O aumento da freqüência de ordenhas de vacas leiteiras resulta no aumento da produção diária. Porém, para que o aumento da produção leiteira seja mantido é necessária melhoria na nutrição e sanidade. Várias situações podem justificar o aumento do número de ordenhas diárias, como a busca de diluição de custos fixos das instalações, o elevado mérito genético dos animais e a possibilidade de maior lucro por vaca.
Quanto o produtor considera o aumento da freqüência de ordenhas como estratégia de manejo, surgem algumas questões importantes, cujas respostas ajudam na tomada de decisão: "Qual a resposta esperada? Existe efeito residual da diminuição do número de ordenhas durante a lactação?" Estas questões, ainda que muito simples, podem gerar respostas conflitantes entre vários pesquisadores e especialistas, dificultando a decisão de alteração do regime de ordenhas.
Resposta fixa para o aumento do número de ordenhas
A maioria dos produtores e técnicos considera que a passagem do regime de 2 para 3 ordenhas diárias resulta em aumento de cerca de 15 a 20% de produção. No entanto, para rebanhos de alta produção, a observação mais comum de técnicos de campo é uma resposta fixa, representando aumento de 3 a 3,5 kg de leite/vaca/dia. Não é encontrada na literatura cientifica uma avaliação definitiva se o aumento da produção de leite é uma porcentagem da produção prévia ou uma resposta fixa. Através de uma análise completa de todos os trabalhos de pesquisa sobre o assunto, observa-se ampla variação de resultados. Em média, no entanto, a resposta para a mudança de 2 para 3 ordenhas diárias é estimada em 3,5 kg de leite/vaca/dia, sendo que, para a mudança de 2 para 4 ordenhas a resposta média é de 4,9 kg/vaca/dia.
Para vacas de alta produção, a diminuição de 2 para 1 ordenha diária pode causar redução média de 6,2 kg de leite/vaca/dia. Este resultado é interessante, pois muitos produtores costumam reduzir para uma ordenha diária as vacas no final da lactação, o que, em muitos casos, pode representar redução da capacidade produtiva da vaca.
Tabela 1 - Diferença da produção de leite com várias freqüências de ordenha
A grande maioria dos estudos avalia as respostas de produção para a mudança de 2 para 3 ordenhas. Neste caso não foi identificada uma equação de regressão para estimar a resposta com base na produção prévia de leite. Ou seja, os benefícios da mudança para 3 ordenhas/dia parecem que são fixos e não proporcionais ao nível prévio de produção do rebanho.
A porcentagem de gordura sofre redução com o aumento da produção de leite. Mesmo assim, o aumento para 3 ordenhas diárias gera aumento significativo de produção de gordura de 92 g/vaca/dia. Este aumento não é dependente do nível de produção do rebanho. Quanto aos níveis de proteína, o número de estudos é insuficiente para conclusões mais precisas, mas, mesmo assim, pode-se observar aumento de 84 g/vaca/dia. Para os estudos que dividiram as vacas analisadas em primíparas e multíparas, o aumento para 3 ordenhas diárias foi em média de 3,3 kg para primíparas e 3,5 kg para multíparas. Adicionalmente, vacas que são ordenhadas mais freqüentemente no início da lactação (6 primeiras semanas), por exemplo, em regime de 6 ordenhas diárias, apresentam efeito residual positivo durante toda a lactação, mesmo depois do retorno para o regime de 3 ordenhas. Isto significa que a ordenha freqüente de vacas nas primeiras semanas de lactação resulta em aumento da produção de leite por toda a lactação, quando se compara com vacas que não foram submetidas a este aumento da freqüência.
Portanto, os produtores de leite que estão considerando aumentar a freqüência de ordenhas necessitam, antes de mais nada, avaliar se os benefícios do aumento da produção de leite e de componentes (gordura e proteína) cobrem os custos adicionais de alimentação, trabalho e energia elétrica. Os resultados deste estudo apontam que, em muitos casos, as estimativas de aumento da produção de leite baseadas em porcentagem da produção prévia podem estar incorretas.
Fonte: Increasing Milking Frequency. Western Canadian Dairy Seminar, 2002.