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Os benefícios da compactação na ensilagem

POR RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 31/10/2005

4 MIN DE LEITURA

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Na pecuária moderna o que chamávamos antigamente de fazenda, hoje denominamos de empresa rural. Portanto, até o nome sugere a necessidade de empenharmos esforços para o sucesso da atividade. O planejamento contínuo dentro da propriedade é de fundamental valor para a lucratividade de um dado sistema de produção, porém em muitos casos, detalhes são desapercebidos ou até mesmos ignorados, sendo que esses podem ser os protagonistas na decadência econômica da empresa.

Produzir silagem tornou-se uma necessidade para a pecuária nacional, por várias razões, dentre elas: escassez de alimentos no período de estiagem, excedente de produção de forragens, aumento do número de animais em confinamento. Dessa forma, o que necessitamos no momento é produzirmos silagem de qualidade, e essa qualidade provém dos fatores que compõem o processo de ensilagem. A abordagem no texto será direcionada ao fator compactação da massa ensilada.

A presença de oxigênio na massa de forragem é tida como fator indesejável na conservação do alimento, sendo a compactação a grande responsável pela minimização deste componente, levando à rápida criação de um ambiente anaeróbio, extremamente desejável para fermentação.

Dentre os fatores que interferem na densidade da forragem ensilada destacam-se o peso e a pressão aplicados na compactação, o tempo de compactação, a espessura da camada de forragem adicionada ao silo, a taxa de enchimento do silo, o teor de matéria seca do material e seu tamanho de partícula (Holmes & Muck, 1999).

Avaliando o manejo da produção de silagens de milho em fazendas no Estado de Nova York (EUA), Ruppel et al (1995) verificaram que o peso de compactação e o tempo utilizado com a mesma, dentre os parâmetros avaliados, foram os mais correlacionados com as variações nas densidades das silagens. Segundo os autores, o peso do equipamento deve ser de 40% do peso de forragem transportada por hora e a espessura da camada a ser colocada no silo deve estar entre 15-30 cm.

Holmes & Muck (1999) recomendam que o tempo de compactação deve ser de 1 a 4 minutos por tonelada de forragem ou 1 a 1,2 vezes o turno de colheita, ou seja, admitindo um período de serviço de 8 horas diária, o tempo necessário de compactação diário será de 8 a 10 horas, onde sobre este fato descartamos a hipótese de mantermos um tratorista e o respectivo trator ociosos aguardando nova carga de forragem (Figura 1).


Uma característica que não pode ser descartada para a otimização dos fatores acima mencionados é a constante verificação do grau de picagem da forragem (afiação das facas), seja ela o milho, o sorgo, a cana-de-açúcar ou o capim. Diminuindo o tamanho da partícula da forragem facilitamos ainda mais a compactação, o que reflete em benefícios ao processo fermentativo, devido ao fato de aumentarmos o contato entre microrganismos e substrato, além disso, a necessidade do espaço para a estocagem do alimento é reduzida.

Igarasi (2002) realizou um levantamento de índices técnicos associados à produção de silagens de capins tropicais, onde a densidade média das silagens de Panicum e Brachiaria verificadas foi de 142 kg MS.m-3, com amplitude entre 87 e 230 kg MS.m-3. Observou-se nesse levantamento de campo que 93% das amostras apresentaram densidade abaixo de 200 kg MS.m-3 e 21% abaixo de 100 kg MS.m-3, caracterizando valores de densidade inferiores aos recomendados por Holmes & Muck (1999), que citam o valor limite mínimo de 225 kg MS.m-3, para que a densidade não seja restrita na obtenção de uma silagem de qualidade satisfatória.

Uriarte-Archundia et al. (2002) pesquisando silagem de milho (32% MS) produzida sob três densidades (371, 531 e 692 Kg MV.m-3) observaram que após 150 dias de armazenamento o aumento na compactação provocou retração do pH, populações mais elevadas de bactérias ácido-láticas e menores ocorrências de fungos. Segundo os autores, a eliminação do ar através do aumento na compactação é uma importante ferramenta no controle de microrganismos indesejáveis durante a fermentação e após a exposição da silagem em ambiente aeróbio (sugestão: ler artigo Controle da deterioração aeróbia de silagens: parte 1).
Trabalhando com quatro densidades em silagens de capim-Marandu (310, 370, 430 e 490 kg MV.m-3), Amaral et al. (2005) observaram durante a fermentação que a silagem mais densa (490 kg MV.m-3) apresentou pH de 4,8 , diferentemente da menor densidade (310 kg MV.m-3) , a qual obteve um pH de 6,7 e perda de matéria seca 14% maior em relação a maior densidade.
Considerações finais

Há necessidade de focalizarmos a racionalidade da empresa rural, sua razão de ser e sua estratégia para que possa ser competitiva, desse modo, planejamento de atividades e o aperfeiçoamento na mão-de-obra é essencial.
Afiação das facas da colhedora, rápido enchimento do silo, peso e tempo de compactação adequado, são eficácias que não necessitam de grandes recursos financeiros, sendo na maioria das ocasiões necessário apenas papel e caneta.

Literatura consultada

Amaral, R.C.; BERNARDES, T.F.; REIS, R.A. et al. Diferentes densidades na ensilagem do capim-Marandu (Brachiaria brizantha cv.Marandu: Alterações fermentativas. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42., Goiânia, 2005. Anais. Goiânia: SBZ, 2005. CD-ROM.

HOLMES, B.J.; MUCK, R.E. Factors affecting bunker silos densities. Madison: University of Wisconsin, 1999. 7p.

IGARASI, M.S. Controle de perdas na ensilagem de capim Tanzânia (Panicum maximum Jacq. Cv. Tanzânia) sob os efeitos do teor de matéria seca, do tamanho de partícula, da estação do ano e da presença de inoculante microbiano. Piracicaba, 2002. 152p. Dissertação (Mestrado) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo.

RUPPEL, K.A.; PITT, R.E.; CHASE, L.E.; GALTON, D.M. Bunker silo management and its relationship to forage preservation on dairy farms. Journal of Dairy Science. v.78, p.141-153, 1995.

URIARTE-ARCHUNDIA, M. E., BOLSEN, K. K., BRENT, B. E. A study of the chemical and microbial changes in whole plant corn silage during fermentation and storage: Effects of packing density and sealing technique. In: Cattlemen's Days. 2002, p. 148-150.

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

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