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Vitamina E e síntese de gordura do leite

POR ALEXANDRE M. PEDROSO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/02/2006

6 MIN DE LEITURA

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Nestes tempos bicudos para o produtor de leite, qualquer possibilidade de ganhar um dinheirinho extra sempre é bem vinda, e com os programas de pagamento por qualidade do leite abriram-se novas possibilidades para que os produtores possam elevar um pouco a rentabilidade de suas fazendas. Neste artigo vou abordar a questão da produção de gordura do leite, que se for aumentada, pode dar uns reaizinhos a mais no final do mês.

Não é de hoje que sabemos que rações com alta inclusão de concentrado e/ou baixo teor de forragens, e também aquelas que contêm fontes de gordura insaturada, via de regra, resultam em leite com teor de gordura reduzido. Várias são as teorias para explicar esse fenômeno, como mostrado em artigo publicado em 2004 neste radar (clique aqui para ler).

Recentemente foram publicados alguns estudos sobre a utilização de Vitamina E como forma de inibir a depressão na síntese de gordura do leite, que ocorre quando se fornece às vacas bastante concentrado ou suplementos contendo gordura insaturada. Um deles está na edição de fevereiro de 2006 do Journal of Dairy Science (Pottier et al., 2006).

De acordo com a teoria mais aceita para explicar a queda no teor de gordura do leite, quando o pH do rúmen cai, situação comum em vacas que consomem bastante concentrado, passa a haver a produção de um ácido graxo específico no rúmen, o CLA trans-10 cis-12, cuja concentração aumenta significativamente em vacas que apresentam depressão no teor de gordura do leite.

Fenômeno semelhante parece ocorrer quando se fornece rações contendo fontes de óleos poliinsaturados. Ao longo da última década pesquisas mostraram que o CLA trans-10 cis-12 é um potente inibidor da síntese de ácidos graxos na glândula mamária, de forma que sua presença resulta em menor teor de gordura do leite.

Recentemente alguns trabalhos de pesquisa realizados nos EUA e Europa mostraram que a suplementação de vacas leiteiras com Vitamina E pode minimizar a formação de isômeros trans-10 do CLA no rúmen, o que pode impedir, ou ao menos minimizar, a queda no teor de gordura do leite. Um destes estudos foi feito por uma equipe da Bélgica, cujos resultados serão apresentados a seguir.

Os autores testaram a inclusão de 12.000 UI vitamina E ao dia para vacas em lactação recebendo uma ração com alto teor de gordura insaturada, formulada para estimular a formação de isômeros trans-10 do CLA no rúmen. A ingestão de gordura insaturada era elevada (931 g/dia, em média), e a de FDN era baixa (5 kg/dia, equivalendo a 26,5% da MS total, em média), o que criava as condições para redução no teor de gordura do leite. Vale ressaltar que esse teor de FDN se aproxima bastante do teor mínimo recomendado pelo NRC (2001), que é de 25% da MS total de uma ração qualquer.

Como era de se esperar o teor de gordura do leite foi considerado baixo, mas a suplementação com vitamina E resultou num significativo aumento nesse parâmetro, como mostra a tabela 1.

Tabela1. Dados de consumo de nutrientes, produção e composição do leite de vacas leiteiras recebendo rações com ou sem suplementação de Vitamina E.
 


Os resultados mostram que a suplementação com vitamina E não afetou a produção de leite nem a de proteína do leite, mas teve um efeito marcante sobre a síntese de gordura na glândula mamária, confirmando os resultados de outros trabalhos de pesquisa citados pelos autores.

Também se analisou o perfil de ácidos graxos do leite, e observou níveis mais elevados do isômero trans-10 do CLA em relação ao isômero trans-11, o que é típico de vacas que com a síndrome da depressão na gordura do leite. Isso indica que a ração utilizada no experimento (com alto teor de gorduras insaturadas) foi a responsável pela mudança no perfil desses isômeros. No entanto, a ingestão de vitamina E inibiu esse processo, pois as vacas que receberam a suplementação não produziram leite com níveis aumentados de CLA trans-10.

Esses resultados nos mostram que vacas alimentadas com rações com baixo teor de fibra e alto teor de gordura insaturada mostram os sintomas típicos de depressão na gordura do leite, associados às mudanças no metabolismo de ácidos graxos no rúmen.

No trabalho discutido aqui, a suplementação com vitamina E, na dose de 12.000 UI por vaca/dia, resultou em significativo aumento no teor e síntese de gordura do leite, e em redução no teor de CLA trans-10. Os autores ressaltam que, para ser eficaz, a suplementação com vitamina E tem que ser fornecida junto com a fonte de gordura.

Se a gordura for ingerida primeiro, de forma que haja tempo suficiente para exercer seus efeitos no rúmen, o fornecimento da vitamina E não será capaz de reverter o processo de formação dos isômeros trans, responsáveis pela redução na síntese de ácidos graxos na glândula mamária.

