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Prednisolona e cefapirina atuam sinergicamente no tratamento de mastite ambiental

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 31/01/2014

4 MIN DE LEITURA

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Tiago Tomazi*
Marcos Veiga dos Santos

Dentre as bactérias gram-negativas causadoras de mastite, Escherichia coli é um dos patógenos mais importantes e estudados. Os casos clínicos de mastite causada por E. coli são geralmente graves, agudos e acometem vacas de alta produção durante o periparto e início de lactação. As vacas acometidas podem apresentar sintomas clínicos graves que incluem depressão, perda de apetite, febre alta, destruição do tecido mamário, além de poder causar a morte da vaca.

Atualmente, vários protocolos terapêuticos são recomendados para o tratamento de mastite causada por E. coli. Contudo, o uso de antimicrobianos para o tratamento de infecções intramamárias (IIM) causadas por patógenos gram-negativos ainda é controverso. Alguns estudos prévios relataram a inexistência de efeitos benéficos do tratamento com antimicrobianos para casos de mastite clínica causada por E. coli, e portanto, não recomendam o tratamento de casos de grau leve a moderado devido à duração normalmente curta e auto-limitante da inflamação causada por bactérias gram-negativas. Sendo assim, alguns protocolos terapêuticos atuais não incluem o uso de antimicrobianos em casos de mastite causada por coliformes, exceto em casos clínicos graves e com presença de febre. Contrariamente, outros estudos relataram eliminação mais acelerada de bactérias causadoras de mastite, aumento da taxa de sobrevivência das vacas, redução da reação inflamatória na glândula mamária e redução de perdas de produção de leite com uso de antimicrobianos.

A mastite causada por E. coli, particularmente em casos graves com envolvimento sistêmico, está associada com alta concentração de citocinas na glândula mamária. Citocinas são moléculas formadas por pequenas proteínas ou peptídeos, que regulam a duração e a intensidade da resposta inflamatória desencadeada pelo sistema imune da vaca. Estudos relataram que o uso de anti-inflamatórios esteroides em combinação com antimicrobianos pode amenizar os sintomas clínicos desencadeados pela mastite causada por coliformes.

Resultados de um estudo recente indicam que a aplicação de dexametasona por via intramuscular após desafio experimental intramamário com E. coli reduziu os sinais clínicos locais da inflamação e manteve a motilidade ruminal de vacas durante a fase aguda da mastite. Além disso, as vacas tratadas com dexametasona apresentaram neutropenia diminuída e menor redução da produção de leite aos 14 dias após a infecção bacteriana.

Os efeitos anti-inflamatórios dos corticosteroides são mediados pela indução ou repressão da expressão de genes. A produção de citocinas por células inflamatórias é inibida pela inativação de fatores de transcrição presentes nas células. Devido à inibição desses fatores, os componentes da resposta inflamatória, os quais incluem a ativação e recrutamento de células de defesa (eosinófilos, basófilos e linfócitos), são inibidos, bem como a liberação de citocinas e mediadores inflamatórios. Desta forma, a produção de citocinas é inibida em larga escala pela ação de corticosteroides.

A terapia combinada de um agente antimicrobiano com um anti-inflamatório corticosteroide para o tratamento de mastite causada por coliformes é um protocolo bastante utilizado em países onde o uso de tais produtos é permitido. No entanto, o efeito da terapia combinada sobre a resposta imune local de vacas ainda não está totalmente esclarecido. Um estudo recente realizado pela Universidade Cornell, EUA, avaliou o efeito da terapia intramamária com prednisolona (anti-inflamatório corticosteroide), em combinação com cefapirina (antimicrobiano do grupo das cefalosporinas) sobre a dinâmica da resposta inflamatória de vacas com mastite causada por E. coli.

Seis vacas da raça Holandesa no terço médio de lactação foram desafiadas por meio de infusão intramamária de uma cepa de E. coli causadora de mastite. Após diagnóstico da infecção intramamária, as vacas foram tratadas às 4, 12, 24 e 36 horas com 300 mg de cefapirina em um dos quartos e uma combinação de 300 mg de cefapirina e 20 mg de prednisolona nos outros dois quartos mamários. Um dos quartos mamários foi submetido à infusão intramamária de E. coli, porém, não recebeu qualquer tipo de terapia intramamária. Os escores clínicos, contagem de células somáticas (CCS) e escores de CMT, bem como os níveis de citocinas (IL-1β, IFN-γ, IL-4, e IL-10) e o crescimento bacteriano no leite (cultura microbiológica) foram avaliados a cada seis horas. Quarenta e oito horas depois de diagnosticada a mastite, as vacas foram eutanasiadas para coleta de tecido mamário.

