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Qualidade de dezoito variedades de cana-de-açúcar como alimento para bovinos

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/09/2001

4 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 30/05/2023

José Roberto Peres

A cana-de-açúcar é um alimento utilizado em larga escala em nossa pecuária para suplementação de ruminantes no período de inverno. Ela se caracteriza por apresentar dois componentes em maior proporção: os açúcares e a fração fibrosa. O aproveitamento destas diferentes frações é bastante distinto; enquanto os açúcares são rapidamente fermentados no rúmen e facilmente aproveitados como fonte de energia pelo animal, sua fração fibrosa (FDN) caracteriza-se pela digestão bastante lenta, fator que comprovadamente limita o consumo e, consequentemente, a ingestão dos já mencionados açúcares solúveis, maiores responsáveis pelo fornecimento de energia para os bovinos.

Muitos pecuaristas não se dão conta que existem diferenças de qualidade entre as variedades de cana disponíveis para plantio. Estas diferenças podem ser bastante significativas no que se refere ao desempenho animal.

Partindo do princípio que o teor de fibras (FDN) limita o consumo e que o teor de açúcares é a fração de maior importância no fornecimento de energia para os bovinos, alguns pesquisadores sugerem que a relação FDN/açúcares seria um parâmetro importante na escolha de variedades de cana-de-açúcar. A relação deve ser baixa, ou seja, baixo conteúdo de FDN e alto conteúdo de açúcar. Utilizando estes conceitos, pesquisadores da EMBRAPA - São Carlos, avaliaram a qualidade de dezoito variedades de cana-de-açúcar como alimento para bovinos.

As dezoito variedades foram colhidas manualmente no campo. A primeira amostragem foi feita cerca de um ano após o plantio, no mês de maio e outras duas amostras foram colhidas respectivamente nos meses de agosto e outubro. No laboratório foram avaliados os teores de proteína bruta (PB); Fibra detergente neutro (FDN); digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS - determinada em laboratório em meios de cultura), além dos teores de sacarose (POL). Os resultados da FDN e POL e sua relação podem ser observados na tabela 1, juntamente à DIVMS nas diferentes épocas de amostragem e da identificação das variedades avaliadas.

Tabela 1: Resultados das diferentes variedades de cana-de-açúcar



A análise de variância apontou diferença significativa (P<0,01) entre as variedades para os teores de FDN, POL, sua relação (FDN/POL) e DIVMS. As variedades que apresentaram menor (P<0,01) teor de FDN foram a IAC 86-2480, IAC 87-3420, RB 83-5486, RB 84-5257 e SP 81-3250 (destacadas em amarelo na tabela). As com maiores quantidades de açúcares foram as variedades IAC 86-2210, IAC 86-2480, RB 72-454, RB 83-5486, SP 80-1816 e SP 80-3280 (destacadas em verde na tabela). "Cruzando" os dados, as variedades que apresentaram as melhores relações FDN/POL foram a IAC 86-2480 e RB 83-5486 (em azul na planilha); estas duas últimas também apresentaram os melhores valores em termos de digestibilidade in vitro da matéria seca, de certa forma comprovando a teoria de que o menor teor de FDN, associado a um maior teor de açúcares potencialmente permite melhor desempenho animal. É interessante notar que a DIVMS destas duas variedades que se destacaram também parecem ser mais constantes ao longo do tempo que as demais, característica importante neste tipo de alimento, que é colhido por período prolongado.

Apenas outras duas variedades apresentaram DIVMS superior a 60% nas épocas avaliadas, a IAC 87-3420 e a RB 84-5257, que também possuem menores teores de fibra, demonstrando a importância desta fração na digestibilidade da cana-de-açúcar. Os autores chamam atenção para o fato de que, em avaliações in vivo (com o uso de animais), os valores de digestibilidade geralmente são menores.

A diferença determinada nos teores de FDN, que chega a até 12,3 unidades percentuais, é de grande importância, considerando-se a capacidade limitada de ingestão de FDN pelos animais.

Baseando-se nas médias obtidas para a relação FDN/POL, os autores sugerem como sendo 3,02 o valor de referência, abaixo do qual variedades devam ser selecionadas para consumo de bovinos.

Como informação adicional, os teores de PB entre as variedades foram diferentes (P<0,01) tendo variado entre 1,40 e 2,08% (todos muito baixos). Os autores afirmam que este baixo teor protéico é característico da cana-de-açúcar e portanto não deve ser utilizado como critério de escolha de variedades para alimentação animal. Esta "limitação" requer correção, sendo que a forma mais simples é a adição de uma fonte de nitrogênio não protéico à dieta (p.ex. uréia).

Comentário MilkPoint: estes dados bastante interessantes alertam para a importância da correta escolha da variedade de cana-de-açúcar a ser plantada, especialmente se considerarmos que a cultura da cana só é renovada a cada 3-4 anos. A escolha de um material ruim compromete o desempenho dos animais por longo período. Uma recomendação "padrão" é que se procure utilizar as variedades de maior teor de açúcar existentes na região (mesmo tipo de cana selecionado para as usinas). Os dados mostram que esta informação isolada pode não ser adequada já que algumas variedades avaliadas apresentaram altos teores de açúcares associados a também altos teores de FDN, o que para a indústria do açúcar e do álcool pode não ser importante mas para o consumo animal têm papel limitante no consumo e conseqüentemente na ingestão de nutrientes e digestibilidade. Este tipo de informação precisa continuar a ser gerada e divulgada para que se possa melhor aproveitar este recurso forrageiro.

