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Creep Grazing: o sistema de suplementação com pastagem para cordeiros

VÁRIOS AUTORES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/05/2008

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Atualizado em 24/10/2022

Para um sistema de produção ser considerado eficaz é necessário o suprimento diário dos animais com forragem de boa qualidade, capaz de atender de forma econômica às exigências nutricionais dos mesmos. A intensificação dos sistemas de produção tem favorecido o uso de suplementos para animais em pastejo.

A prática de suplementação é utilizada tanto na tentativa de suprir as deficiências nutricionais da pastagem, proporcionando o balanceamento da dieta dos animais, quando para redução dos riscos ocasionados pela sazonalidade da quantidade e qualidade do alimento proveniente das pastagens. Várias possibilidades no uso de suplementos podem ser aplicadas na criação de cordeiros, uma vez que os mesmos apresentam a possibilidade de abate com pouca idade, implicando em consumo reduzido dos mesmos.

A partir de 2007, o grupo do Laboratório de Pesquisa de Ovinos e Caprinos (LAPOC) da Universidade Federal do Paraná vem estudando a suplementação de cordeiros ainda em aleitameto em creep grazing ou "creep verde", onde são utilizadas forragens de alta qualidade servindo, geralmente, como fonte de proteína restrita aos animais jovens, ao pé da mãe. A suplementação dos cordeiros através do creep grazing não substitui o leite materno, mas complementa o mesmo.

Para a construção das áreas destinadas ao creep grazing deve ser utilizada cerca de tela própria para ovinos onde a entrada dos cordeiros ocorre por passagens dispostas ao longo da tela, como proposto por Brachero et al. (2006). Neste caso, nos campos adjacentes às pastagens onde as mães pastejam, sugere-se o uso de leguminosas de alto valor nutritivo, sendo permitida apenas a entrada dos cordeiros, por meio de portões (Figura 1).

Figura 1: Modelo de creep grazing para cordeiros em crescimento


A escolha da espécie de leguminosa que pode ser utilizada no creep grazing deverá ser feita levando em consideração: a qualidade nutricional, a palatabilidade e aceitação por parte dos animais e a adaptação e persistência na região que será utilizada.

A região subtropical do Brasil possui diversas espécies de leguminosas que poderão ser utilizadas nesse modelo como o trevo branco (Trifolium repens), trevo vermelho (Trifolium pratense L.), trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum) e cornichão (Lotus corniculatus) no inverno, ou ainda, o amendoim forrageiro (Arachis pintoi) no verão. A maior parte dessas espécies ainda não foi avaliada nesse modelo. Nas regiões tropicais além do amendoim forrageiro e também da alfafa, existe a possibilidade da utilização de outras leguminosas tropicais herbáceas como Stylosanthes ou siratro ou de hábito de crescimento mais rasteiro. Sobre estas, ainda menos informações estão disponíveis.

A utilização da suplementação em creep grazing para terminação de cordeiros pode promover melhor desempenho dos animais jovens, idade de abate precoce, carcaças com pesos adequados, boa conformação e cobertura de gordura e carne de qualidade. Com a aceleração da idade de abate é possível a liberação das ovelhas para uma estação de monta acelerada, fora da época convencional, para os produtores que trabalham com raças menos estacionais.

Em trabalho realizado com bovinos nos Estados Unidos, Harvey e Burns, (1988) identificaram aumento significativo no ganho de peso vivo por hectare com a utilização do creep grazing em áreas de milheto (Pennisetum americanum L. Leeke) e trevo vermelho (Trifolium pratense L.).
A utilização do creep grazing também é benéfica quando há competição entre as ovelhas e os cordeiros por forragem e/ou suplemento, particularmente quando esses recursos são escassos, ou quando existe alta contaminação de parasitas na pastagem (Doane, 1979).

Estudos realizados na Nova Zelândia relatam que o sistema creep grazing também pode promover o controle da verminose devido à presença do tanino e excelente quantidade de proteína nas leguminosas, e inclusive, melhorar a futura taxa ovulatória das cordeiras em crescimento.

