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Mastite subclínica reduz a produção e afeta a composição do leite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 29/04/2009

3 MIN DE LEITURA

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A intensificação do uso da contagem de células somáticas tornou-se possível pela maior capacidade laboratorial instalada no Brasil, por força da legislação (IN 51/2002) e pelos programas de valorização da qualidade do leite. Sendo assim, verifica-se em escala crescente o acúmulo de informações sobre a qualidade do leite produzido, assim como a maior precisão nas estimativas de ocorrência de mastite subclínica e das perdas econômicas.

Torna-se cada vez mais comum que produtores recebam mensalmente um extrato sobre a situação de qualidade do leite do rebanho, descrevendo o histórico de CCS, CBT e composição do leite (porcentagem de gordura, proteína, lactose e sólidos totais). Entendo que essa seja uma enorme mudança conceitual nos sistemas produtivos, já que a qualidade do leite, avaliada objetivamente, passa a ser uma variável a mais a ser considerada nas decisões do produtor.

Se por um lado o maior acesso das informações é um fato a ser comemorado, não se pode deixar de mencionar que ainda sobram desafios em termos de controle de mastite no Brasil. Dentre as diversas deficiências encontradas, uma das mais limitantes e críticas é baixa qualificação dos produtores e funcionários em relação às causas, medidas de controle e de estimativa de perdas econômicas. Na grande maioria dos rebanhos, faltam ainda medidas simples como o monitoramento da mastite subclínica, o emprego do tratamento de vaca seca, a utilização de pré e pós-dipping, entre outras. Tais medidas simples e de grande potencial de retorno econômico têm sido empregadas com sucesso e vantagens em outros países.

Um estudo recente levantou informações importantes e bastante úteis sobre a ocorrência de mastite subclínica em rebanhos holandeses do estado de Minas Gerais. Os objetivos foram os de estabelecer as relações entre CCS e o número de lactações, assim como verificar qual o impacto da CCS sobre a produção e composição de leite em rebanhos do controle leiteiro da Associação de Criadores de Gado Holandês de Minas Gerais.

O estudo foi desenvolvido com dados de quatro anos (2000 a 2003) e totalizou cerca de 161.500 amostras analisadas, sendo consideradas vacas com mastite subclínica aquelas que apresentaram CCS > 250.000 céls./ml. Foram monitorados dados relativos à produção de leite, CCS, porcentagem de gordura e de proteína total, assim como o ano, mês e ordem de lactação.

Os resultados do estudo indicam uma progressiva redução da porcentagem de vacas com mastite subclínica nos rebanhos estudados, conforme tabela 1. Pode-se verificar que nos anos de 2000 e 2001 aproximadamente 44% das vacas analisadas apresentaram mastite subclínica, o que significa que quase uma em cada duas vacas apresentou a doença nesse período. Ainda que a redução tenha sido significativa no ano de 2003, pode-se considerar que para esses rebanhos a mastite resultou em perdas econômicas acentuadas.

Tabela 1. Ocorrência (%) de mastite subclínica em vacas de leite segundo os anos estudados.

Clique na imagem para ampliá-la.

Conforme esperado, os resultados apontaram para um aumento da CCS em função do aumento do número de parições, uma vez que o risco de infecções é maior quanto maior a idade do animal (Tabela 2). Foi identificada correlação significativa negativa entre a CCS e a produção de leite, ou seja, quanto maior a CCS da vaca menor a produção registrada, no entanto, as correlações entre CCS e porcentagem de proteína e gordura foram positivas.

Clique na imagem para ampliá-la.

Os dados de CCS foram distribuídos em classes para verificação do impacto da CCS sobre a produção de leite e a porcentagem de proteína e gordura, conforme apresentado na Tabela 3. É possível verificar uma redução significativa da produção de leite conforme a CCS aumenta. A título de exemplificação, a redução foi de 7,1% entre a classe de < 101.000 e a de 101.000-250.000, e de 19,4% entre as classes de < 101.000 e > 3.000.000.

