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Importância da progesterona antes da inseminação artificial na eficiência reprodutiva de vacas leiteiras em lactação - parte 1/3

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 05/01/2011

5 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Milo C. Wiltbank, no XIV Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2010.

Introdução

A reprodução eficiente é importante para uma ótima rentabilidade em operações leiteiras. Infelizmente, a maioria das fazendas leiteiras não alcança uma reprodução ótima devido a muitos fatores relacionados ao manejo, aspectos sanitários e fisiologia das vacas leiteiras de alta produção. As questões fisiológicas envolvidas na reprodução de vacas leiteiras em lactação são complexas, mas cada vez mais as interações entre nutrição, sistemas hormonais e a reprodução em bovinos leiteiros estão sendo elucidadas (ver as revisões por Chagas et al., 2007; Lucy, 2001; Wiltbank et al. 2006; Sartori et al., 2010).

O papel da saúde e do sistema imunológico sobre a reprodução eficiente também tem sido amplamente discutido (Hansen et al., 2004; LeBlanc, 2008; Sheldon et al., 2008). Em uma tentativa de tentar entender estas complexas interações, este artigo irá fazer uma rápida atualização sobre o papel da progesterona (P4) na complexa interação entre sistema imunológico, nutrição e reprodução na vaca leiteira em lactação.

Regulação do sistema imunológico pela progesterona

A interação entre o sistema endócrino e o sistema imunológico é conhecida há muitos anos. Os hormônios do estresse, por exemplo, particularmente os glicocorticóides como cortisol, podem inibir todos os aspectos da resposta imunológica levando a redução da inflamação e da resposta a agentes infecciosos.

Esta propriedade dos hormônios glicocorticóides tem sido explorada em produtos farmacêuticos comercialmente disponíveis, como a dexametasona, que são usados como medicamentos ou cremes para diminuir a inflamação. Está claro que estes tratamentos são muito potentes na inibição de quase todos os aspectos da resposta imunológica.

A importância da progesterona como modulador do sistema imunológico foi recentemente melhor reconhecida e descrita (Lewis, 2003). Bovinos ou ovinos, por exemplo, são resistentes a infecções uterinas quando as concentrações de P4 são basais, mas são susceptíveis a infecção uterina quando as concentrações de P4 estão elevadas (Lewis, 2003; Lewis e Wulster-Radcliffe, 2006). A supressão do sistema imunológico por P4 pode ser particularmente problemática no início do período pós-parto, quando as bactérias que foram introduzidas durante o processo de parição são eliminadas.

Assim sendo, a ovulação precoce pode levar a maior probabilidade de infecção uterina em vacas, devido à elevação prematura de P4. Depois da invasão inicial de bactérias depois da parição, as vacas sadias irão montar uma resposta imunológica dentro do útero que pode eliminar a maioria das bactérias durante o primeiro mês após a parição. Assim, pode-se considerar que o útero normal tem uma certa "proteção" contra a infecção uterina. Se P4, entretanto, ficar elevada devido à ovulação precoce, então o ambiente uterino já não está mais "protegido" contra a infecção bacteriana e os efeitos imunossupressores de P4 permite uma maior susceptibilidade à infecção uterina.

Ainda assim, os efeitos imunossupressores de P4 são essenciais para a prenhez normal. Durante a prenhez, é necessária a tolerância materna em relação ao feto. Ou, em outras palavras, o feto não deve ser imunologicamente rejeitado apesar de ser imunologicamente diferente da mãe. Altos níveis circulantes de P4 assim como de outros sinais fetais imunomodulatórios são essenciais para esta tolerância materna do feto.

São muitos os mecanismos responsáveis pela modulação P4 do sistema imunológico. Há uma clara supressão pela progesterona de diversas citocinas e outras moléculas imunoestimulatórias no útero como prostaglandina F2α;, óxido nítrico, interleucina (IL)-8, IL-6, IL-12, e leucotrieno B4 (Lewis e Wulster-Radcliffe, 2006). A proliferação e ativação das células imunes também são suprimidas pela P4 elevada. Todas estas ações de P4 podem suprimir a função imunológica, particularmente no útero.

