José Luiz Moraes Vasconcelos
SINCRONIZAÇÃO DO ESTRO:
Métodos para sincronizar o estro têm sido desenvolvidos e utilizados em muitos rebanhos leiteiros visando facilitar e tornar mais eficiente o manejo reprodutivo. Com o uso de protocolos de sincronização, o manejo da IA fica mais eficiente, reduzindo o intervalo para a primeira e subseqüentes inseminações. Os protocolos mais comumente usados em vacas leiteiras tem como base a utilização de PGF2a.
Estudos tem mostrado que a PGF2a pode reduzir o intervalo entre ciclos estrais e aumentar a taxa de detecção de estro. Entretanto, a PGF2a não regride corpos lúteos com menos de cinco dias após o estro, tornando necessárias duas aplicações de PGF2a, com intervalo de 14 dias, para efetivamente sincronizar o estro de vacas em lactação. A PGF2a também não sincroniza vacas em anestro, sendo que o número destas depende do nível nutricional do rebanho.
A sincronização do estro com PGF2a vem sendo utilizada com sucesso em vacas em lactação quando a IA ocorre após a detecção do estro, uma vez que a taxa de detecção de estro aumenta, tornando o manejo da IA mais eficiente quando comparado à detecção diária de estro. Entretanto, o estro não é precisamente sincronizado com a utilização de PGF2 a, uma vez que esta regula somente o CL, não sincronizando a onda de crescimento folicular, o que torna necessária a observação de estro por sete dias após a administração de duas doses de PGF2a com intervalo de 14 dias. Por isto, quando as vacas recebem a IA em horário prefixado, 72-80 h após a segunda aplicação de PGF2a, a taxa de concepção é menor do que quando as vacas são inseminadas após a detecção do estro.
O intervalo para o estro após uma aplicação de PGF2a depende da fase de desenvolvimento do folículo ovulatório no momento da injeção de PGF2a, e não do decréscimo da concentração de progesterona. Esta baixa taxa de concepção resulta do assincronismo entre o momento da IA e a ovulação, tornando indispensável a observação do estro após a utilização da PGF2a.
Uso de hormônios para controlar o ciclo estral
Prostaglandina PGF2a
A PGF2a é o principal hormônio utilizado para controlar o ciclo estral, atuando através da regressão do corpo lúteo. Estudos demonstram grande taxa de sucesso (regressão do corpo lúteo) quando a PGF2a é injetada por via intramuscular entre os dias seis a 17 do ciclo estral. Entretanto, a PGF2a controla somente a regressão do corpo lúteo, não alterando o crescimento folicular. Por exemplo, quando a PGF2a é injetada no sétimo ou oitavo dia do ciclo estral, as vacas mostram cio 62+-9 h após. Todavia, quando a PGF2a é injetada no 10º dia do ciclo estral, as vacas mostram cio 100+-35 h após. O tempo médio para o estro e a variabilidade no tempo de apresentação do estro é muito maior quando a PGF2a é injetada no dia 10. Estes dados mostram que o estro decorrente da aplicação de PGF2a depende da fase de desenvolvimento do folículo no momento da administração. Se a aplicação da PGF2a for realizada quando o folículo dominante estiver em fase final do crescimento, o intervalo para o estro e sua variabilidade em tempo é muito menor, se comparado ao folículo ovulatório em fase inicial de desenvolvimento no momento da aplicação da PGF2a.
Resumindo, a PGF2a controla somente a regressão do corpo lúteo, e quando se aplica somente PGF2a visando sincronizar o cio e ovulação, os resultados são desapontadores devido à variabilidade do tamanho e da fase do folículo no momento da aplicação.
Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH)
O GnRH provoca liberação de LH pela hipófise anterior, que atua diretamente no folículo dominante, causando ovulação. Após aplicação de cinco doses de GnRH - 25, 50, 100, 150, e 250 (g) em vacas leiteiras foi observado que a concentração de LH aumentava significativamente, proporcional à dose administrada. Ocorria pico de LH com duas horas após a aplicação de GnRH e, com quatro horas, o LH começava a declinar. O GnRH tem sido utilizado em associação com a PGF2a, em protocolos de sincronização. Quando novilhas foram tratadas com Buserelin, agonista do GnRH, seguido por uma aplicação de PGF2a sete dias após, o número de novilhas detectadas em cio aumentava nos primeiros cinco dias após a aplicação da PGF2a, em relação ao grupo submetido somente a uma aplicação de PGF2a. Também ocorreu menor variabilidade no momento do estro, quando o intervalo da aplicação do GnRH para o da PGF2a foi de sete dias, comparado com oito dias. Além disto, a administração de GnRH seis dias antes da PGF2a reduziu o tempo e a variabilidade para o estro quando comparado com vacas tratadas somente com PGF2a.
fonte: MilkPoint