Há diversos estudos acerca da fantástica Moringa oleifera, também conhecida como a árvore da vida, que mostram o alto valor nutricional da moringa no que diz respeito às vitaminas, minerais e aminoácidos, além de seus benefícios medicinais, porém hoje discutiremos os benefícios na alimentação do bovino leiteiro.
Essa planta medicinal é altamente distribuída em vários países nos continentes asiático, africano e na América central. É uma planta multiuso, ou seja, toda a planta pode ser aproveitada (sementes, folhas, frutos e raízes) no âmbito industrial, medicinal, ornamental, para a população de baixa renda como alimento e para a alimentação de animais como fonte alternativa, além do seu uso para o tratamento de água. Por isso, ela tem chamado atenção de muitos produtores e pesquisadores (RANGEL, 1999; JESUS et al, 2012).
A Moringa possui propriedades nutricionais importantes, tendo em vista possuir conteúdo de proteínas, vitaminas e minerais significativos. Quando comparado à outros alimentos, essa planta apresenta nutrientes superiores aos alimentos convencionais utilizados na alimentação animal.
Quando falamos do teor proteico identificado nas suas folhas, são observadas variações entre 18 a 30% (MOYO et al., 2011). E constituindo estas proteínas são identificados cerca de 16 a 19 dos principais aminoácidos (MAKKAR; BECKER, 1996; SANCHEZ-MACHADO et al., 2010; MOYO et al., 2011). As folhas e caules da Moringa apresentam teores de matéria seca de 21,0 e 15,0%; e de proteína bruta de 23,0 e 9,0%, respectivamente; e uma digestibilidade média, para a planta inteira, de 44,0%, além de apresentar atividade antioxidante.
Importância da proteína na alimentação do bovino leiteiro
As proteínas são nutrientes orgânicos nitrogenados presentes em todas as células vivas, portanto, são essenciais à vida de todo animal. Todos os animais necessitam receber uma quantidade específica de proteína. Segundo Silva et al. (2008), as folhas de M. oleifera podem ser consideradas boa fonte de proteína e fibra, quando comparadas com outras fontes alimentares, podendo apresentar-se como uma alternativa de suplemento em preparações alimentícias a serem utilizadas pela população e pelos animais.
No que se refere à nutrição de ruminantes, as folhas e talos finos constituem fonte de proteína e de fibra de boa qualidade, que se transforma em energia no rúmen. Segundo Gutiérrez et al. (2012), a Moringa apresenta boa taxa de degradação no rúmen se convertendo em material de alto valor para alimentação bovina em sistemas localizados nos trópicos. As características nutricionais e socioeconômicas fazem da Moringa uma excelente opção para ser usada como forragem fresca para o gado.
Até o presente momento não existem estudos que indiquem restrições de utilização da Moringa na alimentação de bovinos, quer seja como forragem fresca, feno ou silagem. Segundo Rodriguez-Pérez et al. (2012) o uso de silagem de Moringa na alimentação de vacas leiteiras, substitui a dieta básica, sem interferir nas características organolépticas, bem como, na qualidade do leite produzido.
O feno da Moringa (triturado) é também uma fonte proteica viável na formulação de rações concentradas para vacas leiteiras e substitui com sucesso ingredientes, como o farelo de soja (MENDIETA-ARAICA et al., 2010).
Segundo PRICE (2000), os resultados mostram uma produção de leite superior nas vacas alimentadas com Moringa quando comparado as que não receberam o alimento (Tabela 1), assim o gado de engorde, que ao receber a mesma proporção, teve um aumento diário no ganho de peso. O gado que recebeu M. oleífera no tratamento, foi alimentado com 15-17kg da forragem fresca e os animais que não receberam a espécie vegetal no tratamento, foram alimentados a base de campo nativo.
Tabela 1.
Autores
Lívia Costa de Azevedo – Membra do grupo Doenças Parasitárias da Rural, farmacêutica pela Universidade Estadual da Zona Oeste (UEZO);
Matheus Lopes Ribeiro – Membro do grupo Doenças Parasitárias da Rural, graduando em Medicina Veterinária pela UFRRJ;
Argemiro Sanavria – Membro do grupo Doenças Parasitárias da Rural, Médico Veterinário pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Referências bibliográficas
GUTIÉRREZ, P., ROCHA, L., REYYES-SANCHES, N., PAREDES, V., MENDIETAARAICA, B. Tasas de degradaciónruminal de foliage de Moringa oleifera em vacas reyna usando la técnica em sacco. La Calera –Ciência Animal,v.12, n.18, p. 37- 44, 2012.
JESUS, A.; MARQUES, N. D. S.; SALVI, E.; TUYUTY, P. L. M.; PEREIRA, S. A. Cultivo da Moringa oleifera. Instituto Euvaldo Lodi–IEL/BA, 2013.
MAKKAR, H. P. S., BECKER, K., Nutrients and Antiquality Factors in Different Morpholofical Parts of the Moringaoleifera tree. Journal of Agricultural Science, v. 128, p.311-322, 1997.
MENDIETA-ARAICA, B., SPORNDLY, E., REYES-SÁNCHEZ, N., NORELL, L., SPORNDLY, R. 2009. Silage quality when Moringaoleifera is ensiled in mixtures with Elephant grass, sugar cane and molasses. Grass and Forage Science. 64.364-373
MOYO, B., MASIKA, P. J., HUGO, A. &MUCHENJE, V. (2013). Nutritional characterization ofMoringa (MoringaOleífera Lam.) leaves. African Journal of Biotechnology, 10, 12925-12933.
RANGEL, M.S.( 2007). Moringa oleifera: um purificador natural de água e complemento alimentar para o nordeste do Brasil. Disponível em:<www.jardimdeflores.com.br/floresefohas/a10moringa.htm>
RODRIGUEZ-PEREZ R. C., REYES-SANCHES, N., MENDIETA-ARAICAB.Comportamientoproductivo de vacas lecheras alimentadas com Moringa oleifera fresco o ensilado: efecto sobre producción, composicioón y características organolépticas de leche y queso. La Calera – Ciencia animal, v. 12, n. 18, p. 45-51, 2012
SILVA, J.C.; MARQUES, R.G.; TEIXEIRA, E.M.B. et al. Determinação da composição química das folhas de Moringa oleiferaLam. In: SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 1, 2008, Uberaba. Anais... Uberaba: CEFET,2008.