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Mastite clínica causa perda de gestação em vacas primíparas

POR MARCOS VEIGA SANTOS

E TIAGO TOMAZI

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 25/10/2018

4 MIN DE LEITURA

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A perda de gestação (PG) e a ocorrência de mastite clínica são problemas frequentes e com grande impacto econômico negativo em rebanhos leiteiros. A PG ocorre em vacas que foram confirmadas como prenhas aos 30-50 dias após a inseminação artificial, e que posteriormente, não têm a prenhez confirmada durante o diagnóstico de gestação. Estudos realizados nos EUA relataram que a prevalência de PG varia de 6 a 39%, com um custo estimado de US$ 555,00 por caso. Não menos importante, a mastite é considerada a doença mais frequente em vacas leiteiras, com perdas econômicas que variaram de US$ 155,00-179,00 por caso de mastite clínica (MC).

A MC está associada com a PG devido à ação de endotoxinas ou substâncias inflamatórias que afetam o crescimento folicular, o crescimento embrionário, ou a persistência do corpo lúteo. Vacas leiteiras desafiadas com infecções intramamárias causadas por Escherichia coli ou Streptococcus uberis tiveram aumento da concentração de prostaglandina no sangue e de citocinas pró-inflamatórias no leite, na linfa e no sangue. O aumento destes mediadores inflamatórios no sangue pode causar a luteólise, e consequentemente, a interrupção da gestação em vacas leiteiras.

Um estudo observacional realizado nos anos 1990 descreveu que vacas que apresentaram MC durante os primeiros 45 dias de gestação tiveram 2,7 vezes maior risco de PG nos primeiros 90 dias após o diagnóstico de mastite, em comparação com vacas que não tiveram MC. Em outro estudo, o risco de PG foi 3,6 vezes maior em vacas com mastite subclínica (CCS >250.000 células/mL nos primeiros 30 dias antes da inseminação artificial) do que em vacas sadias. Apesar de vários estudos observacionais terem avaliado a relação entre a mastite e a perda de gestação em vacas leiteiras, a maioria dos resultados são inconclusivos, principalmente por falta de critério na relação temporal entre a mastite e a PG. Além disso, ainda não estão disponíveis dados recentes sobre as perdas econômicas associadas com a PG em vacas primíparas decorrentes da mastite.

Um estudo recente avaliou a associação entre a PG e a ocorrência de MC e subclínica (MSC) antes da inseminação artificial ou durante a gestação em vacas primíparas. Além disso, o estudo realizou uma estimativa do custo da MC durante a gestação, considerando o custo com a PG decorrente da mastite. Um total de 687 vacas primíparas foram selecionadas para o estudo, das quais 78 foram diagnosticadas como prenhas aos 33 dias após a inseminação artificial (IA), porém, estavam vazias na palpação retal realizada aos 47-75 dias após a IA. O restante das vacas foi classificado como prenhes nos diagnósticos de gestação realizados aos 33 e aos 47-75 dias após a IA.

A ocorrência de MC ou MSC antes da inseminação artificial não foi associada com a PG. No caso de MSC, uma explicação para este resultado pode ser que esta forma de mastite não desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica suficiente para afetar o crescimento folicular e a qualidade do oócito. Por outro lado, a falta de associação entre a ocorrência de MC antes da IA e a PG pode estar associada ao baixo número de casos de MC (n=3) registrados neste período.

Por outro lado, o risco de PG foi 2,2 vezes maior em vacas que tiveram MC durante a gestação em comparação a vacas que não apresentaram mastite (Figura 1). Além disso, os resultados indicaram que a PG poderia ter sido 54% inferior se os casos de MC tivessem sido prevenidos. Uma provável explicação para este resultado é o fato de que estágios embrionários precoces são sensíveis às respostas inflamatórias sistêmicas desencadeadas pela MC. Outra possível explicação está associada ao efeito luteolítico da prostaglandina no corpo lúteo, o qual pode interromper a gestação. Esse efeito pode ter sido maior entre a fase final do desenvolvimento embrionário (24-50 dias de gestação) e início da fase de desenvolvimento fetal (após 50 dias de gestação).  

Figura 1 – Porcentagem de vacas que tiveram perda de gestação (PG) de acordo com a ocorrência ou não de mastite após a inseminação artificial.

O custo por caso de mastite clínica durante a gestação foi estimado em US$ 149,00 de acordo com os gastos com tratamento (US$ 55,50; 37,3%), perdas de produção de leite (US$ 66,22; 44,4%) e PG atribuída à ocorrência de MC durante os primeiros 75 dias de gestação (US$ 27,27; 18,3%). O custo da PG atribuído à MC foi calculado pela multiplicação dos seguintes fatores: risco atribuído à ocorrência de mastite (0,5475) × taxa de vacas que apresentaram MC e tiveram PG (0,1818) × custo total da PG em vacas primíparas (US$ 274,00).

Marcos Veiga dos Santos é instrutor do EducaPoint. Confira os cursos ministrados por ele clicando aqui.

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Fonte: Dahl et al. (2018). Journal of Dairy Science. 101(11):10142–10150. (https://doi.org/10.3168/jds.2018-14619)

 
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MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

TIAGO TOMAZI

Médico Veterinário e Doutor em Nutrição e Produção Animal
Pesquisador do Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP

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PAULO LUCENA

EM 22/11/2018

Tive durante um tempo este problema, até conhecer e usar um produto chamado LactoCAV, desde então minha primárias não tiveram perda de gestação. Além de prevenir a mastite ele manteve o CCS no padrão de leite A, sem falar que aumentou minha produção em 16%..estou muito contente...
FRANCISCO DAS CHAGAS MARCOS

SANTO ANDRÉ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 29/10/2018

A mastite é o maior desafio para o produtor de leite, manter as vacas produzindo bem sem essa patologia é um desafio gigante em nossa realidade diária... São tantas ocorrências, tantos casos que tanto o produtor,quanto o Medico Veterinário ficam se questionando as causas, e as possíveis soluções preventivas para diminuir essa incidência?
IARA NUNES DE SIQUEIRA

SÃO JOSÉ DO EGITO - PERNAMBUCO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/10/2018

Ótimo material. Existe algum dados em caprinos leiteiros?
TIAGO TOMAZI

ITHACA - NOVA IORQUE - PESQUISA/ENSINO

EM 25/10/2018

Muito obrigado Iara. Não conheço nenhum estudo que tenha feito algo similar para caprinos leiteiros.

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