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Vale a pena tratar mastite clínica leve ou moderada causada por Gram-negativos?

POR BRUNNA GRANJA

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 29/07/2019

5 MIN DE LEITURA

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A mastite clínica (MC), atualmente, é a principal causa do uso de antibióticos intramamários em vacas leiteiras, no entanto, a maioria dos tratamentos são realizados sem o conhecimento das causas da infecção. A implantação da cultura microbiológica na fazenda para uso de protocolos de tratamentos seletivos de MC é uma opção para reduzir o uso de antibióticos nos casos de cultura negativa ou bactérias Gram-negativas.

Estudos prévios indicam que bactérias Gram-negativas estão entre as principais causas de MC (36%), destacando-se Escherichia coli (22%) e Klebsiella spp. (7%). Essas bactérias colonizam a glândula mamária e induzem uma resposta inflamatória aguda. Desta forma, casos de MC causados por Escherichia coli são comumente de curta duração e autolimitantes, por outro lado, quando os casos de MC são causados por Klebsiella spp. as vacas passam por longos períodos de infecção subclínica prévia. Dessa forma, os casos de MC causada por essas bactérias diferem em relação à patogenicidade, e consequentemente, em relação ao tratamento realizado.

Um estudo recente, realizado na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, comparou protocolos de tratamentos para casos de MC leves e moderadas causadas por bactérias Gram-negativas como Escherichia coli e Klebsiella spp. Os casos de MC leves são aqueles que as vacas apresentam apenas alterações visuais no leite, mas quando há - além de alterações do leite - sinais visíveis como inchaço e vermelhidão no úbere, considera-se como MC moderada.

Neste estudo, foram utilizadas vacas leiteiras provenientes de dois rebanhos comerciais, com cerca de 3.500 vacas em lactação/rebanho, em regime de 3 ordenhas/dia. As fazendas dispunham de dados individuais de cada vaca, incluindo CCS (Contagem de Células Somáticas), cultura microbiológica na fazenda para diagnóstico de MC e vacinação contra mastite causada por bactérias Gram-negativas.

Para realizar o estudo, foram selecionadas vacas que apresentaram casos de MC leve ou moderada, dos quais foram coletadas amostras de leite (para CCS e cultura microbiológica na fazenda e a outra para enviar para análise microbiológica laboratorial). Somente vacas com diagnóstico microbiológico de bactérias Gram-negativas para MC leve ou moderada foram incluídas no estudo.

As vacas com MC causada por bactérias Gram-negativas foram tratadas aleatoriamente com:

1) antibiótico intramamário a base de ceftiofur durante 2 ou 8 dias de tratamento;

2) controle negativo (não tratadas com antibiótico intramamário). Para casos moderados, quando necessário foi administrado fluidoterapia como suporte.

As coletas de leite aconteceram nos dias 7, 14, 21 e 28 após a inclusão dos animais no estudo para avaliação das cura bacteriológica (CB) (crescimento negativo em até 14 e 21 dias após término do tratamento, cura clínica (CC) (retorno da aparência normal do leite por 2 dias consecutivos) e descarte (em até 21 dias após o início do experimento).

Do total de casos de MC avaliados, 75% foram de MC leve e 20% moderada. Dos 150 casos de Klebsiella spp. identificados por cultura na fazenda, 54 foram confirmados em laboratório. Da mesma forma, dos 52 casos de Escherichia coli identificados por cultura na fazenda, 34 foram confirmados em laboratório. Em relação a cura bacteriológica, 65% dos casos incluídos apresentaram CB, além disso os quartos mamários tratados por 2 dias tiveram 2x mais chance de CB, e os tratados por 8 dias tiveram oito vezes mais chance de CB. Assim como, vacas multíparas apresentaram 10x menos chance de CB quando comparadas a primíparas.

Mais de 80% dos casos incluídos apresentaram cultura microbiológica negativa. Por outro lado, 41 casos de MC foram causados por Escherichia coli e 36 por Klebsiella spp. A cura bacteriológica foi maior nos casos com Escherichia coli (97% no controle negativo; 98% no tratamento com ceftiofur) do que nos casos de Klebsiella spp. (18% no controle negativo; 74% nas vacas com tratamento com ceftiofur).