A progesterona também induz um viés claro do sistema imunológico para um ambiente que "protege a prenhez". Isto é particularmente evidente pela alteração claramente induzida por P4 de uma resposta mais pró-inflamatória/imunidade mediada por células, caracterizada por células T-helper, diferenciando ao longo da via Th-2 (resposta normal a infecções bacterianas e virais) para uma resposta com mais anticorpos circulantes caracterizada pela diferenciação da células T-helper ao longo da via Th-2 (esta resposta é geralmente mais direcionada para infecções parasitárias). Esta clara mudança na função imune aumenta a susceptibilidade à infecção no útero e em outros tecidos em vacas com P4 elevada.

Torna-se cada vez mais claro que há uma relação entre mastite, metrite e possivelmente outras infecções bacterianas e eficiência reprodutiva reduzida (Hansen et al., 2004; LeBlanc, 2008; Sheldon et al., 2008). Estes efeitos podem ser mediados através de uma maior probabilidade de anovulação, fertilidade reduzida durante fertilização/desenvolvimento embrionário precoce, e/ou maior perda da prenhez. Assim, ainda que esteja claro que alto nível circulante de P4 pode alterar a função imune, também parece aparente que um sistema imunológico ativado ou outros efeitos de infecção podem ter efeito negativo sobre a reprodução.

O sistema imunológico também pode estar alterando a reprodução em vacas leiteiras de outras formas. Na regressão do corpo lúteo os processos imunes estão claramente envolvidos. Normalmente, a prostaglandina F2α; faz com que o corpo lúteo regrida em vacas não prenhez. O tratamento com produtos comerciais como Lutalyse, Estrumate ou Prostamate também simula as ações normais da prostaglandina F2α; e fazem o corpo lúteo regredir prematuramente. Depois da exposição à prostaglandina F2α;, as células do corpo lúteo começam o processo de morte celular programada e estas células também liberam citocinas. Estas, por sua vez, atraem células imunes para o corpo lúteo ativando-as. Todas estas ações permitem que as células de defesa eliminem as células do corpo lúteo em regressão.

Recentemente houve relatos de que, em algumas vacas não prenhes, o corpo lúteo não regride no tempo normal (Macmillan, comunicação pessoal). Isto pode levar as vacas a não voltarem ao cio depois da IA e não serem diagnosticas como não prenhes até que seja feito o diagnóstico de prenhez. Este fenômeno tem sido denominado "Síndrome da Vaca Fantasma". Não está claro, atualmente, se o sistema imunológico está envolvido neste problema. Uma interação adicional entre o sistema imunológico e a reprodução pode estar relacionada à perda da prenhez.

As vacas em lactação têm, claramente, um aumento de perda de prenhez. A P4 inadequada poderia ter um papel neste problema. Um nível inadequado de P4 também pode levar a imunossupressão inadequada durante a gestação, permitindo a imunorejeição do embrião/feto e perda da prenhez. Os mecanismos mediadores destas interações entre sistema imunológico, sistema endócrino e eficiência reprodutiva ainda estão sendo pesquisados.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 29/09/2015

Prezada Edimara,

Por favor me mande um e-mail que eu te passo alguns artigos do Prof. Zequinha sobre esse assunto.

Obrigada pela participação!
EDIMARA SOUZA

UMUARAMA - PARANÁ

EM 22/09/2015

Não atuo com gado de leite ou faço IATF ou FIV.

