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Prova do álcool e sua relação com a qualidade do leite |
MARCOS VEIGA SANTOS
Professor Associado da FMVZ-USP
Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260
18 |
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MARCOS VEIGA SANTOSPIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 26/11/2015
Prezada Letícia,
A mastite causada por S. aureus é do tipo contagiosa, o que significa que a transmissão ocorre de vaca para vaca durante a ordenha. Sendo assim, uma forma de evitar a transmissão seria pela linha de ordenha (ordenhar por último ou de forma separada em conjunto de ordenha separado) as vacas positivas para S. aureus. Não necessita de uma separação física em outro retiro, mas sim uma linha de ordenha para ordenhas as vacas sadias antes das vacas doentes. Isso significa que é necessário que seja feita a cultura de todas as vacas, com pelo menos 3 coletas por vaca, para ter certeza de que uma vaca é realmente negativa. Este procedimento somente deve ser adotado para rebanhos que tem como objetivo um controle mais rígido de S. aureus ou em razão de uma elevada prevalência deste agente. Em relação ao tratamento, é uma simplificação muito grande dizer que mastite causada por S. aureus não tem cura. Na verdade, seria mais correto dizer que este tipo de mastite tem uma taxa de cura menor, o que significa que as terapias mais convencionais tem cura baixa. Fizemos estudo com tratamento de S. aureus com terapia combinada (Intramamario por 5 dias + injetável a base de enrofloxacina por 3 dias) e a taxa de cura foi de 70% para mastite subclínica em vacas com mastite crônica. Outra opção é aguardar a secagem e realizar a terapia da vaca seca associada com tratamento injetável no momento da secagem. A minha recomendação para descarte seria somente para vacas com histórico de mastite crônica (mais de 2-3 casos clínicos na mesma lactação) e que já passaram por um processo de secagem e não apresentaram cura. Atenciosamente, Marcos Veiga dos Santos |
MARCOS VEIGA SANTOSPIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 13/06/2014
Prezado Francisco, o teste do álcool ou do Alizarol deve ser feito em leite cru para avaliar a estabilidade do leite. Sendo assim, este teste não seria recomendado para o leite em pó, que já sofreu tratamento térmico.
Atenciosamente, Marcos Veiga |
MARCOS VEIGA SANTOSPIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 20/01/2014
O usuário João Rego (Presidente Epitácio - São Paulo - Produção de leite (de vaca)) adicionou um comentário à notícia Prova do álcool e sua relação com a qualidade do leite :
Peço que me informe: Aqui na minha região quando o laticinio reprova o leite os responsaveis pelo resfriador faz o teste individual de produtor com o leite ainda quente. Pelo que me informei o leite quente pode causar instabilidade dar um positivo falso com o alizarol, foi o que aconteceu e acontece com meu leite. Pergunta: meu leite da positivo no teste logo que retiro da vaca, retirei direto dos peitos das vacas e ocorreu essa suposta acidez, fizemos novamente ao retirar todo o leite das vacas e colocamos no freezer, no dia seguinte fizemos o teste com alizarol ele se mostrou totalmente sem o problema o meu leite nesse caso meu leite poderia ser entregue no resfriador? <strong>Prezado João, o teste do Alizarol apresenta sim algumas interferências como esta situação que você mencionou. O teste do Alizarol foi inicialmente desenvolvido para leite "quente", pois foi desenvolvido há mais de 100 anos, quando não havia resfriamento do leite de forma generalizada. No entanto, hoje é usado normalmente para leite resfriado. É muito difícil dizer que o resultado inicialmente positivo foi somente por causa da temperatura, mas este pode ser um fator que interferiu. Um problema deste teste é de que podem existir outros fatores que interferem nos resultados e neste caso, não se poder dizer que foi somente a temperatura do leite. Conforme discutido nas mensagens anteriores, este teste não é recomendado para ser feito em leite de vacas individuais, pois foi desenvolvido para leite de tanque ou de latão. Atenciosamente, Marcos</strong> |
EVERTON EDUARDO BELCHIOR DE JESUSAGUAÍ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 16/01/2014
Marcos entendi perfeitamente o artigo, mas minha pergunta é um pouco diferente e inversa do tema. Tenho um cliente que produz doces, especificamente ambrozia. Este produto é necessário a coagulação acida para iniciar a produção e o caso aqui é inverso do comentado no artigo. Esta empresa necessita que o leite coagule ou coalhe para então dar sequencia no processo. Esta coagulação é forçada por temperatura e adição de um acido, normalmente cítrico (suco de limão ou solução padrão). O que esta ocorrendo é que determinados lotes no recebimento ou latões quando são submetidos ao tratamento térmico e adição do acido não coagula. Não forma "grumos". Podemos acreditar que algo esta errado com algum dos animais?? Não tenho tanta experiencia no assunto leite mas sou conhecedor do produto Ambrozia. Confesso que é a primeira vez que vejo um leite que não coalha/coagula na presença de ácido e temperatura. Tentei adicionar mais acido quando o leite não coagula na dosagem padrão mas não funcionou. O produto chegou a ficar com sabor azedo mas não coagulou. Agradeço ajuda desde já.
