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Estratégias para enfrentar a estacionalidade de produção das plantas forrageiras sem conservar forragens

POR JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 26/11/2002

5 MIN DE LEITURA

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Definição

Conforme artigo anterior intitulado "Por quê precisamos conservar forragens?", a estacionalidade de produção das plantas forrageiras é uma expressão utilizada quando queremos nos referir à redução de produção das pastagens em períodos em que há redução da disponibilidade de luz, a temperatura média é menor e a pluviosidade é drasticamente reduzida, conforme ilustrado na Figura 1. Esses três fatores juntos impedem que a pastagem cresça de uma forma uniforme durante o ano todo e tenhamos uma situação permanente de crescimento vigoroso das pastagens como a que ocorre no "verão" (Figura 2). Para o Estado de São Paulo, o período em que as pastagens crescem abundantemente inicia-se aproximadamente em novembro e termina em maio. Esse período é denominado de "verão" ou das "águas" e, na verdade, inclui as estações do verão e da primavera. Para regiões mais próximas da linha do equador, os fatores temperatura e fotoperíodo não são tão restritivos, porém ainda há falta de água em parte do ano, sendo então muitas vezes viável economicamente a adoção de estratégias que envolvam a irrigação, o que reduziria drasticamente a necessidade de conservação de forragens. Em regiões em que há restrição dos três fatores envolvidos, a relação custo:benefício é costumeiramente desvantajosa.

 



Estratégia primária

Tendo em mente que a conservação de qualquer forragem por qualquer método sempre onera o produto final, devemos inicialmente tentar evitar ao máximo conservar forragens. Isso significa tentar estratégias que façam com que o animal permaneça o maior tempo possível em pastejo, ou seja, se servindo do alimento volumoso. A adubação de pastagens normalmente aumenta a diferença entre os meses de maior e menor produção de forragens, portanto, adubações no início e no final do período de das águas podem ser utilizadas para tentar minimizar este efeito, porém limitam o crescimento máximo das forrageiras de maior potencial genético. Na região sul, devido a maior disponibilidade de chuvas no "inverno", culturas de inverno para pastejo tornam-se uma vantagem estratégica bastante interessante.

A complexidade do sistema de produção a pasto

Para tentarmos minimizar a necessidade de conservação de forragens, precisamos entender a complexidade do sistema em que vamos atuar. A Figura 2 mostra os vários fatores envolvidos na produção de carne ou leite a pasto. Podemos notar um primeiro fator através do céu azul, o clima (luz, temperatura e água); não podemos ver o solo, e isso é ótimo, mas ele é um segundo fator, do qual as plantas extraem os nutrientes para o seu crescimento. O terceiro fator é a planta forrageira. Lembramos aqui que o pecuarista deve ser, primeiramente, um bom agricultor para depois ser um bom pecuarista. O quarto é o animal e o quinto é o manejo adotado pelo homem, representado pela presença de um cocho e dos seus possíveis suplementos alimentares.

Portanto, o sucesso de um empreendimento agropecuário depende de um bom manejo dos animais a pasto e da exploração racional, econômica e ou sustentável desse sistema e das suas interações.

 

 

Figura 2 - Situação de crescimento forrageiro de "verão" ou "estação das águas"



Os prejuízos do manejo incorreto

Os efeitos da estacionalidade de produção das plantas forrageiras sobre a pecuária de leite e corte são evidentes. Para a pecuária de corte há uma variação acentuada de ganho de peso, provocando um efeito "sanfona" sobre os animais, e, consequentemente, um atraso da idade de abate destes (Figura 3). Durante o inverno é comum que os animais percam peso, enquanto no verão obtêm ganhos acentuados. Explorar o ganho compensatório pode ser também uma boa estratégia, fazendo com que os animais não percam peso ou ganhem apenas 100 a 200 g PV/ dia. A reprodução e a produção de leite são afetadas, uma vez que os animais só entram em cio e produzem leite com disponibilidade de forragem, provocando assim a necessidade de concentrarmos a época de cobertura e parição das matrizes (estações de monta e parição - Figura 4), o que acabará também afetando o peso ao desmame dos bezerros. A lotação das pastagens sofre redução, já que a oferta de forragem é reduzida. Isso significa tentar conciliar a exigência dos animais com a disponibilidade de forragens.