Minha questão talvez não se enquadre no texto completamente. Porém, peço ajuda ao autor e aos demais para auxiliar no seguinte. Sou criadora de gado de corte, faço cria e vendo bezerros. Vaca Nelore com Nelore e em cruzamento industrial. Tudo a pasto ( Touros PO Angus, Charoles, Canchim, Senepol, Caracu, Simental e, claro, Nelore). Conservo as fêmeas nelore para matrizes. Gostaria de ANTECIPAR a PUBERDADE das fêmeas NELORE, a pasto. Como proceder de forma injetável. Atualmente o PP é tardio, apesar da seleção genética (entre 30 e 36M). Alguns casos entre 27 e 30M. Gostaria de ter um PP antes dos 28M. Utilizo sal mineral de boa qualidade (bellman), sistema rotacionado  e água abundante. Alguém tem alguma sugestão para teste.
AIRTO PAULO PRESOTTO

IPUAÇU - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 10/01/2014

muito bom este texto! gostei muito! Parbéns!!!
AIRTO PAULO PRESOTTO

IPUAÇU - SANTA CATARINA - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 10/01/2014

muito bom este texto! gostei muito! Parbéns!!!
RHAMON RODOLFO MURUCI

RIO DE JANEIRO

EM 08/09/2013

Muito importante a colocação feita a respeito da prostaglandinas F2alfa.
FABIO JEAN KLOCZKO

PINHÃO - PARANÁ

EM 21/02/2011

ok!! obrigado
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 24/01/2011

Prezado Lucas,
A forma mais eficiente de aumentar a concetração de progesterona após a IA seria a aplicação de GnRH ou hCG 7 dias após a IA. Porém num artigo recente publicado pelo Prof. Zequinha (Effects of postbreeding gonadotropin treatments on conception rates of lactating dairy cows subjected to timed artificial insemination or embryo transfer in a tropical environment. Vasconcelos, et al. 2011, J. Dairy Sci. 94:223-234) eles não encontraram efeito positivo da aplicação de GnRH ou hCG na taxa de prenhez das vacas que receberam IATF, porém a aplicação de GnRH ou hCG teve positivo na taxa de prenhez das vacas que receberam TETF.
Existem alguns estudos que mostram que a inserção do dipositivo de progesterona após a IA melhora o desenvolvimento inicial do embrião.
Mas lembre-se de que o dispositivo de progesterona não pode ser inserido no momento da IA, pois o aumento precoce da progesterona pode causar alterar toda a fisiologia da vacas e causar regressão prematura do corpo lúteo.
Obrigada pela participação!
Até mais,
Ricarda.
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 22/01/2011

Saudações Caro amigo Lucas Gabriel!

Participei do congresso de reprodução em Londrina em setembro do ano passado e o palestrante observou que a alta concentração sérica de progesterona inicial é prejudicial para o embrião. Dados de pesquisas mostram que administrar eCG no D5 em receptoras de embrião com objetivo de desenvolver um corpo lúteo acessório para aumentar a progesterona aumentava as taxas de prenhezes. Hoje há controvérsias! Inovulamos 1000 embriões de FIV aplicando o eCG no D8 e aumentou estatisticamente a taxa de prenhez, 55% x 45% (D5). O número de animais é consideravelmente bom. Precisa de mais estudos para avaliar a repetitividade.


Um forte amplexo,
____________________________________________________________
(34) 9932-9140 - Ronaldo Mendonça dos Santos

Colaborador: www.embryosys.com.br bovine reproduction
ANTONIO CELIO SILVA DE OLIVEIRA

CORRENTE - PIAUÍ - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 20/01/2011

Muito bom! Estou ancioso para ler as outras duas partes do artigo que estão por vir.

Atenciosamente,

Célio
CARLOS WALDIR SILVA DOS SANTOS

ALTAMIRA - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/01/2011

Legal! O tema é muito interessante.

Grato,

Waldir
LUCAS GABRIEL PROSPERO GIACON

SÃO GABRIEL DO OESTE - MATO GROSSO DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/01/2011

Muito boa essa primeira parte do artigo.
Gostaria de saber se existe vantagem em introduzir um implante intravaginal de prosgesterona após inseminação de vacas leiteiras.
Obrigado.

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