Figura 2: Cordeiros se alimentando dentro do creep grazing.


Trabalhos realizados no LAPOC- UFPR no ano de 2007, comparando sistemas de suplementação para cordeiros ao pé da mãe em pastagens de azevém, obtiveram resultados próximos quanto ao ganho médio diário dos cordeiros, os quais receberam suplementação em creep grazing de trevo branco (0,294 kg/d) e em creep feeding com ração farelada a 2% do peso corporal (0,324 kg/d). Esse desempenho aproximou a idade de abate dos cordeiros, sendo 89 dias para o creep grazing e 81 dias para o creep feeding com ração farelada. As carcaças dos cordeiros, abatidos aos 33 kg nesse ensaio, mostraram-se com características de peso e rendimento exatamente as mesmas para os dois sistemas propostos, com excelente qualidade. Também, não houve ocorrência de óbitos por verminose.

Para quem tem dúvidas sobre se o cordeiro se desvincula ou não de sua mãe e entra ou não na área do grazing: os mesmos permaneceram 26% do dia pastejando o trevo branco dentro do creep grazing. Isso ocorreu mesmo sem conhecimento prévio dos cordeiros em relação ao pasto de trevo. Esta informação é importante para comprovar que o animal se separa da mãe em busca de alimentação de melhor qualidade (Figura 2).

Segundo Brachero et al. (2006) para iniciar a utilização do creep grazing, alguns cuidados devem ser tomados:

- A área do creep deve ser dimensionada de maneira que a oferta de forragem seja à vontade e sem competição entre os animais, para isso deve ser levada em conta, a disponibilidade inicial de forragem, a taxa de crescimento da pastagem, o consumo potencial dos cordeiros e o valor nutritivo da forragem;

- A localização da área do creep deverá ser disposta de maneira que os animais tenham boa visibilidade desta, para que quando os cordeiros estiverem pastejando dentro do creep mantenham contato visual com suas mães do lado de fora; deve ser de fácil acesso, para isso um local próximo aos "dormitórios" ou caminhos habituais dos animais é desejável;

- O tamanho das passagens dos cordeiros para o creep deverá ser tal que apenas os cordeiros consigam passar; aberturas de 50 cm de altura e 20 a 25 cm de largura permitem facilmente a entrada de cordeiros até 30 kg;

- Se for possível, os cordeiros devem se acostumar previamente à forragem que será utilizada no creep, é aconselhável que este processo ocorra junto às mães para facilitar o aprendizado que deverá ocorrer a partir dos 10 dias de idade;

- Deve-se sempre realizar a adubação das pastagens que serão utilizadas a fim de se promover a persistência das mesmas no sistema, durante vários ciclos produtivos.

Literatura citada

BRACHERO, G.; MONTOSSI, F.; GANZÁBAL, A. Alimentación estratégica de corderos: La experiencia del INIA en la aplicación de las técnicas de alimentación preferencial de corderos en el Uruguay. Serie Técnica 156. INIA, 2006. 29pp.

DOANE, T.H. Creep feeding lambs. University of Nebraska Lincoln. In: https://ianrpubs.unl.edu/sheep/g432.htm. (Consultado em 03/01/2006)
HARVEY, R.W.; BURNS, J.C. Creep grazing and early weaning effects on cow and calf productivity. Journal of Animal Science. 1988: 1109-1114.

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

Coordena o Laboratório de Produção e Pesquisa em Ovinos e Caprinos (LAPOC) da UFPR

HUGO VON LINSINGEN PIAZZETTA

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PRONORTE AGROTECNOLOGIA

ECOPORANGA - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE OVINOS DE CORTE

EM 04/10/2013

Boa noite Professora Alda Monteiro



Gostaria de saber o seguinte, vou trabalhar com ovinos .. reprodução de cordeiros

Tenha 30 matrizes da raça Inês com um reprodutor Dorper, para começar o trabalho vou entrar em uma sincronização de cio seguido de uma estação de monta, calculo uma que me vai render 45 cordeiros essas matrizes,(1,5 cordeiro por matriz), oq seria ideal para mim chegar com esses cordeiros cruza dorper,num peso de 35  a 45 no tempo de 120 meses .. um sistema de pasto para esse cordeiro ou confinamento.. pretendo fazer o desmame com 60 dias usando um sistema de mamada contralada.

