As soluções a base de iodo são as mais empregadas para produtos usados para pós-dipping (desinfecção dos tetos após a ordenha) em todo o mundo. Esta prática teve seu início na década de 60, sendo desde então empregada com sucesso como medida de controle da mastite contagiosa de vacas leiteiras.
A maioria dos produtos desinfetantes a base de iodo são soluções de iodophor, que nada mais são do que soluções de iodo complexado ou solubilizado por um agente surfactante não-iônico. De forma geral, os principais produtos a base de iodo apresentam 0,5% a 1% de iodo disponível, visto que menores concentrações apresentavam problemas de estabilidade. Após a década de 80, inovações tecnológicas permitiram o aparecimento de produtos com níveis menores de iodo e mesmo assim apresentando eficácia comprovada.
A ampla preferência pelo uso do iodo como desinfetante para tetos se deve em grande parte a reunião de várias características desejáveis que este produto possui: amplo espectro de ação, excelente estabilidade, baixa toxicidade à pele do teto e do ordenhador, não ocorrência de resíduos no leite, além de alta eficácia como agente germicida. No entanto, quando se avalia a eficácia de produtos comerciais à base de iodo com o uso de protocolos padronizados e aceitos internacionalmente, verifica-se grande variação dos resultados da eficácia destes produtos comerciais, com várias formulações. Um curioso resultado destes testes realizados é que a eficácia não apresentou correlação com o nível de iodo titulável dos produtos testados, ainda que outras características listadas a seguir afetam diretamente a eficiência: iodo livre, pH, capacidade de umidecimento, viscosidade, solvente, tipo e concentração de emoliente e concentração do agente complexado do iodo.
Analisando todas estas variáveis que afetam a eficácia dos produtos comerciais, verificou-se que o nível de iodo livre é uma das características mais críticas. Conceitualmente, o iodo livre é definido como iodo não complexado. Caracteristicamente, o iodo somente é solúvel em água até a concentração de 300 ppm (0,03%) e uma maior solubilidade é conseguida através de complexação do iodo com um surfactante não-iônico, como a polivinilpirrolidona ou por um solvente como o álcool. Desta forma, nas soluções de iodo temos um equilíbrio entre o iodo livre e o iodo complexado, sendo que ao longo da vida útil do produto, a concentração de iodo livre diminui em função de vários aspectos: reação com surfactantes e emolientes, decomposição para iodeto e iodato e a migração através de recipientes plásticos.
A importância do conceito de iodo livre já foi demonstrada em estudos utilizando-se protocolos experimentais recomendados pelo NMC (EUA), confirmando que quando formulados adequadamente, os produtos com altos níveis de iodo livre não causam problemas de irritação nos tetos e apresentam maior eficácia que os produtos convencionais.
Tabela 1- Resultados da redução dos microorganismos causadores de mastite com protocolos do NMC.
Fonte: Anais do 2o Congresso Panamericano de Qualidade do Leite e Controle de Mastite, Ribeirão Preto. 2002.