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JOÃO REGOPRESIDENTE EPITÁCIO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE EM 15/12/2013
Peço que me informe:
Aqui na minha região quando o laticinio reprova o leite os responsaveis pelo resfriador faz o teste individual de produtor com o leite ainda quente. Pelo que me informei o leite quente pode causar instabilidade dar um positivo falso com o alizarol, foi o que aconteceu e acontece com meu leite. Pergunta: meu leite da positivo no teste logo que retiro da vaca, retirei direto dos peitos das vacas e ocorreu essa suposta acidez, fizemos novamente ao retirar todo o leite das vacas e colocamos no freezer, no dia seguinte fizemos o teste com alizarol ele se mostrou totalmente sem o problema o meu leite nesse caso meu leite poderia ser entregue no resfriador? |
MARCOS VEIGA SANTOSPIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO EM 16/04/2013
Prezada Gabriela, ambas as provas (Alizarol e Dornic) podem ser consideradas provas oficiais, pois estão previstas na legislação. No entanto, uma prova pode ser considerada rápida e deve ser feita no leite antes da coleta (Alizarol) e a outra deve ser feita em laboratório (Dornic).
Ambas as provas podem ser usadas em conjunto para avaliar a estabilidade do leite e a acidez titulável. Atenciosamente, Marcos Veiga |
GABRIELA MOLINARI DAROLDCUIABÁ - MATO GROSSO - ESTUDANTE EM 13/04/2013
Olá. Estou fazendo um trabalho da faculdade e queria saber porque a prova de pH para avaliar acidez do leite não é mais indicada oficialmente pelo MAPA? Então qual é a prova mais específica para identificar acidez no leite?
Lendo o seu texto eu entendi a princípio que deve ser feita a prova do álcool... E a prova do alizarol e do método Dornic? Não são provas eficientes e melhores que somente a medição do pH? |
GLAUCIO GURGEL SPINOLAOUTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 16/06/2005
Prezado Dr.marcos Veiga
Após visita em um de nossos cooperados com problema de acidez em seu rebanho, verifiquei a falta de higiene na ordenha, solucionado o problema o leite ainda está dando positivo ao teste de álcool a 72º nos latões na plataforma de recepção, gostaria de saber se a acidez também está relacionada ao problema de mastite, pois em diversas literaturas isto é improvável, como no casso do caderno técnico da escola de veterinária da UFMG, pág. 66 e 67, que diz "logo o leite de vacas com mastite possui maior teor de sódio, menor concentração de potássio, cálcio e fósforo, um pH maior e consequentemente, uma menor acidez titulável." (Rodrigues et al). Gostaria de saber se realmente a mamite causa acidez e qual outro microrganismo que pode também causar esta anormalidade? Certo do seu esclarecimento, desde de já agradeço. Gláucio Gurgel Spínola. <b>Resposta do autor:</b> Prezado Glaucio, A publicação está absolutamente correta sobre o efeito da mastite no pH do leite, que é de aumentar (torna o leite mais alcalino). No entanto, temos que lembrar que o teste do álcool (ou do Alizarol) não mede exclusivamente o pH e sim a estabilidade da proteína do leite (caseina) à coagulação. Neste caso, quando o teste dá positivo podemos ter duas possibilidades: 1) o leite está ácido e, portanto o leite coagula mais fácil pelo teste do álcool ou quando for aquecido; 2) o leite não está ácido (pH normal) , no entanto está instável pois o teste do álcool indica a coagulação. Não temos certeza sobre as razões pelas quais o leite coagula mesmo sem estar ácido, mas temos como possíveis causas: a mastite, pois altera a proporção de proteína do leite, a genética e a alimentação. Atenciosamente, Marcos Veiga |
LUIZ FERNANDO PEREIRA VIEIRAOUTRO - RIO DE JANEIRO - ESTUDANTE EM 07/02/2002
Sou bolsista de iniciação CNPq, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), e fiz análises comparando o teste Alizarol com o pH do leite analisado em uma fazenda localizada em Travessão, em Campos dos Goytacazes, RJ. O teste do Alizarol se apresentou falho em aproximadamente 70%, tendo como padrão de normalidade o pH entre 6,6 e 6,8. Essa é uma problemática séria, pois afeta diretamente a renda do produtor, pelo fato de seu leite não ser aceito pela cooperativa, devido a falhas nos métodos de avaliação do leite.