Após o 60 dias levaria eles para um sistema de pasto conseguiria obter o mesmo rendimento de confinamento ?

-durante esse período que eles ainda  estão na fase de mama, poderia levar eles a pasto com as mães durante os 30 dias primeiro de vida e depois nos outros 30 dias levar eles a sistema de pasto separado, e fazendo mamada 2 vezes ao dia ?

ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 23/06/2010

Bruno. Sua preocupação é procedente, mas em nossa experiência prática isso não ocorreu. Percebemos início de timpanismo apenas em um animal. Eles ficaram em média 58% do tempo diurno no pastejo do trevo, para ter uma idéia. Desculpe-me, não conheço Portugal e portanto não estou apta a responder sua pergunta. O creep grazing foi tão bom para nós quanto o creep feeding; mas vai depender da facilidade que tenha para estabelecer as áreas de leguminosas em sua região. Obrigada pela sua participação. Atenciosamente, Alda Monteiro
BRUNO MIGUEL DA SILVA BENTO

SETÚBAL - SETÚBAL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 07/06/2010

Antes de mais saudações tanto à Prof.ª Alda Monteiro como aos restantes colaboradores que contribuiram para a realização deste artigo.
Gostaria de colocar algumas questões sobre o conteudo deste artigo que seriam as seguintes:

- Estando a dar tao precocemente pastagem Ad Libitum ao cordeiro com alto valor nutritivo, por certa forma não pode provocar disturbios alimentares e desrregulações a nivel de aparelho digestivo, por exemplo diarreias ou até mesmo timpanismo?

- Creep feeding vs. Creep grazing? Qual aconselha, e uma vez que sou de Portugal, e como por nós dizemos "puxar a brasa à sardinha" qual destes recomendava para este país nomeadamente no centro e atentendo a todas as condições edafoclimáticas e epocas de parição (Março/Fevereiro e Outubro/Setembro)?

Com os melhores cumprimentos,
Bruno Bento
OSCAR JULIAN ARROYAVE S

INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 06/05/2010

Cordial saludo profesora y la felicito por su articulo,soy un asidu lector de todos los articulos de esta pagina,le cuento mi experiencia , no hemos utilizado el creep grazing,lo que tenemos son unos lotes de pastoreo en mezclas de estrella y leucahena, presentandose que los ovejos a determinada altura de la leguminosa, prefieren comerse la corteza de la leucahena que el forraje, por lo cual hay que entrar a cortar la leucahena para suministrarla en establo, ya que de otra manera estaria muy alta para el proximo pastoreo.
WALDYR ANGELO FORESTI JUNIOR

JABOTICABAL - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/05/2008

Professora Alda gostei muito do seu trabalho e também quero enfatizar a oportunidade de fazer com que cordeiros tenham o seu ganho de peso obtido atraves do uso de forragens de qualidade superior, quando comparado as pastagens tradicionais.

O custo de produção também irá ser menor, quando comparado ao creep tradicional com rações formuladas ou comerciais. Aqui na região onde trabalho temos um pouco de dificuldade em produzir áreas exclusivas de leguminosas e tradicionalmente usamos rações em creep para cordeiros.

Então pergunto: seria viável a produção de uma area cultivada de leguminosas (como por exemplo guandu ou outras mais fáceis de se produzir por aqui) e oferecermos estas no creep na forma de volumoso picado?
CRISTIANO HAETINGER HUBNER

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 20/05/2008

Ilma. Prof. Alda:
Agradeço suas informações. Vou seguir suas orientações quanto ao dimensionamento de piquetes e introdução de leguminosas nos piquetes dos cordeiros.