Figura 1 – Cura bacteriológica de casos de mastite clínica causados por E.coli e Klebsiella spp. tratados com antibiótico intramamária (2d ou 8d) ou não tratados.

Quando foi avaliada a resistência das bactérias ao ceftiofur, dos 56 isolados de Escherichia coli, apenas um foi resistente, enquanto dos 54 isolados de Klebsiella spp., 32% apresentaram resistência ao ceftiofur. Durante 21 dias após o início dos tratamentos, 8% das vacas apresentaram piora dos sintomas (4 no controle negativo; 3 no tratamento 2d; 11 no tratamento 8d), e 6% foram descartadas (5 vacas no controle negativo; 2 no tratamento 2d; 3 no tratamento 8d). O número de dias médios para cura clínica foram de 4,3 ± 0,2 dias, mas a probabilidade de CC não diferiu entre os protocolos de tratamento.

Após 10 dias do início dos tratamentos, a CC foi similar entre os protocolos, com 92, 98 e 90% para grupo controle negativo, grupo de tratamento 2d e grupo de tratamento 8d, respectivamente. Os dias de descarte de leite variaram em média 7,4 ± 0,3 dias, sendo maiores para as vacas tratadas com 8d de ceftiofur (11,1 dias de descarte) do que para as vacas que foram tratadas com 2d (6,9 dias) ou sem tratamento (5,6 dias).

Com relação a secagem de quartos durante o período de experimento e aos descartes realizados, ambos foram maiores nas vacas com mastite causada por Klebsiella pneumoniae do que para as vacas dos outros grupos (39% de quartos mamários secos e 22% das vacas). A média de produção de leite durante o experimento foi de 37,1 kg/vaca para o grupo controle negativo, 36,6 kg/vaca para o grupo de tratamento 2d e 37,6 kg/vaca para o tratamento 8d.

De forma geral, o tratamento intramamário com ceftiofur, de 2 ou 8 dias aumentou as taxas de cura bacteriológica, no entanto não resultou em melhora da cura clínica, que foi similar entre os tratamentos. Por outro lado, foram observadas diferenças na crua bacteriológica da MC causada por Escherichia coli e Klebsiella spp., uma vez que independentemente do tipo de tratamento (2d ou 8d) a maioria (98%) da MC causada por Escherichia coli apresentou cura bacteriológica. Na MC causada por Klebsiella spp. o tratamento com antibiótico aumentou a cura bacteriológica, porém o risco de descarte e secagem de quartos foram maiores nesse tipo de infecção.

Sendo assim, é de grande importância diferenciar o tipo de bactéria Gram-negativas causadoras de MC entre E.coli e Klebsiella spp., para que os protocolos de tratamentos sejam definidos de forma mais eficazes.

Fonte: Fuenzalida, M.J.; Ruegg, P.L. Journal of Dairy Science, v.102, p. 5438-5457, 2019.

Marcos Veiga dos Santos será um dos palestrantes do Interleite Brasil 2019, evento que começa na semana que vem nos dias 07 e 08 de agosto em Uberlândia/MG. Ele falará sobre o "Uso racional de antibióticos: status atual, tendências e soluções" no painel "Gestão da Qualidade do Leite". 

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MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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MONIQUE DIAS TAVARES

IRECÊ - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 25/11/2019

Excelente artigo. Para quem vive a realidade da produção de leite, os desafios e a vontade de achar soluções, esse conteúdo motiva. Acredito muito que, nos casos de MC, em cultura negativa, as terapias de suporte propiciam a melhora do quadro e o retorno da paciente à situação de "bem estar". É como dar munição ao sistema de defesa. Retirar a paciente do quadro de endotoxemia é importantíssimo. Parabéns aos autores. Outra coisa que precisa ser verificado é: Por quê as multíparas apresentam menores índices de CB. Identificar isso vai nos levar à melhora de vida produtiva das pacientes mais longevas. Obrigada pelo conteúdo.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/11/2019

Obrigado pelos comentários, Monique

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