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Secagem seletiva: benefício ou maior risco de cura e de novas infecções intramamárias?

POR BRUNA GOMES ALVES

E MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 30/06/2020

4 MIN DE LEITURA

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A terapia de vaca seca (TVS) é uma das mais conhecidas medidas de controle de mastite. Baseia-se na aplicação de um antimicrobiano específico para vacas secas nos quartos mamários no momento da secagem, sendo altamente recomendada em todos os rebanhos leiteiros. A TVS atua em dois princípios fundamentais de controle de mastite: 1) cura das infecções existentes no momento da secagem e 2) prevenção de novas infecções que possam surgir durante o período seco.

Na maioria dos países, recomenda-se a terapia de vaca seca em todas vacas e quartos mamários aptos à secagem, sem nenhum critério de seleção das vacas. O uso da TVS em todas as vacas contribuiu para a diminuição da CCS e da prevalência de infecções intramamárias (IIM), especialmente por bactérias contagiosas (S. aureus e S. agalactiae).

Porém, nas fazendas com baixa CCS do tanque (média anual < 250.000 cels/ml), o uso preventivo de antimicrobianos tem sido cada vez mais questionado e criticado, principalmente pelo desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos, o que ameaça a saúde pública. Atualmente, a TVS representa cerca de um terço do total de antimicrobianos utilizados em vacas lactantes nos Estados Unidos. Diante disto, algumas alternativas visando a diminuição do uso de antibióticos vem sido implantadas em alguns rebanhos, dentre elas a terapia seletiva de vaca seca (TSVS). A terapia seletiva baseia-se em avaliar necessidade de tratamento em cada vaca em especifico, afim de não fazer uso de antimicrobianos nas vacas sadias. Dessa forma, somente quartos ou vacas com mastite são tratados com antibiótico de vaca seca.

Os principais critérios de seleção de vacas/quartos para uso da terapia seletiva de vaca seca são os registros mensais de CCS, histórico de mastite clínica e resultado de cultura microbiológica antes da secagem. Porém, embora a terapia seletiva possa reduzir os custos com tratamento e diminuir o uso de antimicrobianos, poucos rebanhos conseguem implementá-la, devido à logística da secagem, falta de registros, custos com diagnósticos ou insegurança quanto à saúde da vaca. Além disso, quando usada de forma inadequada, a TSVS pode aumentar o risco de novas mastites durante o período seco e no pós-parto. Diante disto, um estudo norte-americano comparou a secagem seletiva baseada em cultura microbiológica (cult-TSVS) com a secagem seletiva baseada em algoritmos (alg-TSVS; histórico de mastite clínica, CCS prévia) sobre a dinâmica de infecções no período seco e início de lactação e uso de antimicrobianos na secagem.

Dois dias antes da data prevista de secagem, as vacas foram distribuídas aleatoriamente em três tratamentos (TVS, cult-TSVS e alg-TSVS) e coletas de leite por quarto mamários foram realizadas para cultura microbiológica. No dia da secagem, todas as vacas do grupo TVS receberam o tratamento de vaca seca, enquanto nas vacas cult-TSVS somente foram tratados os quartos com crescimento de microrganismos na cultura microbiológica e nas vacas do grupo alg-TSVS foram tratados todos os quartos quando houve mais que 2  casos clínicos de mastite na lactação ou CCS >200.000 cels/mL. O selante interno de tetos foi aplicado em todos os quartos mamários das vacas dos três tratamentos. Após o parto foram realizadas coletas de leite por quarto nas duas primeiras semanas de lactação.

O uso de antimicrobianos nas vacas TVS foi de 100%, enquanto nas vacas cult-TSVS de 45,8% e nas alg-TSVS foi de 44,8%. Sendo assim, o uso da terapia seletiva foi reduziu o uso de antimicrobianos em nível de quarto mamário em cerca de 55%. Embora a redução do uso de antimicrobianos tenha sido a mesma em ambos os tratamentos de TSVS, há alta variação de uso dentro de cada grupo, que pode ser influenciada por fatores como prevalência de infecções intramamárias (IIM) subclínicas ou risco de contaminações na coleta de leite anteriormente à secagem.

Com relação às mastites pós-parto, a prevalência geral foi de 25,4%, sendo que 59% das vacas tiveram pelo menos um quarto mamário infectado. A prevalência de IIM causadas por estafilococos não-aureus foi a maior (14,8%), sendo S. chromogenes a espécie mais comumente encontrada em quartos infectados (8%). Nos primeiros dias de lactação, a prevalência geral de IIM foi de 23% e a espécie mais isolada foi também S. chromogenes, que infectou cerca de 5% dos quartos mamários. Por outro lado, a prevalência de IIM por bactérias Gram-negativas foi de apenas 1,9%, o que foi atribuída pelos autores à boa eficácia do selante interno de tetos, independentemente do grupo de tratamento.

A cura das IIM existentes no período seco foi de 87.5%, similar entre os tratamentos avaliados. O risco de novas IIM durante o período seco também foi similar entre os grupos de tratamentos, de 20,1% (Figura 1).

Figura 1. Risco de cura das infecções intramamárias (IIM) existentes e novas IIM no período seco por tipo de tratamento de vaca seca.

terapia vaca seca secagem seletiva
Fonte: Adaptado de Rowe et al., 2020

Os resultados desta pesquisa indicaram que os quartos mamários submetidos à secagem seletiva apresentaram as mesmas chances de cura no período seco e risco de novas infecções pós-parto do que aqueles submetidos à TVS. A principal vantagem da terapia seletiva baseada em quartos mamários (cult-TSVS) é a redução do uso de antimicrobianos na secagem, em comparação com a terapia em nível de vaca (alg-TSVS). Esta última pode apresentar maior variação nas respostas já que o critério de seleção é muito variável, embora a maioria dos estudos recomendem os casos de mastite clínica e a CCS. Dessa maneira, embora com custo maior de implantação, a combinação de cultura microbiológica aliada ao histórico de doenças das vacas e CCS, pode ser uma alternativa eficiente de seleção para aqueles animais que não necessitam de antimicrobianos na secagem, sendo o uso de selante interno de tetos a única terapia.

Fonte: Rowe et al., 2020 – Journal of Dairy Science

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MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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