Nos últimos anos notamos claramente que a produção de forragens para comercialização vem ganhando força. Apesar de não termos dados “oficiais”, basta andarmos por aí para encontramos produtores de feno, pré-secado, silagem de milho e até dietas prontas (TMR). São produtores de diferentes perfis: grandes, pequenos, com diferentes níveis tecnológicos e de profissionalização do negócio. Atendem também diferentes mercados, desde corte, leite e de equinos.
Não vamos avaliar aqui se vale a pena ou não comprar forragem pronta. Esse assunto não é menos importante, mas fica para uma outra ocasião.
Vamos falar aqui sobre a forma de precificar a forragem que vem sendo comercializada, especificamente sobre o pré-secado. Na grande maioria das vezes o preço é definido em R$ por “bola”. E aí, fica a pergunta: “Pode isso Arnaldo?”. Seria a melhor forma de precificar um material como esse?
O primeiro aspecto que temos de avaliar seria o peso da bola. Sabidamente existem diferenças no mercado e variações de 300 a 450 kg são facilmente encontradas. Saída? Definir o valor por quilo de forragem (R$/kg)? Dessa forma já eliminamos o fator “peso da bola”, mas resolve?
Vamos para o segundo aspecto, e para isso façamos a seguinte reflexão: Qual o principal componente do pré-secado? Fibra? Carboidratos? Proteína? Não! Na maioria das vezes o componente que predomina é a água. Se olharmos o banco de dados da ESALQLab, notamos que mais de 80% dos pré-secados analisados no ano de 2018, possuem teor de umidade (água) variando de 45 a 70%. Ou seja, teores de matéria seca (MS) de 30 a 55%. Então, temos de ter em mente que ao comprar uma bola estamos comprando alguns galões de água. Saída? Com o peso da bola, e com o teor de matéria seca (MS), poderíamos calcular quantos quilos de matéria seca temos por bola, e com isso, definir a precificação em R$/Kg de matéria seca. Afinal, ninguém está interessado na água do pré-secado, mas sim nos outros componentes. Esse já seria um grande avanço, em relação ao sistema atual.
Pode ficar melhor ainda? Sim. Por que não levar em consideração a qualidade nutricional do material? Por exemplo, uma medida é o NDT (nutrientes digestíveis totais) expresso em % da MS. Facilmente, temos materiais com NDT variando de 55 a 65%. Conhecendo quantos quilos de MS temos por bola, podemos calcular quantos quilos de NDT e por fim, estabelecer a precificação em R$/Kg NDT.
Pode parecer complicado, mas não é. Para facilitar essa análise, criamos uma planilha bem simples no Excel em que você poderá simular o que vale mais a pena. Veja exemplo abaixo, apesar do pré-secado 02 custar 10% a mais (R$/bola), e pesar 13% menos, o custo em R$/Kg MS é 12% menor. Por kg de NDT, chega a ser -19% mais barato.
OBS: faça o download em https://goo.gl/CjanLU
R$/bola, pode isso Arnaldo? Como diria nosso amigo, a regra é clara: “Faça a conta”.