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HERCILIO DE MATOS NETOJOAÇABA - SANTA CATARINA - MÉDICO VETERINÁRIO EM 07/02/2002
Sou veterinário e trabalho em uma cooperativa (COPERIO-Cooperativa Rio do Peixe) localizada em Santa Catarina, no município de Joaçaba, e presto assistência técnica aos associados produtores de leite. A cooperativa possui um posto de recebimento e resfriamento de leite, para posteriormente repassar para a indústria, no caso Lacticínios Tirol, localizado no município de Treze Tilias-SC. Como a nossa coleta é 100% granelizada, o teste do álcool é feito na propriedade usando uma concentração de 78% no álcool. Tenho encontrado vários problemas com relação ao leite não ter resistência ao álcool, mas apresentar baixa titulação de acidez e prova de redutase considerada boa. Baseado no artigo do Milkpoint sobre a prova do álcool eu pergunto: 1) Este problema pode ser considerado como Síndrome do Leite Anormal? 2) A concentração do álcool a 78% não é muito alta, fazendo com que sejam descartados altos volumes de leite na propriedade por não resistir a essa concentração? 3) Como proceder no caso da Síndrome do Leite Anormal, qual tratamento utilizar para esses animais? 4) A indústria exige o uso de álcool na propriedade na concentração de 78%, no posto da cooperativa 76%, e, ao chegar na indústria 75% para ser considerado Longa Vida ou, caso não passe, é utilizado 74% para leite "C", e 73% para queijo, e abaixo de 73% é considerado leite ácido e é descartado para industrialização. Gostaria que fossem feitos comentários sobre estas concentrações, se estão corretas, quais outras provas poderiam ser utilizadas para avaliar a resistência do leite ao aquecimento?
Resposta: <i><font color="#006666">Este é um tema que tem sido bastante questionado e que não está totalmente esclarecido. O artigo que colocamos sobre a prova do álcool foi uma síntese sobre o que foi discutido em uma lista da FAO, com participações de vários países. De qualquer maneira, vamos procurar responder às suas questões. 1) Este problema pode ser considerado como Síndrome do Leite Anormal? Não temos a caracterização da síndrome do leite anormal no Brasil. Apenas suspeitamos que possa ocorrer. 2) A concentração do álcool a 78% não é muito alta, fazendo com que seja descartado altos volumes de leite na propriedade por não resistir a essa concentração? A medida que é aumentada a concentração do álcool maior é o desafio aplicado sobre a proteína do leite. Eu não tenho um parâmetro para considerar se este valor (78) é alto, pois a maioria das índustrias usa um determinado valor, enquanto o Ministério da Agricultua recomenda a concentração de 68%. Estamos desenvolvendo um estudo avaliando as várias concentrações, mas não temos uma conclusão ainda. 3) Como proceder no caso da Síndrome do Leite Anormal, qual tratamento utilizar para esses animais? O ponto principal é caracterizar todos os aspectos, como composição do leite, sistemas de alimentação e a genética dos animais. Não podemos afirmar que existe pois não existem trabalhos de pesquisa sobre esta síndrome no Brasil. 4) A indústria exige o uso de álcool na propriedade na concentração de 78%, no posto da cooperativa 76% e, ao chegar na industria, 75% para ser considerado Longa Vida, ou, caso não passe, é utilizado 74% para leite "C", e 73% para queijo, e abaixo de 73% é considerado leite ácido e é descartado para industrialização. Gostaria que fosse feito comentários sobre estas concentraçõs, se estão corretas, quais outras provas poderiam ser utilizadas para avaliar a resistência do leite ao aquecimento? A prova do álcool apresenta como principal vantagem a sua rapidez, no entanto, ela pode apresentar falhas, como aquelas discutidas no artigo. Um ponto fundamental é que, caso o leite sofra coagulação, é provável que isto também ocorra quando o leite for aquecido (UHT ou outro processo). No entanto, isto é muito mais crítico para o leite UHT, pois as temperaturas são muito mais elevadas. O principal ponto é que ainda não existe um consenso em qual a origem desta instabilidade, visto que em muitos casos o leite foi resfriado e apresenta baixa carga microbiana, a qual é a causa mais comum de leite ácido. Infelizmente não tenho a resposta para esta questão (talvez ninguém tenha), mas acredito que possa estar ligado a nutrição (deficiencia proteica ou mineral, como P e Mg) e ainda a genética do animal (variantes genéticas que apresentam menor estabilidade da proteína). (Marcos Veiga dos Santos)</i></font> |
VALERIO PAIM DE AVELLARTUPARENDI - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 29/10/2001
Normalmente encontramos problemas por falta de resfriamento e isso ocorre nos meses mais quentes, porém há casos em que não existe falta resfriamento, sendo observado dietas desequilibradas em prot/energ, e ainda leite com relação prot/gord totalmente alterada sendo gordura muito baixa, e proteína também.
Outros casos com leite normal em outros testes(gord,prot,dornic,ph,ccs e negativo) para mastites, só conseguimos observar que as pastagens eram ricas em potássio e isso, aparentemente, provocava falso positivo no teste do álcool. Fatores como a temperatura do local onde o álcool é graduado em relação ao ambiente externo, ou seja, nas propriedades também provoca inúmeros falso-positivos, pois dentro do laboratório a temperatura não passa de 20 e poucos graus e no campo podemos ter muitos graus acima de 30. Muitos países desenvolvidos aboliram estas provas há muito mais de 50 anos. Se realmente tivéssemos qualidade em resfriamento de leite nós também não utilizaríamos mais. Muitos falam em mastite provocar leite ácido, o contrário sim é verdadeiro, a maioria das mastites provoca leite alcalino não tendo relação com a prova do álcool. |
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