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Heterose e cruzamentos como estratégia de melhoramento genético de bovinos

POR EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

E NATHÃ CARVALHO

NATHÃ CARVALHO E EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

EM 05/12/2016

5 MIN DE LEITURA

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No último artigo citamos a existência de algumas estratégias de melhoramento genético, como a seleção, a introdução de raças, os cruzamentos e o desenvolvimento de novas raças.

O cruzamento consiste no acasalamento entre indivíduos de populações diferentes, como linhagens, raças ou espécies visando à produção de descendentes mais produtivos (PIZZOL, 2012). Os cruzamentos são realizados com a finalidade de reunir em um só animal as características desejáveis de duas ou mais raças, assim como explorar a heterose que é observada na maioria das características de importância econômica em gado leiteiro (PEREIRA, 2012).

Neto et al. (2004) argumentam que os animais com a composição genética meio-sangue (F1), frutos da primeira geração de um cruzamento, são os principais beneficiários deste fenômeno genético (heterose), presente nas principais características de interesse econômico e, por isso, produzem reflexos positivos sobre o custo de produção e sobre a receita da atividade.

 

O que é heterose?

A heterose é fenômeno pelo qual os filhos apresentam melhor desempenho (mais vigor ou maior produção) do que a média dos pais, segundo  Miranda e Freitas (2009). Eles também afirmam que o cruzamento de animais de raças diferentes é a maneira mais rápida de fazer melhoramento genético dos bovinos.

Outros autores referem-se à heterose como aumento do vigor da progênie em relação ao dos pais, quando indivíduos não aparentados são acasalados (BOWMAN, 1859; LASLEY, 1972; SHERIDAM, 1981 apud PEREIRA, 2012).

Pereira (2012) reforça que níveis mais altos de heterose são relatados para características de baixa herdabilidade, como a fertilidade, sobrevivência e outras características relacionadas com a reprodução. Na percepção de Hazel et al. (2013), a heterose também pode ser expressa como a melhoria da eficiência alimentar dos animais.

Entre as respostas básicas à questão “por que cruzar raças?”, a complementaridade está entre as mais citadas pelos autores ao explicarem a importância dos cruzamentos. Além dos efeitos da heterose direta e materna, estão a possibilidade de utilização de fonte barata de reprodutores, uso potencialmente amplo de recursos genéticos disponíveis (mais raças envolvidas) e redução dos problemas por endogamia (KINGHORN, 2006). 

Pereira (2012) ainda acrescenta a possibilidade de formação de raças sintéticas ou compostas como um dos objetivos dos cruzamentos. O cruzamento entre as raças bovinas Holandesa e Gir Leiteiro, é um belo exemplo da busca pela complementaridade e de formação de uma nova raça. O Girolando, raça resultante desta prática, teve sua formação impulsionada pela busca da conciliação da capacidade produtiva do Holandês com a rusticidade e longevidade do Gir Leiteiro.

Para Pereira (2012) aspectos como condições ambientais, escolha das raças mais adequadas ao objetivo de exploração, definição das características que serão aprimoradas, controle zootécnico, avaliações de reprodutores e o uso de diferentes alternativas de cruzamentos, devem ser observados na definição geral da estratégia a ser adotada. 

 

Heterose e cruzamentos como estratégia de melhoramento de bovinos
Foto: Nathã Carvalho, em Caxias do Sul (RS). 



Tipos de heterose

A literatura descreve a existência de três tipos de heterose: individual, materna e paterna. A primeira aplica-se a um animal individualmente em relação à média de seus pais, através do aumento de sua produtividade e vigor, sendo função das combinações gênicas presentes na geração corrente e não de efeitos paternos e maternos.

A heterose materna manifesta-se na população por meio de efeitos da utilização de fêmeas cruzadas ao invés de puras. Já a heterose paterna refere-se a qualquer vantagem na utilização de cruzados ao invés de reprodutores puros sobre a performance da progênie. Importante salientar, que tanto a heterose paterna como a materna são funções de combinações gênicas presentes na geração anterior (PEREIRA, 2012).