Verificou-se, entretanto, aumento dos teores de proteína e gordura com o aumento da CCS. Foi verificado aumento de 6,2% na porcentagem de proteína entre os animais da classe de CCS > 3.000.000 cels/ml e os da classe < 100.000 cels/ml, enquanto para a porcentagem de gordura o impacto foi de 4,3% para esta mesma comparação. Esses últimos dados apontam que não existe uma relação única entre CCS e porcentagem de gordura e proteína, uma vez que existe variação de resultados sobre o efeito da CCS sobre a composição.

Clique na imagem para ampliá-la.

Em resumo, o estudo aponta que a ocorrência de mastite subclínica é alta, com média de 42,5% de vacas infectadas. Além disso, o estudo mostra que existe um impacto negativo da CCS sobre a produção de leite e que vacas mais velhas apresentam maior CCS.

Fonte: Cunha et al., Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.60, n.1, p.19-24, 2008. (íntegra do artigo pode ser acessada em: https://www.scielo.br/pdf/abmvz/v60n1/a03v60n1.pdf)

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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LAIS

BOTUCATU - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 10/03/2010

Olá Professor, bom dia.

Professor, o "aumento" na proteína e gordura no leite devido á alta CCS seria devido à diminuição da produção de leite? Existiriam outros fatores??

Obrigada!

Att.

Laís Costa
Graduanda em Zootecnia
Unesp - Botucatu


<b>Resposta do autor:</b>

Prezada Lais,

Existem experimentos que relatam tanto diminuição, aumento e até ausência de efeito sobre proteína, sendo que o mais comum seria não haver alteração do teor de proteína total e sim redução de caseína e aumento de proteína do soro.

Em relação ao teor de gordura, também ocorre essas variações, mas existe uma tendência de redução do teor. Considerando que a produção de leite geralmente cai, é possível que ocorra um efeito de menor diluição e até aumento do teor de gordura, pois a glândula mamária está produzindo menos leite.

Outro fator importante é saber o tipo de agente causador, pois dependendo do tipo de lesão ou alteração do tecido podem ocorrer variações.

Em resumo, geralmente há manutenção do mesmo teor de proteína total, mas redução da caseína e redução de gordura.

Atenciosamente, Marcos Veiga




DANIEL SOMENSI

LAGES - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/08/2009

Voltando ao assunto da homeopatia na diminuição da CCS. Além de acadêmico de medicina veterinária sou filho de produtor, e a alguns meses passamos a utilizar sal mineral com produto homeopático para mastite. Conforme análise encaminhada pelo laticínio a CCS baixou de 680.000 cls/ml para 160.000 cls/ml, uma mudança considerável. Levando em consideração que a única mudança implementada na propriedade foi o fornecimento de sal mineral com produto homeopático para mastite, suponho que este tenha sim algum efeito, mas como o senhor disse não existem pesquisas que comprovem esses resultados.
Segundo o responsável técnico da empresa, o produto homeopático eleva a imunidade do animal, deixando o animal menos susceptível á infecção.

<b>Resposta do autor:</b>

"Prezado Daniel Somensi",

Obrigado pela participação. Veja que existe uma variação sazonal da CCS e que pode ter ocorrido entrada ou saída de vacas do rebanhos. De qualquer forma, obrigado pela informação.

Atenciosamente, Marcos Veiga
JOÃO B. DE PAULA NETO

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/06/2009

Caro Prof Marcos,

Pesquisando sobre o assunto citado da mastite em relação a composição do leite (principalmente protéina) me deparei com trabalhos relatando uma relação positiva, ou seja, diretamente proporcional. Fisiologicamente explicável.

Numa propriedade que assisto tenho observado uma relação negativa: aumentou CCS na analise do leite do tanque e baixou proteína (CCS acima 800.000 cel/mL).
A que eu poderia relacionar essa observaçao?

