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Vitamina E: um detalhe que pode fazer diferença

VÁRIOS AUTORES

FAMÍLIA DO LEITE

EM 05/08/2020

6 MIN DE LEITURA

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Assim como a energia, proteína e minerais, as vitaminas também são essenciais para o bom desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho leiteiro. Embora requeridos em pequenas quantidades, quando se compara às necessidades de energia e proteína, as vitaminas possuem um papel fundamental em diversos processos metabólicos do organismo animal. Dada a sua importância é fundamental que produtor e técnico se atentem para esse fator, pois a deficiência desses nutrientes pode causar sérios distúrbios nas vacas leiteiras e reduzir a sua produtividade.

As vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água) como as do completo B e a vitamina C são sintetizadas pelo rúmen quando o animal recebe uma alimentação correta e equilibrada. A vitamina E se enquadra no grupo das vitaminas lipossolúveis (solúveis em gordura), que também inclui as vitaminas A, D e K. A necessidade de incluir ou não fontes adicionais desses nutrientes dependerá de diversos fatores como nível de exposição do animal à radiação solar, idade do animal, época do ano, localização da propriedade, entre outros.

A vitamina E é o mais importante antioxidante lipossolúvel. Sua função é impedir que haja acúmulo de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio no organismo celular, prevenindo assim danos teciduais, e por consequência, impedindo ou retardando processos inflamatórios e degenerativos. Esse nutriente também está envolvido no sistema imunológico do animal e por isso se torna fundamental no período de transição, onde grandes mudanças metabólicas, fisiológicas e nutricionais acontecem. Por se mostrar tão importante, os estudos a respeito dessa vitamina se intensificaram e ela mostrou ter efeitos importantes na reprodução de vacas leiteiras.

O período de transição compreende as três semanas anteriores e três semanas posteriores do parto de uma vaca leiteira. Como já é sabido, este é um momento crítico na vida do animal e a forma como a propriedade lida com esse período irá se refletir por toda a nova lactação da vaca. Durante o periparto, a vaca experimenta um déficit energético acentuado, pois a demanda de energia é maior do que a sua disponibilidade. No pré-parto a ingestão de matéria seca é reduzida e as necessidades de energia e aminoácidos aumentam devido ao maior desenvolvimento do feto, concomitantemente há o início da colostrogênese. Já no pós-parto, as crescentes demandas energéticas estão voltadas para a produção de leite e não são obtidas de forma suficiente pela alimentação. Esse déficit energético leva à mobilização excessiva de tecidos corporais como gordura e músculo e causa grande estresse no animal. Com isso, o organismo se encontra em estado de desequilíbrio e perde a capacidade antioxidante, o que resulta em estresse oxidativo.

A absorção de vitamina E está ligada à digestão e absorção de gordura devido à sua natureza hidrofóbica. Logo, a quantidade de gordura na dieta basal pode afetar a eficiência de absorção dessa vitamina. Esse nutriente tão importante é absorvido pelo intestino. Entretanto, a eficiência desse processo é muito baixa, sendo cerca de 30% da ingestão. O fígado desempenha um papel central na liberação da vitamina E, na forma de α-tocoferol, na circulação sanguínea para então alcançar os tecidos periféricos. O transporte dessa vitamina é mediado por uma proteína e por isso, alguns estados fisiológicos do animal ou uma dieta deficiente em proteína pode influenciar na ação da vitamina E.

Estudos recentes mostram que a suplementação com vitamina E apresenta uma tendência para o aumento da produção de leite no primeiro mês de lactação. Isso se explica pelo fato de que ela pode elevar o consumo de matéria seca e com isso aumentar a disponibilidade de glicose, nutriente fundamental para a síntese do leite. No entanto, sabe-se que existem inúmeras outras variáveis que podem influenciar a produção de leite, positivamente e negativamente.

A CCS (contagem de células somáticas) está intimamente ligada aos índices de mastite clínica e subclínica e por isso, existe um trabalho muito intenso e diário na busca por uma redução desses valores. Apesar dos benefícios esperados da vitamina E na redução da CCS, onde se esperava que a suplementação desse nutriente fosse capaz de proteger as membranas celulares alveolares dos radicais livres, esses efeitos não se concretizaram nos estudos. Apesar disso, é importante salientar que a duração da suplementação, suplementação conjunta com o Selênio, (importante mineral na atividade antioxidante em conjunto com a vitamina E) e o método usado para a suplementação são fatores que devem ser levados em consideração ao analisar esses resultados.

Quando pensamos nos bezerros, temos que considerar que eles nascem com reservas baixas de vitamina E, pois, apenas uma quantidade limitada atravessa a placenta bovina. A ingestão do colostro é a principal fonte de vitamina E para os bezerros visto que um status adequado da vitamina é fundamental para o desenvolvimento musculoesquelético, assim como o funcionamento adequado do sistema imunológico. Embora esse nutriente esteja envolvido na proteção da integridade da membrana celular, a suplementação do mesmo não é capaz de aumentar a concentração de IgG no colostro. Ainda assim, há um estímulo local na glândula mamária para a produção de IgM e IgA.

