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Mastite clínica em primíparas aumenta as novas infecções e o descarte nas lactações futuras

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 28/02/2018

5 MIN DE LEITURA

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A mastite clínica (MC) é uma doença com alta frequência em rebanhos leiteiros, gerando elevadas perdas econômicas para a cadeia produtiva. Além de causar desconforto e dor nas vacas acometidas, a MC gera prejuízos que estão relacionados principalmente com: perdas de produção e descarte de leite, redução do desempenho reprodutivo, aumento do custo com tratamentos e aumento da mortalidade e de descarte das vacas.

A ocorrência de MC é prejudicial em qualquer fase da vida produtiva da vaca. No entanto, os prejuízos podem ser ainda maiores quando a doença ocorre na fase inicial da primeira lactação. Até 30% dos casos de MC em vacas primíparas ocorrem nos primeiros 14 dias de lactação. Além disso, quanto mais cedo, e quanto maior for o número de casos de MC no período compreendido entre o parto e a concepção, menor será o tempo de vida produtiva da vaca no rebanho. Diferentemente de outras doenças infecciosas, a ocorrência prévia de MC não tem efeito protetor sobre casos subsequentes da doença na mesma lactação, ou em lactações futuras. Embora o risco de casos repetidos de MC na mesma lactação tenha sido bastante estudado nas últimas décadas, os efeitos negativos da ocorrência de um caso no início da lactação atual sobre as lactações seguintes ainda eram desconhecidos.

Um estudo recente realizado nos EUA teve como objetivo avaliar os efeitos da MC nos primeiros 100 dias de lactação de vacas primíparas sobre o risco de novos casos da doença, e sobre a longevidade das vacas no rebanho. Cinco rebanhos bem manejados e com média de 1.260 vacas em lactação foram avaliados no estudo. Os rebanhos apresentaram médias de produção de leite variando de 31 a 36 Kg/vaca/dia, e CCS variando de 137.000 a 262.000 células/mL.

Dados de casos de MC ocorridos em 55.144 lactações de 24.831 vacas foram registrados durante um período de aproximadamente 10 anos (janeiro/2004 a fevereiro 2014). Foram avaliadas todas as vacas em lactação que tiveram dados completos de suas vidas produtivas, com início na data de parto da primeira lactação, passando por todas as lactações seguintes, e com término na data de eventuais casos de morte, venda ou descarte da vaca, ou até a data do término do estudo.

Aproximadamente 8,2% (2.043/24.831) de todas as vacas avaliadas tiveram ao menos um caso de MC durante os 100 primeiros dias da primeira lactação. Durante toda a vida produtiva, a frequência de MC por vaca variou de 0 a 25 casos, sendo que 36,4% das vacas tiveram de 1 a 3 casos de MC antes de encerrarem a vida produtiva (Figura 1).

Figura 1 – Número total de casos de MC identificados em 24.831 vacas leiteiras distribuídas em cinco rebanhos leiteiros dos EUA avaliados de janeiro de 2004 a fevereiro de 2014. Fonte: adaptado de Hertl et al., 2017.

Mastite clínica em primíparas aumenta as novas infecções e o descarte nas lactações futuras

Entre as vacas de primeira lactação (0-400 dias de vida produtiva), a taxa de MC variou de 6 a 10 casos por 10.000 vacas-dia. No entanto, a maior frequência da doença foi observada em vacas de 500 a 1.500 dias de vida produtiva (variação de 12 a 18 casos por 10.000 vacas-dia, Figura 2); estas geralmente estavam entre a segunda e quarta lactações. O aumento da frequência de MC após a primeira lactação é um indicativo de maior risco de infecções intramamárias de acordo com o aumento da idade da vaca. Por outro lado, a taxa de MC reduziu entre as vacas mais longevas (>1.500 dias), fato este, que pode estar associado à seleção positiva de vacas com melhor sanidade (ou seja, com menos predisposição à MC e outras enfermidades) e com alta produtividade.

Figura 2 – Taxa de mastite clínica durante a vida produtiva (com início no primeiro parto e incluindo os períodos secos) de 24.831 vacas leiteiras distribuídas em cinco rebanhos leiteiros dos EUA avaliados de janeiro de 2004 a fevereiro de 2014. Fonte: adaptado de Hertl et al., 2017.

Mastite clínica em primíparas aumenta as novas infecções e o descarte nas lactações futuras

Após o primeiro parto, a vida produtiva das vacas no rebanho foi de 2,1 anos (774 dias), com variação de 0 a 10 anos (0 a 3.652 dias). As maiores frequências de mortes registradas durante a vida produtiva das vacas ocorreram logo após o primeiro parto (0-100 dias), e novamente ao redor do início da segunda lactação. Entre as vacas que foram descartadas ou vendidas, a maior parte saiu do rebanho entre 600 e 1.000 dias da vida produtiva (incluindo o período seco).

O número de casos de MC nos primeiros 100 dias da primeira lactação teve um grande efeito sobre a taxa de MC futura da vaca. Vacas que apresentaram apenas um caso de MC nos primeiros 100 dias da primeira lactação tiveram taxa de MC 1,5 vezes mais alta durante a vida produtiva que vacas que não apresentaram MC durante o mesmo período. Para vacas com 2 e ≥3 casos de MC nos primeiros 100 dias de lactação, as taxas de MC foram, respectivamente, 1,7 e 2,6 vezes mais altas em comparação com vacas que não tiveram MC durante o mesmo período. Além disso, para cada caso adicional de MC ocorrido nos primeiros 100 dias de lactação, o risco de descarte (ou morte) da vaca durante a vida produtiva aumentou em 34%; em outras palavras, para cada caso de MC a mais ocorrido nos primeiros 100 dias da primeira lactação, a vaca teve 1,34 vezes mais probabilidade de ser descartada ou de morrer após o período inicial da vida produtiva (100 DEL).

As possíveis implicações deste estudo são que com a redução da incidência de MC nos primeiros 100 dias da primeira lactação (por exemplo, com procedimentos direcionados de controle e prevenção), é possível reduzir também as taxas de MC e de descarte das vacas durante a vida produtiva. Duas hipóteses podem justificar estes resultados de maior frequência de MC em vacas acometidas por esta doença nos primeiros 100 dias da primeira lactação. A primeira é de que a maior predisposição à MC após este período é atribuída à persistência da infecção com posteriores recidivas durante a vida produtiva. E a segunda e mais plausível, é de que infecções intramamárias, e o consequente processo inflamatório desencadeado pela doença, nos primeiros 100 dias após o primeiro parto causam lesões na glândula mamária que resultam em maior predisposição da vaca aos novos casos de MC. Independente de qual hipótese é a mais correta, a prevenção da doença e eventuais descartes de vacas com alta incidência de MC no início da vida produtiva podem ser estratégias para redução de potenciais casos desta doença no futuro, reduzindo os potenciais custos com tratamento e descarte de leite.

Fonte: Hertl et al. (2017). Journal of Dairy Science. 101:2309–2323 (https://doi.org/10.3168/jds.2017-12615).

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MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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JULIANO LEONEL GONÇALVES

PIRASSUNUNGA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 02/03/2018

Parabéns meu amigo Dr. Tomazi.
TIAGO TOMAZI

ITHACA - NOVA IORQUE - PESQUISA/ENSINO

EM 02/03/2018

Muito obrigado meu amigo. Grande abraço!

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