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Infecções virais e suas relações com a mastite

POR MARCOS VEIGA SANTOS

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 11/12/2003

4 MIN DE LEITURA

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Dentre os principais agentes causadores de mastite incluem-se as bactérias e outros microrganismos como fungos, leveduras e micoplasmas. Mesmo considerando as extensivas pesquisas realizadas sobre as causas da mastite, cerca de 20-35% dos casos clínicos não têm a sua causa elucidada com os métodos tradicionais de diagnóstico. Vários estudos realizados mostram que a porcentagem de casos clínicos e subclínicos que não apresentam nenhum tipo de crescimento ao exame bacteriológico é em média de 25%. Entre as possíveis causas para tal quadro, pode-se citar a baixa concentração do patógeno na amostra, como por exemplo a Escherichia coli, e a existência de patógenos que necessitam de condições especiais para o seu desenvolvimento com o micoplasma, entre outros.

Contudo, mesmo considerando estas razões, estes agentes citados não explicariam todas as situações nas quais ocorre ausência de crescimento ao exame microbiológico, uma vez que a sua ocorrência é bastante baixa. Sendo assim, devido ao elevado potencial de causas desconhecidas da mastite é interessante avaliar o papel dos vírus como agentes etiológicos da mastite, ainda que estes microrganismos não sejam considerados como causas importantes de mastite bovina. Para ilustrar este fato, alguns pesquisadores apontam que o conjunto de microrganismos causadores de mastite apresenta cerca de 137 diferentes espécies, porém os vírus não são incluídos neste grupo.

As razões para esta ausência de dados sobre o papel dos vírus como agentes causadores de mastite são várias. Por exemplo, em termos históricos as pesquisas nesta área têm se concentrado em agentes bacterianos (os mais importantes). Além disso, no caso de doença viral outros sintomas podem ser mais proeminentes que aqueles da mastite, resultando em uma sub-estimativa da importância dos vírus como causa da mastite. Por outro lado, vacas leiteiras em lactação dificilmente são usadas em estudos sobe a patologia de doenças virais, uma vez que, nestes casos, são normalmente utilizados bezerros. Pode-se apontar também que os métodos diagnósticos para vírus são geralmente caros e trabalhosos, envolvendo, por exemplo, a utilização de culturas de células. Todas estas razões em conjunto resultam na falta de informações referentes à importância dos vírus como causadores de mastite.
 


Infecções virais e mastite bovina

Diversos vírus já foram detectados em amostras de leite de casos clínicos de mastite, como por exemplo: herpesvírus bovino 1 (BHV 1),vírus da febre aftosa (VFA) e vírus da parainfluenza 3 (PI 3). Entretanto, o somente o isolamento destes vírus não pode ser considerado como indicativo seguro que tais vírus estão envolvidos direta ou indiretamente no caso de mastite.

O BHV 1 é conhecido por causar a rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), a vulvovaginite pustular infecciosa (IPV) e a balanopostite vesicular infecciosa em bovinos. Vários estudos têm demonstrado que o BHV 1 pode ser isolado de casos de mastite clínica e subclínica, e que as células da glândula mamária são susceptíveis a infecção por este vírus. No entanto, ainda é incerto o seu verdadeiro impacto em casos de mastite bovina, sendo ainda considerado que o BHV 1 não se configura como um agente importante da mastite. Por outro lado, alguns estudos indicam que o BHV 4 pode ter um papel importante em casos de mastite, uma vez que mesmo não sendo a causa primária, este vírus pode estar associado com casos subclínicos ou, de forma indireta, provavelmente por imunossupressão e conseqüentemente aumentando a susceptibilidade da glândula mamária a novas infecções intramamárias.

O vírus da febre aftosa (VFA) é outro vírus muito estudado quanto ao seu impacto sobre a mastite. Ainda que a infecção da glândula mamária pelo VFA pela entrada do agente pelo canal do teto seja improvável, as células alveolares são muito sensíveis ao vírus, o qual após a sua replicação causa extensa necrose celular. Em infecções experimentais da glândula mamária pelo VFA e mesmo em infecções por via oronasal, ocorre extensa replicação viral na glândula mamária, o que acarreta redução da produção leiteira. O VFA não causa sintomas de mastite clínica, mas pode tornar a glândula mamária mais susceptível a uma infecção bacteriana secundária.

A leucose enzoótica bovina é causada pelo vírus da leucose bovina (BLV). Este vírus infecta preferencialmente linfócitos B, os quais podem ser encontrados na glândula mamária. Contudo, se este vírus é um agente etiológico de casos de mastite e o seu papel na mastite ainda se desconhece.

Papel indireto de infecções virais sobre a mastite

É conhecido que a mastite bovina pode ser influenciada indiretamente por vários fatores que aumentam a sua severidade ou mesmo que elevam a susceptibilidade da vaca à ocorrência de mastite. Sendo assim, as infecções virais podem desempenhar um papel indireto sobre a mastite através de: lesão dos tetos e do canal do teto, imunossupressão e conseqüente aumento da susceptibilidade à mastite e favorecimento da ocorrência de infecções bacterianas secundárias, tornando os casos mais severos.

Como exemplo, vários vírus tais como: herpervírus da mamilite bovina (BHV 2), vírus da varíola, vírus da febre aftosa, vírus da estomatite vesicular e vírus da papilomatose bovina podem causar lesões nos tetos, resultando em ulcerações e em infecções bacterianas secundárias na glândula mamária.

As infecções virais também podem resultar em imunossupressão e, portanto, aumentar a susceptibilidade da vaca à ocorrência de mastite. Exemplos destes casos incluem infecções causadas por BHV 1, vírus da diarréia viral bovina (BVD) e vírus da leucose enzoótica bovina (BLV).

Fonte: Veterinary Microbiology 88: 27-45, 2002.

MARCOS VEIGA SANTOS

Professor Associado da FMVZ-USP

Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260

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