O preço da arroba de carne oscila durante o ano devido a períodos de alta e baixa disponibilidade de animais prontos para o abate, bezerros e bois magros. Na pecuária de leite, os efeitos são similares para sistemas de produção a pasto, com períodos de excesso de produção e outros de escassez, ocasionando também variação anual nos preços do leite, animais de reposição e de descarte. A venda de animais ou redução da lotação é também uma excelente ferramenta de manejo para tentarmos minimizar a necessidade de conservar forragens, porém depende sempre da atenção do pecuarista sobre a melhor época de compra e venda e do sucesso econômico do seu empreendimento.

Estratégia secundária

Uma vez que seja realmente necessário conservar forragens, o pecuarista pode adotar inúmeras estratégias, cada uma mais apropriada às condições do sistema de produção que estiver sendo utilizado na propriedade, como a vedação de pastagens; capineira de cana-de-açúcar; ensilagem de diversas gramíneas; fenação; culturas de inverno ou outras alternativas como as palhadas ou restos de cultura, subprodutos da indústria sucro-alcooleira, etc..

 

 

Figura 3 - Crescimento bovino ainda típico em muitos sistemas de produção.

 

 

Figura 4 - Exemplo de estratégia para manejo reprodutivo do rebanho ("estação de monta")



Comentário do autor: conforme comentário de artigo anterior, independente da técnica adotada, ou de várias delas utilizadas simultaneamente, o mais importante é que o pecuarista esteja consciente da ocorrência da estacionalidade de produção das plantas forrageiras e de suas conseqüências danosas sobre a pecuária leiteira e de corte. Porém, antes de tomar qualquer providência no sentido de conservar forragens de uma forma indiscriminada, avaliar todas as alternativas que possam reduzir essa necessidade, conforme exposição no artigo. Uma vez detectada a necessidade de conservar forragens, e do seu correto dimensionamento, tomar as devidas providências para a escolha do melhor método e planta forrageira a ser conservada. Finalmente, é importante que a fazenda se torne uma empresa agrícola e planeje adequadamente suas atividades agrícolas para a execução correta da técnica escolhida, havendo portanto coleta de dados, emissão de relatórios e tomada de decisões baseadas nos dados gerados pelo próprio sistema de produção, melhorando-se constantemente os seus índices de produtividade e, especialmente, lucratividade, aprendendo-se continuamente com os erros cometidos.

JOÃO JOSÉ ASSUMPÇÃO DE ABREU DEMARCHI

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EDUARDO PENTEADO CARDOSO

OUTRO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 02/12/2002

Muito interessantes as palavras do Eng. agr. José João. Realmente, a grande limitação da pecuária de corte (e de leite) no Brasil Tropical, é a estação seca.

Vemos muitos técnicos e assessores sugerirem procedimentos de manejo que permitem altíssimas taxas de lotação, como se não existissem os meses secos, ou até mesmo não esclarecendo a necessidade de formas alternativas de alimentação nessa época.

Para um rebanho relativamente estável ao longo do ano, como é o caso do gado de cria, o equacionamento do problema é simples: o capim precisa crescer mais do que o gado consome durante as águas, para formar uma macega de forrageira (de qualidade variável) suficiente para sustentar esses animais durante a seca.

Uma das formas de se aumentar a disponibilidade de capim na seca, consiste em adubações econômicas estratégicas no final das águas. Já tive experiência prática nessa técnica e funciona muito bem.
MIGUEL BARBAR

FRUTAL - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 28/11/2002

Eu apenas queria comentar o fato de que na figura 1 a melhor relação a respeito de produção de foragens, a meu ver, seria obtida fazendo-se um gráfico onde constasse além da chuva o fotoperíodo e a temperatura. A associação destas variáveis vai se aproximar ainda mais da produção.

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