Pior que não estou conseguindo reduzir esse indice, sendo que todos pontos da boa pratica de produção estão de acordo. Aproveitando o momento, gostaria de tomar uma opinião sua prof Dr Marcos. Estou pretendendo avaliar as vacas individualmente e separar as de CCS mais alto, uma amostragem de 10% dessas vacas (descartar leite delas, não colocando no tanque) e também fazer cultura microbiologica. O que acha? Acredito assim que conseguirei abaixar indice CCS dentro dos niveis e resolver uma situação da penalidade quanto a qualidade do leite junto a industria (prejuízo economico)

Cordialmente,
M.Sc. João B. Neto
Médico Veterinario CRMV/GO
VENICIUS

JABOTICABA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 09/06/2009

Eu observei a conversa dos senhores e pensei se nao ha uma outra forma de diminuir as incidencias de mastites subclinicas; por exemplo, eu nao sei a visao que voces tem de homeopatia, mas na minha região ela esta sendo muito utilizada neste casos, e os produtores estão vendo resultados segundo eles dizem que nao tem nem comparações ao uso de antibioticos, isso analisado em um ano de uso, fonte de proprios produtores.

Eu queria saber se pode ser o produto do futuro contra mastites? Mas claro, para o funcionamento de homeopatia não deixa de se ter boas praticas de manejo com implementos de trabalho e os animais.

Atenciosamente,

Venicius Bortoluzzi

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Venicius,

O assunto sobre homeopatia já foi debatido em outras oportunidades e de forma simplificada, a minha opinião é bastante simples: não existem trabalhos científicos que justifiquem o uso deste tipo de estratégia. Tão logo tenhamos informações científicas sobre o uso e quais o resultados podem ser esperados e em quais situações, eu acredito que ficaria mais fácil a discussão sobre o tema.

Um ponto importante é que cabe aos fabricantes o ônus de produzir informações científicas sobre esse tipo de estratégias. Além disso, a mastite não é uma doença passível de ser erradicada e portanto, as medidas preventivas de controle são as mais recomendadas.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ROGERIO SILVA DE LIMA

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/05/2009

Devemos iniciar tratamento nas vacas 2 e 3 cruzes no CMT?

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Rogerio Lima,

Eu não recomendo o tratamento de mastite subclínica com base apenas nos resultados do CMT, independentemente de quantas cruzes aparecer no resultado. Isso ocorre porque não é economicamente viável o tratamento de todos os casos de mastite subclínica, a não ser que tenha disponível o resultado da cultura microbiológica e que o agente seja Streptococcus agalactiae.

Sendo assim, a minha recomendação seria para tratamento apenas dos casos CLÍNICOS de mastite e somente os casos subclínicos causados S. agalactiae.

Atenciosamente, Marcos Veiga
ADRIANO DA ROSA

FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ - INSTITUIÇÕES GOVERNAMENTAIS

EM 01/05/2009

Caro Sr. Dr. Marcos Veiga dos Santos, eu trabalho diretamente com produtores de leite na região do sudoeste do Parana, onde esta havendo uma "migração" por parte dos produtores rurais para a atividade leiteira por fatores econômicos e climáticos. E o que venho observando é que não existe uma preocupação por parte de alguns, em produzir leite de qualidade, mas sim em quantidade, e muitas vezes estes não se dão conta de que estão produzindo alimento. Tambem não vejo nenhuma atitude por parte de alguns laticínios que recolhem o "produto", ou quando muito mandam apenas uma notificação, sem ao menos apresentar uma solução para o problema.

O fato é que todos saem perdendo, isso sem falar do alvo principal de toda a cadeia, o consumidor final, que acaba comprando e consumindo leite e derivados de péssima qualidade. Isto quando não diminui o consumo, ou até mesmo para de consumir. Medidas simples e de baixo custo como os mencionados no artigo acima podem mudar o quadro atual. O que esta faltando é um incentivo a estas boas práticas.

Parabéns pelo artigo, e lhe garanto de que será de grande utilidade no meu dia a dia.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Adriano da Rosa,

Obrigado pela mensagem. Concordo intregralmente com o que foi colocado na mensagem. A melhoria da qualidade reflete positivamente para todos os elos da cadeia do leite, uma vez que todos podem ganhar. Eu acredito que há necessidade de aprimoramento técnico e visão mais ampla em muitos laticínio, visto que a qualidade não é valorizada. Somente com uma maior exigência dos consumidores, a demanda por qualidade deve aumentar.

Atenciosamente, Marcos Veiga

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