Assim que obtiver resultados lhe comunico. Pretendo ainda mensurar e comparar o desempenho do conjunto ovelha + cordeiro em sistemas de cria e terminação com e sem uso de "grazing", já que existem poucas informações disponíveis na literatura.
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 17/05/2008

Prezada Elídia dos Santos, obrigada pela sua mensagem. Não sei se entendi bem a pergunta que fez, mas o que quis dizer é que após o nascimento os cordeiros e suas mães devem ser colocados o mais cedo possível na área de pasto que irão usar, as pastagens principais laterais ao grazing, de modo que acostumem primeiro em estar na pastagem principal junto com as mães.

Aos poucos eles irão, por curiosidade e na busca de alimento de melhor qualidade (isso é importante, senão não funciona), começar a entrar no grazing, procurando atender suas exigências nutricionais com leguminosas, por exemplo, que são de alto valor proteico e bem palatáveis aos cordeiros. No começo ficam muito pelas beiradas da tela e depois buscando o alimento começam a entrar mais na área. Então isso leva alguns dias. obrigada e boa sorte.
ALDA LÚCIA GOMES MONTEIRO

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 17/05/2008

Prezado Cristiano Hubner, obrigada pelos comentários. Bem, essa era uma preocupação nossa, porém foi uma surpresa grata, pois nunca tivemos esse problema aqui.

Pensamos que teriamos que fazer um método de prender os animais lá dentro primeiro para eles se acostumarem, e também abrir mais de uma entrada por piquete, porém nada disso foi necessário. De repente, apos alguns dias 5 a 7 dias eles começaram a entrar devagar. Primeiro permaneciam muito próxima a beirada da cerca, o que leva a um superpastejo nessa área e isso nos preocupa um pouco, depois eles começam a procurar.

Importante: o creep era de leguminosas (trevo, no nosso caso) que são mais palatáveis que as gramíneas para os cordeiros. Isso é muito importante: se dentro do creep tiver material de mesma qualidade do que fora dele o cordeiro não vai entrar mesmo.
Tivemos apenas uma cordeira que nunca entrou na área, durante um período de quase 4 meses.

Os piquetes, onde estavam as mães + cordeiros, eram pequenos entre 0,35 a 0,45 ha e os do grazing eram de 0,15 aprox., com visão fácil entre eles. Em áreas muito grandes sem divisórias isso pode ser muito difícil. É isso. Boa sorte.
ELÍDIA ZOTELLI DOS SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 15/05/2008

Olá Prof Alda ,
Parabéns pelo artigo!

Traça a importância da busca de novas tecnologias no manejo para diminuir o custos dos farelos de grãos, por uma pastagem de qualidade.

Na conclusão você cita que a adaptação do animal a pastagem deve ser feita com a matriz , quais cuidados devemos tomar em relação a esta adaptação?


CRISTIANO HAETINGER HUBNER

SANTA MARIA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 14/05/2008

Olá Prof. Alda Monteiro e colaboradores.
Gostei muito do artigo a respeito do pastejo privativo. A necessidade de se produzir carne de cordeiro em quantidade, com qualidade e menores custos move os pesquisadores à desenvolverem técnicas cada vez mais modernas de cria e terminação, entre elas os "creeps" (feeding e grazing).

Eu particularmente considero tais manejos muito interessantes, e já comprovei em diversas oportunidades, mediante a investigação científica, que o creep-feeding diminui a idade do cordeiro ao atingir o peso de abate (30Kg), considerado ideal pela grande maioria dos pesquisadores. Quanto ao creep-grazing, já tentei utilizar em algumas ocasiões, contudo em nenhuma delas obtive êxito, justamente pelo fato mencionado em seu artigo a respeito da desvinculação ovelha-cria. Os animais simplesmente não abandonam as mães para passar ao piquete à eles destinado, e que contém as mesmas espécies forrageiras (aveia + azevém, na maioria das vezes).

Isto posto, gostaria que, se possível, a Sra. indicasse alguma estratégia ou "macete" de seu conhecimento para resolver esse inconveniente que tem inviabilizado, até agora, a utilização do creep-grazing na região sul do Brasil, até porque a maioria dos criadores desistem da implantação do sistema após duas ou três tentativas frustradas.
Antecipadamene, agradeço a atenção dispensada.

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