualidade do leite é dever do produtor. Precisamos entregar um produto de qualidade, com baixo CCS, CBT e alto teor de sólidos para sermos melhor remunerados e termos oportunidade de exportar futuramente nosso leite e derivados. Por outro lado, o mercado precisa remunerar à altura quem entrega um produto diferenciado.
     
  2. Crise com importação excessiva e predatória. Muito já se discutiu sobre isso, porém, é emergencial que mais ações sejam tomadas de forma a regular o mercado com preços mais justos ao produtor.
     
  3. Crise de imagem e reputação da cadeia láctea. É necessário que o setor como um todo tenha proatividade na comunicação da sua verdade, trazendo para conhecimento de todos o bem estar animal nas fazendas, as boas práticas sustentáveis, os benefícios do leite, entre outros temas que precisam extrapolar as fronteiras das fazendas.

Como você acredita que o setor estará no curto (5 anos) prazo?

Creio que em 5 anos não teremos muitos avanços estruturais no setor. Continuaremos a ver um número menor de produtores na atividade, mas o volume de leite captado se manterá, em virtude do aumento de escala dos produtores que focarem em eficiência e produtividade.

Para o médio (10 anos) e longo (30 anos) prazo você enxerga uma mudança muito grande? Quais são suas perspectivas?

Pergunta difícil essa. Mas eu espero que tenhamos avançado na estruturação de uma estratégia de comunicação que invista em uma imagem positiva para o setor. Que a gente tenha espaço e voz para combater as inverdades que falam sobre a produção leiteira e o agro em geral.

O agro é responsável por 1/3 do PIB do Brasil, 1/3 dos empregos gerados no país e responsável por 50% do que o Brasil exporta. Não é possível que a gente tenha nossa voz silenciada e nossa contribuição desmerecida por pessoas que pouco sabem da atividade.

Se investirmos desde já em uma estratégia conjunta de comunicação, talvez em 10 ou 30 anos, tenhamos uma imagem do agro mais condizente com a realidade.

Como é ser mulher no setor leiteiro?

O mercado de trabalho precisa de pessoas competentes à frente da gestão das empresas, não importa se homem ou mulher. Porém, de fato, o que víamos no agro eram os homens à frente do negócio e as mulheres em posições de apoio, administrativas, sem tanto protagonismo.

De uns anos para cá, temos visto cada vez mais mulheres assumindo a gestão dos negócios, além de técnicas agrárias, veterinárias e zootecnistas atuando no campo representando empresas nacionais, multinacionais e cooperativas. Todas essas mulheres trazem para o agro características que são inerentes à figura feminina, como o diálogo, a atenção aos detalhes, foco na gestão e articulação com vários setores.

Nosso setor como um todo tem muito a ganhar com mais mulheres à frente dos negócios, ainda mais nesses momentos desafiadores em que precisamos ter mais eficiência, produtividade e articulação com diversos segmentos e mercado consumidor. Vejo que essas características femininas empregadas na gestão do agro tendem a nos favorecer muito como setor daqui pra frente.

Fernanda Bacelar?-?Gestora de negócios na Bacelar Agroleite

 Dica de sucesso ou frase preferida:

“A VIDA MUDA NA PROPORÇÃO DA SUA CORAGEM.”

De coração, espero que sejamos corajosos para fazer as mudanças e transformações que nosso setor necessita e que nos colocarão em um patamar mais competitivo daqui alguns anos.

Quais os serviços do MilkPoint você utiliza mais, e como o site lhe auxilia no dia-a-dia?

Desde quando eu estava apenas desenhando o projeto da minha leiteria, eu comecei a fazer cursos na plataforma do Milkpoint (Educapoint) para entender mais da atividade.

Hoje em dia, sou uma leitora assídua de todo o conteúdo do site, que me traz informações diárias sobre o setor, me ajuda na tomada de decisões e a me manter atualizada sobre os movimentos do mercado.

Também participo dos eventos promovidos pelo grupo, que são uma excelente oportunidade de ampliar o conhecimento e fazer networking com os colegas envolvidos no setor.

Qual mensagem você gostaria de deixar para outros produtores?

Que a gente possa unir forças e conhecimento para poder passar por esse momento tão desafiador do setor. Espero que em breve estejamos comemorando melhores preços pago ao produtor e planejando os próximos investimentos, porque o agro não para!

 

Fotos e informações cedidas por Fernanda Bacelar à equipe MilkPoint.

STEPHANIE ALVES GONSALES

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá e pós-graduada em Gestão do Agronegócio. Integrante da Equipe de Conteúdo do MilkPoint.

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