Os níveis plasmáticos de vitamina E caem significativamente no período próximo ao parto não sendo possível manter os níveis considerados adequados. Este pode ser um dos mecanismos que explicam a deficiência do sistema imunológico no período de transição. A administração de vitamina E no pré-parto aumenta a concentração sanguínea desse nutriente no momento do parto. Logo, essa é uma ação que pode ser realizada a fim de minimizar os danos causados pela deficiência dessa vitamina.

O estresse oxidativo, causado pelos radicais livres, prejudica as funções reprodutivas de diversas maneiras. Ele pode influenciar no desenvolvimento do embrião, ocasionando distúrbios que podem levar ao aparecimento de anomalias. O estresse oxidativo também pode prejudicar o processo de espermatogênese, o que reduz, por consequência, a eficiência daquele touro. Além disso, ele também influencia na produção de esteroides e prostaglandinas. Devido à sua função antioxidante, a vitamina E é capaz de interferir, de forma positiva, na reprodução. Vale salientar que a sinergia conhecida entre a vitamina E e o Selênio também se estende para a reprodução.

A retenção de placenta é definida como a incapacidade da vaca de expulsar as membranas fetais dentro de um prazo de 24 horas após o parto, e a maioria dos casos ocorre devido à falha na separação materno-fetal. Essa tão comum afecção do pós-parto permite que os patógenos se espalhem e disseminem a infecção por todo o trato genital da vaca podendo reduzir o desempenho reprodutivo subsequente, além de influenciar no desenvolvimento de metrite e endometrite, aumentar o período de serviço e atrasar o primeiro estro após o parto. Por isso, a expulsão das membranas fetais dentro do prazo adequado indica um parto bem-sucedido.

A suplementação de vitamina E, em conjunto com o Selênio se mostrou capaz de reduzir em 6,1% os casos de retenção de placenta. Esse dado é animador, porque esta informação pode auxiliar na criação de um método que ajude a prevenir essa afecção e assim reduzir os riscos dessa doença que possui um custo oneroso para o produtor. Essa suplementação também mostrou efeito na redução do período de serviço (dias decorrentes do parto até a primeira inseminação com diagnóstico positivo), na diminuição do número de tentativas para a concepção e do período entre o parto e a primeira manifestação de estro dessa vaca.

A vitamina E é um nutriente essencial para as vacas, sendo considerado um detalhe na dieta, devido à sua necessidade em pequenas quantidades, mas que faz muita diferença no desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho. Atua como antioxidante prevenindo o acúmulo de radicais livres que são maléficos para o organismo. Isso se reflete em diversos segmentos como no aumento da produção de leite, redução da intensidade dos distúrbios metabólicos do período de transição, assim como no âmbito reprodutivo, reduzindo as chances de retenção de placenta no pós-parto, o período de serviço, o período do parto até o primeiro estro e o número de serviços por concepção. Entretanto, os efeitos causados pela suplementação da mesma ainda são frequentemente discutidos e existem diversas controvérsias presentes na literatura, fazendo-se necessário mais estudo a respeito dessa vitamina tão benéfica para o rebanho leiteiro.  

Fontes: Kandelousi M. H. M. et al. (2020) A meta-analysis and meta-regression of the effects of vitamin E supplementation on serum enrichment, udder health, milk yield, and reproductive performance of transition cows. J. Dairy Sci. 103:6157–6166.

POLYANA PIZZI ROTTA

Professora de Produção e Nutrição de Bovinos de Leite da UFV e coordenadora do Programa Família do Leite

LETÍCIA GUERRA PIUZANA

Graduanda em Medicina Veterinária e membro do Programa Família do Leite

BERNARDO MAGALHÃES MARTINS

Zootecnista da UFV e técnico do Programa Família do Leite

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RODRIGO MENEZES

PARAGUAÇU - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/08/2020

A administração de Vitamina E injetável no início do Pré-Parto é suficiente? Hj, ministramos 20 ml em cada animal. Quais seriam as opções para complementar e de selênio?
JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2020

????????????????
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2020

Olá João! Tudo bem? O que vc não entendeu? Seja mais claro do que "?????". Abraços !
EM RESPOSTA A POLYANA PIZZI ROTTA
JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/08/2020

Postei no celular, era para sair, o emoji com os aplausos......mas saiu só as interrogações!
Mas não ficaram dúvidas, o artigo ficou excelente...
MARCELO MARTINI STUM

CASCAVEL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/08/2020

Boa noite.
Parabéns pelo artigo.
Pensando em vitamina E para bezerros, será que a suplementação melhoraria sua imunidade e consequentemente seu crescimento/desempenho. Como fazer essa suplementação e quais níveis de garantia de vitamina E em um produto seria o ideal
POLYANA PIZZI ROTTA

VIÇOSA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 06/08/2020

Bom dia Marcelo. Acreditamos que sim, no entanto, ainda precisamos de mais estudos para saber a quantidade de Vitamina E que efetivamente será benéfica em termos de imunidade para os bezerros, e mais do que isso. Os bezerros no Brasil tem mais desafios sanitários que os dos EUA, por exemplo, onde esses estudos são normalmente feitos. Temos muito que estudar ainda !

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