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Suplementação mineral e vitamínica e suas relações com a mastite e a qualidade do leite - Parte 1*

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 22/11/2002

6 MIN DE LEITURA

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O adequado balanceamento da dieta das vacas leiteiras, buscando disponibilizar todos os nutrientes necessários para o perfeito funcionamento do organismo é uma das estratégias de comprovada eficácia para o aumento da resistência da vaca à ocorrência de doenças. Sendo assim, diversos investimentos de pesquisa e de desenvolvimento têm sido direcionados para o uso de estratégias de prevenção e de aumento da capacidade de resistência da vaca leiteira às doenças de uma forma geral. Devido ao elevado impacto econômico da mastite, a inflamação da glândula mamária, esta doença tem sido uma das mais pesquisadas na busca de ferramentas para aumentar a resistência do animal em relação às novas infecções e, conseqüentemente, da melhoria da qualidade do leite.

O grande interesse por estas estratégias que aumentam os mecanismos de defesa da glândula mamária, conhecidos coletivamente como resposta imune do animal, tem sido especialmente direcionado para o estudo dos efeitos da nutrição sobre esta resposta. Dentre os vários nutrientes necessários na dieta das vacas leiteiras, os micronutrientes - substâncias requeridas em pequenas quantidades na alimentação - como os minerais e vitaminas têm sido os mais estudados. Uma grande vantagem do uso da suplementação de micronutrientes na dieta como ferramenta para melhorar a resposta da vaca a infecções é o seu baixo custo, apresentando uma relação custo benefício favorável, quando aplicada de maneira conjunta com as demais medidas de controle recomendadas.

Vários micronutrientes (minerais e vitaminas) têm relação direta com o funcionamento adequado do sistema imune, o que, conseqüentemente, afeta a capacidade da vaca de responder ao desafio de uma nova infecção da glândula mamária. Os primeiros estudos que estabeleceram esta relação foram feitos na década de 80, estudando o efeito do selênio e vitamina E. Os resultados foram animadores e estimularam estudos com outros nutrientes como: vitamina A, beta-caroteno e, mais recentemente, zinco (Zn) e cobre (Cu).

Como os micronutrientes afetam a resposta imune da vaca ?

Para que a resposta imune seja eficiente é necessário destacar que todos os nutrientes requeridos na dieta são importantes. No entanto, alguns nutrientes parecem ter uma associação muito mais estreita com esta resposta, o que será discutido a seguir.

De maneira resumida, a maioria dos micronutrientes que afeta o sistema imune atua como substâncias antioxidantes, que nada mais são do que sistemas ou compostos que previnem ou reduzem os efeitos negativos da ação dos radicais livres. Na Tabela 1 é apresentada uma visão resumida da função dos principais micronutrientes no sistema imune.
 

 


O selênio (Se) é um micronutriente que desempenha papel essencial na função do sistema imune, visto que é um componente da enzima antioxidante glutationa peroxidase. Esta enzima desempenha papel importante na proteção das células e tecidos contra a ação dos radicais livres produzidos pelo metabolismo oxidativo das células, em especial nos leucócitos, as células de defesa do sistema imune, durante a fagocitose e mecanismos de eliminação dos microrganismos. Deficiências de Se resultam em diminuição da função do neutrófilo, que é uma das primeiras células de defesa responsáveis pela eliminação de bactérias invasoras da glândula mamária. Vacas que recebem suplementação de Se em quantidades adequadas apresentam casos de mastite clínica com menor duração e com menor severidade dos sintomas. Estes efeitos benéficos da suplementação com Se podem ser atribuídos à diminuição dos danos celulares causados pelos radicais livres e a maior eficiência da eliminação dos agentes causadores de mastite.

A vitamina E tem uma função biológica semelhante àquela do Se, pois este nutriente proporciona maior estabilidade e previne a degradação de lipídios presentes em membranas biológicas. A vitamina E tem impacto direto na produção de vários mediadores da inflamação e apresenta efeitos estimulatórios do sistema imune. A vitamina E pode ser encontrada em grandes quantidades em forragens verdes, mas a sua concentração diminui significativamente à medida que a planta envelhece e durante processos de conservação de forragens, como a ensilagem. Sendo assim, recomenda-se a suplementação de vitamina E na dieta através de fontes sintéticas para animais sem acesso a pastagens verdes. A suplementação de vitamina E em vacas leiteiras reduz significativamente a incidência de casos clínicos, diminui o número de infecções intramamárias após o parto e reduz a severidade e duração das infecções. Resultados de pesquisa apontam que ocorre um efeito sinérgico na suplementação de Se e vitamina E, uma vez que os resultados da suplementação associada apresentam-se superiores em comparação com a suplementação isolada destes micronutrientes. Os requerimentos de Se e vitamina E são especialmente importantes no período seco, que se constitui um dos períodos mais críticos com relação à ocorrência de novas infecções.