Na ocasião da escolha da variedade, logicamente que além destes parâmetros devem ser consideradas as características agronômicas da planta, que deve ser adaptada à região que se pretende implantá-la.


Fonte: RODRIGUES, A. A, et al. 2001. Qualidade de dezoito variedades de cana-de-açúcar como alimento para bovinos. In: Anais da 38a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Piracicaba - SP.

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RONALDO DE MORAES VILELA

EM 05/11/2018

Tenho 166 hectares. Intenção de fazer um pequeno canavial, ( 01 hectare). Como conseguir mudas dessa melhor para gafo bovino.
ANTONIO PEDRO S DE ARAUJO

RECIFE - PERNAMBUCO

EM 06/06/2018

A cana p/ produção de alcool combustivel é a mesma p/ produção de açucar?
ROSIMEIRE LOPES

ASTORGA - PARANÁ

EM 09/01/2017

Sou de Astorga noroeste do Paraná qual a melhor variedade de cana para dar para o gado tanto moída como jogada no pasto inteira
MARCO TULIO VIEIRA MENDONÇA

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/10/2016

boa tarde, estou em uma duvida para saber o que plantar em minha propriedade como fonte de alimento para a seca (capineira). Moro em Uberlândia Minas Gerais. O capim elefante seria uma boa? a cana-de-açucar seria uma boa? são as unicas opçoes que vejo como uma boa produção de massa de forragem... o capim elefante tem suas vantagens, te oferece 3 cortes anuais com fibra de boa digestibilidade, porém do outro lado a cana de açucar te oferece um corte anual mas ela traz consigo boa quantidade de sacarose, o que me faz repensar é a quantidade de lignina no perfilho, e a questão de proteina bruta eu consigo aliviar com nitrogenio na dieta dos meus animais.



afinal alguem especialista, pode me dar uma luz?

obrigado.





att, Marco
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/02/2013

Prezado Iraldo,



O IAC de Ribeirão Preto poderá lhe fornecer essa informação.



https://www.iac.sp.gov.br/areasdepesquisa/cana/centrocana.php?pg=atuacaocana



Atenciosamente



Rafael Amaral
IRALDO CEZAR GAVA CANELLA

COTIA - SÃO PAULO

EM 26/02/2013

Olá Srs. alguém saberia me dizer onde encontrar os variedades de cana de açucar RB-83-5486 e IAC-86-2480?
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/11/2011

Prezado Celestino,
Não existe a melhor cana para gado de corte. como bem disse o senhor Ramon, a variedade que melhor se adapta a uma determinada região é a que se recomenda plantar.
Procure próximo a você alguma usina que produz etanol ou açúcar. Com certeza a variedade que a mesma utiliza é a que se adaptou melhor ao ambiente.
Não se preocupe com relação a digestibilidade de FDN para a cana, o que ele mais tem de importante´são açúcares solúveis, variedades tidas como forrageiras não acrescentam em ganhos de qualidade de forragem comparadas as outras variedades.
Atenciosamente
Rafael & Thiago
CELESTINO LUZ BERTOLAZO

FOZ DO IGUAÇU - PARANÁ - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 23/11/2011

Sr. Ramon, gostei da sua posição sobre essa cana IAC86-2480, me livrou de uma fria. mas quero saber qual a melhor cana para gado de corte.



Resposta para o E:Mail clbertolazo@yahoo.com.br



Att



Celestino
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 14/10/2011

Amigo Moacir,





A melhor forma de iniciar um canavial, e no seu caso no RS, é visitar produtores que já utilizem uma cana adaptada para a sua região. Conversando com estes produtores você vai poder analisar a melhor variedade para você. Depois tente comprar alguns feixes de cana para fazer a cana-semente para iniciar o seu canavial.





Na minha concepção a melhor cana é aquela que está mais adaptada a região onde será plantada.





Um grande abraço


Ramon


MOACIR GHISIO

GUAÍBA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 14/10/2011

Prezados Senhores


Como faço para adquirir umas mudas de cana de açucar para alimentar gado?


Moro no RS e o nosso problema é no inverno.


Podem me ajudar?


Aguardo retorno
RAMON BENICIO LIMA DA SILVA

NITERÓI - RIO DE JANEIRO

EM 28/12/2010

Prezado José Roberto Peres,

Me perdoe por comentar o seu post somente agora, mas como estou trabalhando este assunto relacionado com a alimentação de vacas leiteiras e cana de açucar fiquei interessado nos parametros de análise levantados por você.

Uma primeira pergunta que faço. Existe alguma razão matemática para o uso da relação FDN/POL, uma vez que utilizando ambos os parametros em percentual pode não refletir a qualidade desejada da cana?

Uma outra consideração: Existe a necessidade de se introduzir a questão economica numa relação que possa indicar que uma variedade é interessante do ponto de vista economico.

Porque não se usa o percentual de carboidratos totais não estruturais como um parametro de avaliação?

Não seria mais lógico tentar estabelecer uma relação que utilizasse os parametros indexados em quilogramas em função da matéria seca?

Se for possivel gostaria da sua analise sobre minhas considerações no tópico "IAC 86-2480" no fórum técnico "Nutrição" iniciado pelo nosso amigo Marcelo Erthal.

Um grande abraço
Ramon Benicio



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