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Valor nutritivo de silagem de milho e de capim quando oferecidas exclusivamente ou combinadas

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 29/08/2003

4 MIN DE LEITURA

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Luiz Gustavo Nussio1 e Carla Maris Bittar Nussio2

É comum observar a produção de silagem milho obtida de plantas colhidas em diferentes estádios de maturidade fisiológica. Silagens com baixo teor de amido resultam em menores taxas de ganho de peso em bovinos de corte que aquelas observadas com silagem de capim de alto valor nutritivo (O´Kiely & Moloney, 1995).; enquanto silagens contendo elevado teor de amido resultam em desempenho superior em bovinos de leite (Fitzgerald et al., 1998). A associação da silagem de milho e de capim resultou em maior produção de leite que aquela obtida exclusivamente com o fornecimento de silagem de milho (Fitzgerald et al., 1998). O trabalho descrito a seguir quantificou o valor nutritivo de três silagens de milho quando oferecidas para novilhos de corte como forragem exclusiva ou em associação com silagem de milho, sendo os tratamentos comparados com silagem de capim de alta qualidade oferecida como única fonte de forragem.

Material e Métodos

Milho para produção de silagem foi estabelecido em três glebas individuais, sendo a semeadura escalonada: 18/04 (M1); 21/04 (M2); e 14/05 (M3) em uma fazenda comercial na Irlanda. O material foi colhido com equipamento de corte direto (20cm altura) e picagem de precisão com processamento físico de grãos. Plantas de milho representativas foram decompostas em suas estruturas morfológicas. A silagem de capim (C) também foi produzida utilizando-se equipamento com picagem de precisão. Todos os materiais foram ensilados individualmente, sendo cobertos com duas camadas com lonas de polietileno em silos do tipo bunker. As silagens de milho e de capim foram armazenadas durante 188 e 342 dias, respectivamente, antes do início do fornecimento. Perdas de conservação foram estimadas no silo através da quantificação do total ensilado e do total retirado e também, através da técnica introdução de sacos permeáveis com massa conhecida. A estabilidade aeróbia foi mensurada durante 8 dias. Em delineamento de blocos ao acaso, 105 novilhas cruzadas Charolais foram alocadas em 7 tratamentos. As forragens fornecidas foram silagem de milho (3 silagens) ou silagem de capim como único volumoso; ou uma mistura 50:50 (base de MS) de cada silagem de milho com a silagem de capim. Os volumosos foram oferecidos individualmente para cada novilha, ad libitum, durante 170 dias. Diariamente, 3 kg de concentrado (polpa cítrica, cevada, farelo de soja, melaço, minerais e vitaminas) foram fornecidos para cada novilha, em duas refeições. A digestibilidade in vivo foi determinada em quatro ocasiões, utilizando-se 12 novilhos da raça Holandesa, com coleta total de fezes.

Resultados

A produtividade média de MS colhida atingiu 4,8; 4,6 e 5,1t/ha para M1, M2 e M3, respectivamente. Todas as glebas de milho apresentaram desenvolvimento agronômico satisfatório com boa participação de grãos, sendo as silagens de milho adequadamente preservadas e com alto valor nutritivo (Tabela 1).

As novilhas recebendo silagem de milho como única forragem apresentaram maiores (P<0,05) consumo de MS e taxa de ganho de peso (carcaça), quando comparadas àquelas recebendo silagem de capim (Tabela 2). Animais consumindo a mistura M1/C apresentaram maior (P<0,05) consumo, mas ganho de carcaça similar àquela observado em novilhas consumindo somente M1. Por outro lado, novilhas recebendo as outras misturas (M2/C e M3/C) apresentaram consumo semelhante a M2 e M3, mas atingiram menor (P<0,05) ganho de carcaça que aquelas consumindo M2 ou M3 como único volumoso. Entretanto, os ganhos de carcaça de M2/C e M3/C não foram diferentes daqueles observados exclusivamente com silagem de capim.

Houve tendência de melhor conversão de MS em ganho de carcaça para animais consumindo silagem de capim, sendo superior àquela obtida para silagem de milho como único volumoso e, ambas, mais eficientes que as observadas em misturas M/G.

Os maiores valores de digestibilidade in vivo da MS foram observados para a silagem de capim, havendo tendência de serem menores para dietas contendo silagem de milho como único volumoso.

A concentração de uréia plasmática foi superior para novilhas alimentadas com silagem de capim, e tendeu a ser menor para animais consumindo silagem de milho como único volumoso, quando comparada às misturas M/C.

Tabela 1. Características de conservação e composição de material fresco e silagem de milho e capim.

 


Tabela 2. Consumo, digestibilidade in vivo, ganho de peso e eficiência alimentar de novilhas consumindo silagem de milho, silagem de capim ou a mistura destas forragens.