Considerando que a recomendação geral do NRC (1989) para vacas em lactação é de 15 UI Vit E total/kg peso vivo/dia, para uma vaca de 500 kg a quantidade diária a ser ingerida seria de 7.500 UI. A dose suplementar utilizada no trabalho de Pottier et al. (2006) é, portanto, 60% maior que a recomendação O NRC (2001) trás recomendações em termos de necessidades de suplementação com vitamina E, considerando diferentes tipos de dietas, mas toma como base a recomendação anterior do NRC (1989).

Pelos resultados do trabalho discutido aqui, o aumento nos níveis de vitamina E nas rações parece ser uma alternativa interessante para minimizar os efeitos das dietas com pouca fibra, ou com gorduras insaturadas, sobre a síntese de gordura do leite.

Para as nossas condições, é preciso avaliar se o custo benefício da suplementação será compensador. Forragens verdes já contêm níveis elevados de vitamina E, de forma que animais mantidos a pasto têm pouca ou nenhuma necessidade de vitamina E adicional. E se pensarmos em teor de gordura do leite, esse dificilmente é um problema em rebanhos a pasto.

Já para vacas que consomem forragens conservadas, principalmente silagem de milho e feno, o fornecimento de vitamina E adicional deve ser considerado, principalmente se o teor de gordura do leite estiver baixo. Além disso, o produtor também pode levar em conta que a suplementação adicional com vitamina E frequentemente está associada à redução nos casos de mastite e de distúrbios reprodutivos pós-parto (retenção de membranas), principalmente em vacas de alta produção (Weiss, 2005).

Literatura citada

POTTIER, J.; FOCANT, M.; DEBIER, C.; DE BUYSSER, G.; GOFFE, C.; MIGNOLET, E.; FROIDMONT, E.; LARONDELLE, Y. Effect of Dietary Vitamin E on Rumen Biohydrogenation Pathways and Milk Fat Depression in Dairy Cows Fed High-Fat Diets. Journal of Dairy Science. Champaign, v. 89, n. 2, p. 685-692. Fev, 2006.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL.. Nutrient Requirements of Dairy Cattle.

Washington, D.C.: National Academy Press, 1989, 6th rev. ed. 158p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL.. Nutrient Requirements of Dairy Cattle.

Washington, D.C.: National Academy Press, 2001, 7th rev. ed. 381p.
WEISS, W. P. Update on Vitamin Nutrition of Dairy Cows. Ruminant Health and Nutrition Conference. Syracuse, NY, 2005.

ALEXANDRE M. PEDROSO

Engenheiro Agrônomo, Doutor em Ciência Animal e Pastagens, especialista em nutrição de precisão e manejo de bovinos leiteiros

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ALEXANDRE M. PEDROSO

PIRACICABA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 25/08/2009

Prezado Leopoldo,

A exigência apresentada no NRC (1989) era de 15 UI/kg MS, mas isso mudou no NRC (2001). Nessa edição a recomendação é de 2,6 UI/kg PV, considerando dietas típicas americanas. Quando as vacas ingerem forragens frescas, a necessidade de Vit E suplementar diminui, uma vez que esses alimentos são ricos nessa vitamina.

Com relação à viabilidade de se trabalhar com 12000 UI/dia, é preciso analisar o benefício disso. Uma vaca de 500 kg vai precisar de 1300 UI, quase 10 vezes menos do que isso. A Vit E é muito pouco tóxica, não conheço dados a esse respeito, mas não deve haver problemas com isso.

Abs,

Alexandre
LEOPOLDO BRAZ LOS

CARAMBEÍ - PARANÁ

EM 20/08/2009

Prezado
Dr Alexandre

É viável trabalharmos com uma dose de 12.000 UI de vitamina E?

A exigência do NRC (1989), é 15 UI de VitE/Kg de peso vivo, ou 15 UI de VitE/Kg de MS da dieta?

Obrigado
Leopoldo
EDUARDO DE CARVALHO PENA

OUTRO - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 07/02/2006

Normalmente todo suplemento comercial encontrado no mercado, que contém vitamina E, os níveis de garantia são expressos em mg (miligrama), não em UI (unidade internacional). No artigo, as exigências nutricionais são citadas em UI. Gostaria de saber como transformar mg para UI ou UI para mg?



<b>Resposta do autor:</b>



Prezado Eduardo,



Unidade internacional é um padrão de referência, que representa uma quantidade de um composto qualquer, no caso uma vitamina, que produz um efeito biológico particular. No caso da Vitamina E, temos 2 possibilidades:



Vitamina E Sintética 1 mg = 1,0 UI de Acetato de DL-a-tocoferil



Vitamina E Natural 1 mg = 1,49 UI de d-alfa tocoferol



Abs!



Alexandre

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