A vitamina A e o seu precursor, o ß-caroteno, são nutrientes que se destacam pelas suas funções na visão, no crescimento celular normal e na integridade de epitélios e mucosas. A vitamina A possui uma função importante na reposta ao estresse, o qual apresenta efeito depressor do sistema imune. Por sua vez, o ß-caroteno pode atuar de maneira independente da vitamina A como substância antioxidante, inativando radicais livres e protegendo membranas contra a sua degradação. Ambos, vitamina A e ?-caroteno apresentam efeitos estimulatórios do sistema imune e aumento da resistência a doenças.

O cobre é um nutriente essencial para a síntese de hemoglobina, além de desempenhar funções antioxidantes através da enzima cobre-dependente, chamada superóxido dismutase, podendo ser encontrado também na ceruloplasmina. Estas duas proteínas são importantes para a função do sistema imune, em parte devido à ação protetora contra radicais livres produzidos pelo metabolismo celular e adicionalmente devido à função moduladora do sistema imune. Estudos indicam que deficiências de cobre em vacas resultam na redução da capacidade bactericida dos leucócitos, principalmente no período peri-parto. Quando esta deficiência estiver associada a outras deficiências como a de vitamina E, vitamina A e ?-caroteno, ocorre redução da capacidade de resposta imune da vaca. A suplementação de cobre em níveis adequados na dieta proporciona redução no número de quartos infectados no parto e também no número de quartos infectados pelos principais patógenos causadores de mastite. Vacas suplementadas com cobre na dieta tendem a apresentar redução na CCS quando comparadas com vacas que não recebem a suplementação.

Além das funções desempenhadas no metabolismo normal, o zinco (Zn) tem sido associado à função imune. Inicialmente, podemos destacar a função essencial do Zn na integridade da pele e em especial da glândula mamária, pois esta é considerada a primeira barreira natural contra a entrada de bactérias para o interior da glândula mamária. O Zn é, juntamente com o cobre, um componente do sistema antioxidante superóxido dismutase, que apresenta função protetora das membranas celulares contra a ação oxidativa dos radicais livres. As deficiências de Zn podem resultar em maior susceptibilidade a infecções secundárias, as quais podem ser revertidas pela sua suplementação.

Em resumo, a adequada nutrição de vacas leiteiras desempenha um papel essencial na capacidade de resposta a infecções, não apenas devido aos efeitos negativos de dietas não balanceadas, mas principalmente porque a ingestão de quantidades insuficientes de micronutrientes pode afetar significativamente a imunidade da glândula mamária. Desta forma, é fundamental assegurar que níveis adequados de todos os nutrientes, em particular dos micronutrientes citados, sejam oferecidos para as vacas. Por outro lado, é necessário esclarecer que o fato de um micronutriente ter uma função importante no sistema imune não necessariamente garante que a sua suplementação trará efeitos positivos sobre a resposta imune, e, conseqüentemente, sobre a mastite. Desta forma, considera-se que o animal deve receber via dieta uma quantidade ótima de nutrientes para a sua máxima capacidade de resposta imune e produção de leite. Quando a vaca não está recebendo este nível ótimo (o qual nem sempre é conhecido), é que os efeitos da suplementação são notados, sendo que alguns nutrientes podem até ter efeito tóxico em suplementações muito elevadas.

* Originalmente publicado na Revista Balde Branco. p. 87-91, 2002.

 

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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FERNANDA DOS SANTOS TEIXEIRA

GARANHUNS - PERNAMBUCO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 27/04/2021

Sou criadora de vaca leiteira veio tendo muito problema com mastite como posso fazer um tratamento diferenciado entre essas vacas.
GUSTAVO LIMA FREITAS NUBES

PONTES E LACERDA - MATO GROSSO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/06/2017

Boa noite. tem como você disponibilizar o artigo pra mim fazer a citação

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