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Impacto da nutrição materna no desempenho do bezerro

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 05/11/2008

5 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Dr Bret W. Hess, no XII Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2008.

Muitos sistemas de produção extensiva de bovinos são desenhados para os animais receberem a maioria dos seus nutrientes através de forragens. Muitas vezes, a qualidade da forragem é pobre, particularmente na estação seca e no inverno, e pode ser inadequada para garantir a nutrição ótima para o crescimento, prenhez e lactação sem provisão de nutrientes suplementares. A suplementação de nutrientes pode não ocorrer para vacas durante o início até o meio da gestação porque os nutrientes necessários para manter o crescimento e desenvolvimento do feto são mínimos, especialmente quando comparado ao estágio mais tardio da gestação e do início ao meio da lactação.

É bem provável que a subnutrição fetal bovina ocorra durante a fase tardia da gestação, particularmente se as vacas não receberem energia e proteína suplementares. O plano nutricional pré-parto tem sido associado ao baixo peso do bezerro ao nascimento (Bellows et al., 1971), e o peso do bezerro ao nascimento foi aumentado em novilhas e vacas como resposta à suplementação da dieta com concentrados de proteína e energia durante a fase tardia da gestação (Clanton e Zimmerman, 1970; Bellows e Short, 1978).

O crescimento (aumento do número e tamanho das células ou massa de tecido) e o desenvolvimento (mudança na estrutura e função de células ou tecidos) do bezerro são eventos biológicos complexos. Há numerosos caminhos de crescimento e desenvolvimento que podem influenciar as características produtivas do gado. O crescimento e desenvolvimento do feto bovino podem ser influenciados pela nutrição restrita durante a segunda metade da gestação (Dunn, 1980). No entanto, pesquisas sobre os efeitos de diversos tratamentos ou práticas de manejo também poderiam ser realizadas do período inicial até o meio da gestação (Anthony et al., 1986). As conseqüências em longo prazo de influências nutricionais mais específicas durante os estágios específicos do desenvolvimento fetal e neonatal do bezerro ainda precisam ser determinados.

A programação fetal, mais recentemente chamada de programação do desenvolvimento, é o conceito de que um estímulo materno ou lesão ocorrida em um período sensível do desenvolvimento fetal pode ter efeitos de longo prazo sobre a saúde e, portanto, sobre a eficiência do crescimento de um indivíduo após o nascimento. Isto se tornou um conceito bastante enraizado na ciência médica, em grande parte devido aos estudos epidemiológicos pioneiros conduzidos pelo Dr. David Barker. Entre setembro de 1944 e maio de 1945, as forças alemãs de ocupação praticamente fizeram a população da Holanda Ocidental passar fome. Apesar das mulheres grávidas terem recebido dietas adequadas quando foram liberadas e seus bebês terem nascido com peso normal, estas crianças desenvolveram problemas de saúde com taxa muito mais alta do que a população controle no mesmo país.

Os bebês que foram submetidos à desnutrição durante a primeira metade da gestação apresentaram incidência maior de obesidade, diabetes tipo II, hipertensão e doença cardiovascular em fases posteriores da vida. Este fenômeno levou à teoria da origem fetal ou do desenvolvimento de doenças em adultos (Barker e Clark, 1997). O conceito de programação fetal pode ser estendido para incluir a origem fetal do desempenho do crescimento pós-natal, porque o processo depende tanto das taxas quanto da eficiência das transformações metabólicas dos nutrientes, que são influenciadas por perturbações metabólicas, endócrinas e cardiovasculares (Wu et al., 2006).

Na verdade, o conceito de programação do desenvolvimento faz muito sentido quando se considera que um indivíduo passa por mais marcos no desenvolvimento in utero, antes do nascimento, do que irá passar após o nascimento. A primeira metade da gestação é o período em que ocorrem o crescimento, desenvolvimento e vascularização máximos da placenta. O aumento progressivo do fluxo sangüíneo para o útero grávido, e mais especificamente para o local de trocas materno-fetal de nutrientes e oxigênio durante a gestação, é vital para o crescimento e desenvolvimento fetal ótimos.

Como a placenta dos ruminantes não é capaz de extrair quantidades adicionais de nutrientes por unidade de sangue materno, o aumento do número de vasos sangüíneos no local da troca materno-fetal é absolutamente necessário para otimizar o fluxo sangüíneo e, desta forma, a transferência de nutrientes. A primeira metade da gestação é também a época em que há crescimento e diferenciação significantes do coração, pâncreas e rins (Figura 1). Assim, o Centro para Estudo da Programação Fetal da Universidade de Wyoming está pesquisando ativamente de que forma o plano nutricional da fêmea durante a prenhez exerce impacto sobre o feto em desenvolvimento, bem como sobre o futuro bezerro após o nascimento.

A maior parte do crescimento do feto bovino ocorre durante o trimestre final da gestação (Ferrell et al., 1976; Prior e Laster, 1979). A captação de nutrientes pelo feto torna-se quantitativamente importante apenas na segunda metade da gestação (Ferrell et al., 1983). Assim, é necessário que haja uma restrição nutricional grave durante pelo menos a segunda metade a um terço da prenhez para que haja redução do crescimento fetal bovino. Ainda que as características placentárias possam ser alteradas pela nutrição durante o início e meio da prenhez sem afetar de forma significativa o tamanho do feto (Rasby et al., 1990) ou peso ao nascer (Perry et al., 1999; 2002), o desenvolvimento e crescimento de órgãos vitais precede o desenvolvimento de osso, músculo e gordura (Figura 1).

Assim sendo, a massa de tecidos da carcaça de maturação relativamente tardia é geralmente considerada como mais susceptível aos efeitos da nutrição durante o período mais tardio da prenhez, quando a nutrição tem impacto maior sobre o crescimento fetal. Podem ocorrer efeitos mais sutis sobre o desenvolvimento de órgãos e tecidos devidos à nutrição durante o início da prenhez, com potencial para conseqüências de longo prazo sobre a saúde (Wu et al., 2006).

A maioria dos trabalhos sobre programação do desenvolvimento fetal é conduzida em gado de corte, onde geralmente o fornecimento de nutrientes é menos constante ao longo do ano, mas não podemos esquecer que nossas vacas de leite gestantes, principalmente as que secam no início da gestação, as vezes são mantidas em pastos de baixa qualidade, que pode não atender suas exigências.


Figura 1. Cronologia do crescimento fetal e desenvolvimento bovino.
 

Clique na imagem para ampliá-la.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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