Todos os quartos mamários com mastite causada por E. coli e que não receberam tratamento com antimicrobiano apresentaram aumento das concentrações de todas as citocinas avaliadas, com consequente aumento da contagem de neutrofilos polimorfonucleares (células de defesa). A administração de cefapirina, independentemente da combinação com prednisolona, reduziu o crescimento bacteriano, e consequentemente, reduziu as concentrações de citocinas na glândula mamária. O nível de recrutamento de células de defesa foi mais baixo em quartos tratados com cefapirina combinada com prednisolona, seguido de quartos tratados apenas com o antimicrobiano.

A combinação de cefapirina e prednisolona apresentou efeito sinérgico neste estudo, fato observado pela menor reação inflamatória na glândula mamária e pela redução mais acelerada da CCS e do escore de CMT em comparação ao tratamento apenas com cefapirina. Entretanto, independente do protocolo terapêutico a ser adotado, a decisão de quando e como tratar a mastite causada por E. coli depende da gravidade de cada caso. De forma geral, a resolução de um caso de mastite causada por coliformes será determinada principalmente pela resposta imune de cada vaca no momento e durante a infecção, e não somente pelo patógeno causador ou suas características de patogenia. Deve-se ressaltar que o uso de anti-inflamatório corticosteroide em vacas prenhes no último trimestre de gestação pode causar indução do parto e aborto.

Fonte: Sipka, A.; Gurjar, A.; Klaessig, S.; Duhamel, G. E.; Skidmore, A.; Swinkels, J.; Cox, P.; Schukken, Y. J. Dairy Sci. 96:4406–4418, 2013.
*Doutorando do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Produção Animal, FMVZ-USP.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 12/09/2014

Prezado Romulo, neste caso, ambos os tratamentos foram feitos por via intramamária. O anti-inflamatório estava inserido na fomrulação do antibiótico.

atenciosamente, Marcos Veiga
ROMULO GOMES DE OLIVEIRA

PALMEIRA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/09/2014

Professor, ambas as aplicações foram via intramamárias, ou intramamária e injetável?
ROMULO GOMES DE OLIVEIRA

PALMEIRA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 10/09/2014

Parabéns pelo artigo professor Marcos,
MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PIRACICABA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/03/2014

Abertas as inscrições para o curso online AgriPoint de Qualidade do Leite e Manejo de ordenha. Começa no dia 31/03. Não perca a oportunidade de aprender com um dos maiores nomes na área: Marcos Veiga dos Santos. Para mais informações acesse: https://www.agripoint.com.br/curso/qualidade-leite/
DENILSON BORGHI

SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 18/02/2014

Sem dúvida a matriz de desenvolvimento de qualquer protocolo para mastites deve ser a pesquisa do patógeno e de suas sensibilidades. Em se tratando de mastites ambientais, isso fica impossível pois não há um "patógeno" a ser testado ou analisado, somente a inflamação a ser tratada, e eventualmente uma infecção secundária resultante do trauma da inflamação. Por isso o tratamento com anti inflamatórios o quanto antes traz bons resultados, previne lesões e o desenvolvimento de mastites infecciosas, mais onerosas e agressivas e devolve o conforto ao animal, retornando a produção.
Devemos levar em consideração os anti inflamatórios não hormonais (os famosos AINS), do qual a FLUNIXINA tem alcançado excelentes resultados, principalmente por ter também efeito antiendotóxico. Principalmente por não causar aborto.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2014

Prezado Juarez, o controle da mastite não deve ser feito somente com o foco em tratamento, pois esta doença não pode ser erradicada e sim controlada por meio de medidas de prevenção. Na minha opinião, um dos caminhos seria ter um bom profissional para auxiliar na identificação e diagnóstico da situação atual e a partir de então, procurar as causas e melhores medidas de controle.

No caso do controle de mastite, não existe uma única medida, que seja 100% eficaz no controle. Deve-se empregar um conjunto de medidas na forma de um programa de controle.