 


Conclusão

As silagens de milho apresentaram valor nutritivo maior que o da silagem de capim. Aumentos significativos na produção animal não ocorreram com o oferecimento da associação das silagens de milho e de capim.

Referência

Fitzgerald, J.J. et al. (1998). End of project report - 4184, Teagasc, Moorepark, 23p.
O´Kiely, P. & Moloney, A.P. 1995. Irish Journal of Agriculture and Food Research, 34:76.
O´Kiely, P.; Moloney, A.; O´Riordan, E. G. Reducing the cost of beef production by increasing silage intake. End of Project Report. Beef Production Series no. 51, Grange Research Centre, December, 2002.
_______________________________
1Prof. Dr. Depto. Zootecnia - ESALQ/USP
2Pesquisadora Embrapa Pecuária Sudeste

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ELIANE S. MENDES

LORENA - SÃO PAULO

EM 26/07/2012

Eu comprava esta silagem de milho e capim para meus bezerros tive que tirar pq dava diarreia neles. E hoje tenho um unico bezerro com 6 meses e tambem tem diarreia se der para ele. Entao passei a oferecer a ele capim proteinado com fuba e purina. Mesmo assim ele nao cresce e nao engorda pesa hoje 30k e deveria pesar mais de 100k. Mas nós o amamos, ele é meu menino. Vendi todos menos ele e a Bezerra.
GERALDO BALIEIRO NETO

RIBEIRÃO PRETO - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 22/05/2004

Observando a tabela, o M1 colhido em estágio mais avançado tem mais amido e M2 mais amido que o M3. Este resultado está dentro do esperado, porém os teores de FDN e FDA foram menores para o M1 (mais amido), o que imaginei ter ocorrido deivdo a um efeito de diluição da fibra com a maior participação de grãos. Só que observando a proporção entre as partes vegetativa e reprodutiva na mesma tabela observa-se que a proporção entre grãos e espiga e restante é a mesma, portanto não saberia explicar o menor FDN e FDA, já que esta proporção igual descarta a possibilidade de ser explicado devido ao efeito de diluição com maior participação de grãos. Este efeito poderia ser esclarecido com análise apenas da parte vegetativa onde o FDA e FDN seriam maiores para colheitas em estágios mais avançados devido a translocação de carboidratos solúveis do colmo para síntese de amido e formação dos grãos. Observe que para M1, grão mais sabugo representou 65% da matéria seca, igual a M2 e 63% para M3, isto mostra um crescimento proporcional entre as partes da planta nos diferentes estágios de colheita sendo, portanto, incoerente com a idéia de diluição da FDN e FDA devido ao maior amido. O que talvez possa explicar é o fato das plantas terem sido cultivadas na Irlanda e sabemos que o clima tropical aumenta a lignificação da parte vegetativa.

<b>Resposta do autor:</b>Caro Sr. Geraldo Balieiro Neto,

Com respeito à sua carta enviada, em anexo, ao Radar Técnico Conservação de Forragens, o Sr. está certo nas suas observações. Entretanto, vale destacar que com o aumento do grau de maturidade e conseqüente aumento no teor de amido (enchimento dos grãos), houve redução nos teores de outros nutrientes mais solúveis (no caso PB e cinzas), mostrando a rota metabólica de partição de nutrientes antagônica entre o amido e outros nutrientes do conteúdo celular. Isso é explicado pelo efeito de diluição (contribuição percentual), que o Sr. mesmo mencionou na questão com respeito às frações da fibra (FDN e FDA). Mas como essas frações (FDN e FDA) têm origem celular metabólica diferente das outras mais solúveis (amido, PB e cinzas) não é possível responder na totalidade a variação no teor dos nutrientes. A verificação de maior teor de amido e menor de PB, e vice-versa é comum em plantas de milho com recomendações sendo feitas (e aqui não vamos entrar no mérito dessa questão) de colheita das plantas em estádios de maturidade mais jovens para maior teor de PB, ainda que o teor de amido não seja tão satisfatório. Apesar das frações FDN e FDA terem os valores diminuídos com o avanço na maturidade, a qualidade desse FDN e FDA pode ter sido prejudicada, possivelmente possa ter ocorrido queda na digestibilidade desses nutrientes, o que não foi possível destacar no artigo. O Sr. também está correto ao afirmar com respeito às variações climáticas ocorridas e seus efeitos na composição química e física das plantas, contudo as variações químicas (e isso é mais efetivo em milho, uma espécie mais domesticada) são cultivares-dependentes. Muito grato pela ótima questão apresentada e continuo à disposição para eventuais dúvidas.

Lucas Mari

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