O diâmetro e o formato anatômico dos tetos, apesar de não apresentarem relação direta com a produção de leite, podem influenciar a facilidade de ordenha e estão relacionados com a maior ou menor incidência de mastites. Os formatos de tetos mais encontrados em vacas leiteiras podem ser observados na Figura 1.
Figura 1. Possíveis formatos de tetos encontrados em vacas leiteiras.
Estudos evidenciaram maior incidência de mastite em tetos posteriores com formatos cilíndricos do que para forma afunilada ou arredondada. Além disso, observou-se uma tendência a maior incidência de mastite com aumento do diâmetro dos tetos. A porcentagem de gordura de leite e a persistência de lactação apresentaram uma pequena diferença, porém significativa em favor de tetos com diâmetro pequeno. As vacas com tetos dianteiros menores produziram significativamente mais leite do que aquelas com tetos longos, apesar das vacas com tetos longos serem mais pesadas que as com tetos curtos. Tetos dianteiros de médios a longos e tetos traseiros curtos apresentaram menor incidência de mastite.
Como conclusão, o autor sugeriu que tetos afunilados e com menor diâmetro são menos suscetíveis à mastite do que aqueles cilíndricos e com maior diâmetro. As vacas com tetos curtos apresentaram maior produção. E sugere ainda um diagrama para resumir tais relações (Figura 2).
Figura 2. Diagrama de relação entre produção de leite, mastite e anatomia de tetos.
Em trabalhos mais recentes, outras características como tamanho dos tetos e distância da extremidade dos tetos até o solo foram relacionadas com a CCS e incidência de mastites.
As principais correlações entre as características anatômicas dos tetos e a CCS estão descritas na Tabela 1.
Tabela 1. Correlações entre os parâmetros avaliados dos tetos de vacas leiteiras e a CCS.
Os autores sugerem que a seleção de vacas com maior distanciamento da extremidade do teto até o solo e também, com tetos mais curtos e de menor diâmetro, pode facilitar a manutenção da higiene e reduzir a incidência de casos da mastite.
Além disso, os formatos da extremidade dos tetos e do úbere podem influenciar a CCS. Dentre os tetos encontrados em vacas leiteiras, aqueles que apresentam sua extremidade invertida (Ver Figura 3) se mostraram mais susceptíveis a aumentos de CCS e incidência de mastite, provavelmente pelo maior acúmulo de sujidades no local próximo ao canal do teto.
Figura 3. Teto com extremidade invertida.
A conformação de úbere e sua sustentação por ligamentos firmes têm alta relação com a longevidade produtiva das vacas. Entretanto, encontramos diferentes formatos de úbere, dentre eles alguns considerados pendulosos, isto é, apresentam seus ligamentos mais distendidos ou frouxos (característicos de animais mais velhos), que são mais susceptíveis a mastites e alta CCS.
Contudo, para utilização das características anatômicas do úbere e tetos para seleção de animais menos suscetíveis à mastite, devemos lembrar que esse critério seria mais uma alternativa em longo prazo.
Fontes:
Hickman, Journal Dairy Science, 1964.
Coban, et al. Journal of Animal and Veterinary Advances, 2009.
Porcionato, et al. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2009.