Sistemas de cruzamentos

Há diferentes formas de se projetar esquemas de cruzamentos. Conforme Pereira (2012), reconhece-se, basicamente, quatro sistemas:

  • cruzamento simples: também chamado de cruzamento de primeira geração, envolvendo o acasalamento de duas raças puras com produção de mestiços F1 e obtendo-se o nível de heterose máximo;
  • cruzamento contínuo (ou absorvente): em que a raça nativa é absorvida pelo uso contínuo de reprodutores da raça julgada geneticamente superior;
  • cruzamento rotacional ou alternativo: em que ocorre o uso alternado de duas ou mais raças diferentes a cada geração;
  • formação de raças sintéticas e/ou compostas: no entendimento de Kinghorn (2006), sistemas de cruzamento diferentes dão origem a diferentes níveis de expressão de heterose.


No entanto, Pereira (2012) salienta que não há um “pacote” de cruzamentos que seja recomendável para todos os rebanhos e sistemas de produção. O autor destaca que antes da definição da estratégia de cruzamentos a ser implementada, é preciso uma análise das condições conjunturais, especialmente as econômicas.

girolando heterone cruzamento

Embora seja uma prática consagrada em espécies como aves, suínos, ovinos de corte e bovinos de corte, a adoção de cruzamentos na bovinocultura leiteira ainda não é difundida na mesma intensidade, mas vem sendo impulsionada principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, com experiências interessantes relatadas também nos países de clima temperado. No próximo texto, vamos iniciar a abordagem específica sobre a adoção de cruzamentos em bovinos leiteiros.

Referências bibliográficas

HAZEL, A R. et al. Montbéliarde-sired crossbreds compared with pure Holsteins for dry matter intake, production, and body traits during the first 150 days of first lactation. Journal of Dairy Science, v. 96, n. 3, p. 1915–1923, 2013.

KINGHORN, B. Melhoramento Animal: Uso de novas tecnologias. Piracicaba: FEALQ, 2006. 367 p.

MIRANDA, J. E. C.; FREITAS, A. E. Raças e tipos de cruzamentos para a produção de leite. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2009.12p. (Circular técnica 98).

NETO, A. M. et. al. Bezerros terminais de corte podem viabilizar sistemas de produção de leite. In: Informe Agropecuário. Belo Horizonte: Epamig, v. 25, n.221, p. 25-31. 2004.

PEREIRA, J. C. C. Melhoramento Genético Aplicado à Produção Animal. 6. ed. Belo Horizonte: FEPMVZ Editora, 2012. 758p.

PIZZOL, J. G. D. Comparação entre vacas da raça Holandesa e mestiças das raças Holandesa x Jersey quanto à sanidade, imunidade e facilidade de parto. 2012. 55 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal)-Universidade do Estado de Santa Catarina, Lages, 2012.

EMMANUEL VEIGA DE CAMARGO

Médico Veterinário e Doutor em Zootecnia pela UFSM. Docente do Instituto Federal Farroupilha (Alegrete/RS), onde é professor do curso de Zootecnia.Coordenador de produção e orientador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Ruminantes na mesma instituição

NATHÃ CARVALHO

Zootecnista formado pelo Instituto Federal Farroupilha (campus Alegrete/RS) e discente do Programa de Pós Graduação em Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (área de Melhoramento Genético Animal).

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WELIGTON FRANCISCO MOREIRA

EM 15/05/2018

cruzar boi guzonel na novilhada nelore .posso obter bons bezerros?
ELIAS TUNON VILLARRETA

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/12/2016

Artigo pertinente. Concordo em que se devem estabelecer metas e objetivos. Somos dados a ouvir e aplicar, sem antes buscar informações necessárias.
CARLOS ALBERTO NICOLAO

LINDÓIA DO SUL - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/12/2016

őtima matéria, isso vem consolidar o que estamos fazendo. cruzamento funciona muito bem.

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