Atenciosamente, Marcos Veiga
JUAREZ SEBASTIAO DE SOUSA JUNIOR

PORANGATU - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/02/2014

estou com dois problemas, um é a mastite, ja fiz varios remedios e vacinas, passa alguns dias e volta de novo, pomada intra mamaria, varios remedios injetaveis e nada esta adiantando, e outro problema é indice muito baixo de prenhez, falo IATF, em todas e o indice nao passa de 20%. Nao sei mais o que faço, por que tudo que os veterinarios pede pra fazer e querem fazer, eu faço, mais nao esta adiantando, agora estou procurando explicaçao e ajuda pena internet.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2014

Prezado Rodrigo, obrigado pelo comentário. Concordo que esta situação ocorre com a grande maioria de todos os produtores (não somente com os pequenos). Atenciosamente, Marcos Veiga
ANTONIO RODRIGUES LIMA FILHO

ANAJATUBA - MARANHÃO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 12/02/2014

Gostei muito do artigo publicado , porém temos bastante dificuldade de diagnostico como bem relatou o colega rodrigo briscke.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/02/2014

Prezado gildo, conforme coloquei na resposta anterior (ao Paulo), a intenção do nosso artigo não foi em relação ao antibiótico, cuja resposta depende de vários fatores. A indicação de antibióticos é uma questão delicada, pois nao minha opinião deveria ser feita com a recomendação do veterinário.

De qualquer forma, eu não tenho informações sobre estudos similares utilizando a neomicina.

Atenciosamente, Marcos Veiga
GILDO CRUZ

XINGUARA - PARÁ

EM 06/02/2014

Marcos e a neomicina com o prednisolona funciona tambem?
Parabens pelo artigo.
MARCOS VEIGA SANTOS

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 06/02/2014

Prezado Paulo, a cefapirina era comercializada no Brasil com os nomes comerciais de Cefa-Lak, no entanto, até onde eu saiba, não está mais disponível no mercado.

Gostaria de aproveitar a sua pergunta para esclarecer que a mensagem mais importante do estudo é de que o uso do anti-inflamatório apresentou efeito positivo para o tratamento da mastite ambiental. No entanto, não é objetivo do nosso radar técnico a recomendação de antibióticos, o que deve ser feito por veterinário capacitado e que seja responsável pela saúde do rebanho em questão.

Sendo assim, não estamos recomendando o uso deste antibiótico em particular, ma sim destacando que o uso combinado de antibiótico e anti-inflamatório tem efeito positivo para este tipo de caso de mastite.

Atenciosamente, Marcos Veiga
PAULO ZANOLINI FACCHINI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2014

Gostaria de saber qual laboratório está fabricando medicamento, tendo como base a cefapirina. Ou o nome comercial do mesmo.
PAULO ZANOLINI FACCHINI

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/02/2014

Já utilizei também, para o combate de mastite ambiental, Ampicilina + Colistina + Dexametasona + intramamário que dê sinergia, para vacas que não estejam prenhas, pois a colistina faz ocorrer o aborto. O resultado foi excelente.
Em vacas prenhas utilizo Sulfa + Trimetropin + Diclofenaco + intramamário que dê sinergia, com um resultado muito bom.
Paulo Facchini 62 3335 1632
RODRIGO BRISCKE

LARANJA DA TERRA - ESPÍRITO SANTO - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 04/02/2014

Muito bom. porém no interior temos uma dificuldade muito grande de meios de diagnosticar o patógeno que agride nossos rebanhos, e assim tratar a mastite com o principio ativo que realmente a combata com eficiência. pois o que mais se observa por ai são produtores, muitas vezes de pequenas propriedades, que utilizam o medicamento que encontram no mercado e por muitas vezes não fazem ideia de qual patógeno tratar e com qual principio ativo. sendo assim gastam dinheiro com um tratamento sem eficiência, e que culminará com a perda do teto ou até do animal.
RICARDO SCHMIDT DIAS -

PRESIDENTE GETÚLIO - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 03/02/2014

Já utilizei protocolos com prednisolona injetável em casos de mastite ambiental pós parto. Os resultados foram excelentes principalmente pela diminuição do processo inflamatório.



ANTÔNIO MARIA SILVA ARAÚJO JÚNIOR

CAJURI - MINAS GERAIS

EM 01/02/2014

Muito bom , e um desfio da pecuária brasileira , vou testar , já passei por vários desafios , onde na tive sucesso .

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