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Proteína da dieta, balanço energético negativo e fertilidade em vacas leiteiras - Parte 1

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 12/08/2008

4 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte da palestra apresentada por Dr. Ron Butler, no XII Curso de Novos Enfoques na Reprodução e Produção de Bovinos, realizado em Uberlândia em março de 2008.

Pontos para lembrar

• O uso de altos níveis de proteína nas dietas para vacas leiteiras tem sido associado a diminuição na fertilidade.

• O uso de altos níveis de proteína nas dietas aumenta os níveis de uréia e amônia nos folículos ovarianos e no útero. Altas concentrações de uréia têm efeitos diretos sobre o ambiente uterino.

• Os efeitos combinados de uréia elevada e balanço energético negativo comprometem a viabilidade dos embriões em vacas em lactação e contribuem para diminuir a fertilidade.

Introdução
As estratégias para atender as necessidades nutricionais de vacas leiteiras de alta produção têm sido ajustadas em resposta aos ganhos genéticos na produção de leite. As dietas ricas em proteína bruta (17 a 19%) são geralmente utilizadas no início da lactação, tanto para estimular como para manter uma elevada produção de leite. Ainda que altos níveis protéicos na ração estimulem a produção de leite, alto nível de proteína tem sido associado muitas vezes com diminuição do desempenho reprodutivo (Butler, 1998; Westwood et al., 1998; Tamminga, 2006). Revisões anteriores sobre consumo de proteína e reprodução identificaram diversos mecanismos que enfatizam as discrepâncias nos efeitos sobre o desempenho reprodutivo observados entre diversos estudos:
a. É preciso considerar as frações de proteína da dieta [proteína degradável no rúmen (PDR) e proteína não degradável no rúmen (PNDR)] fornecidas em proporções ideais em relação às necessidades ao invés de usar apenas a % de proteína bruta.

b. O balanço energético negativo (BEN) aumenta a probabilidade de efeitos adversos dos altos níveis de proteína da dieta durante o início da lactação.

A concepção e o estabelecimento da prenhez são uma progressão ordenada de eventos e processos inter-relacionados, que ocorrem dentro do trato reprodutivo: desenvolvimento folicular resultando em ovulação, fertilização do ovócito, transporte e desenvolvimento do embrião, reconhecimento materno e implantação do embrião. Hipoteticamente, amônia, uréia ou outro produto tóxico do metabolismo da proteína poderia interferir em um ou mais destes passos, comprometendo a eficiência reprodutiva. O presente trabalho enfoca os efeitos prejudiciais dos altos teores de proteína da dieta que podem ocorrer no ovário e no útero.

Monitorando o metabolismo da proteína
Para a vaca leiteira em lactação, o valor biológico da proteína da dieta está diretamente relacionado com o estado energético da vaca e o balanço dos aminoácidos absorvidos em relação às suas necessidades. Nas vacas em lactação, a proteína bruta (PB) é formada pelas frações degradáveis (PDR) e não degradáveis (PNDR) no rúmen. Pela fermentação ruminal normal, PDR proporciona uma fonte de amônia para a síntese microbiana da proteína.
Uma parte da amônia escapa da incorporação pelos microrganismos, difunde-se para fora do rúmen pelo sangue portal e sofre desintoxicação no fígado, onde é convertido em uréia. A quantidade de amônia produzida no rúmen e o teor que escapa, sendo convertido em uréia, refletem diretamente a PDR da dieta e a disponibilidade de carboidratos fermentáveis no rúmen, para dar suporte ao crescimento microbiano e a síntese de proteína.
Uma segunda fonte de uréia produzida pelo fígado é a desaminação e metabolismo de aminoácidos. Os aminoácidos circulantes originam-se da PNDR, proteína microbiana e reservas de proteína do organismo. Os aminoácidos não captados para utilização na síntese de proteína do leite são desaminados pelo fígado para produzir substratos de energia e uréia. Ainda que a produção de amônia e uréia possa ser minimizada balanceando PDR e PNDR, o consumo elevado para manter a produção de leite e a variação na produção de proteína microbiana no rúmen torna difícil a previsão exata da disponibilidade de aminoácidos específicos. Como conseqüência, as vacas de maior produção consomem mais proteína do que necessitam e as concentrações sangüíneas de uréia são aumentadas.

A uréia que circula na corrente sangüínea é medida como nitrogênio uréico no plasma (PUN) ou frações séricas e, de uma forma mais genérica, é muitas vezes denominado nitrogênio uréico sangüíneo (BUN). Em geral, o BUN alcança um pico de 4 a 6 horas após as refeições por causa do catabolismo de PDR, enquanto que o metabolismo de PNDR contribui para o BUN de forma contínua, durante todo o dia. A uréia passa facilmente do sangue para o leite dentro da glândula mamária. O nitrogênio uréico no leite (MUN) proporciona um meio rápido, não invasivo e menos caro de se avaliar o BUN e de monitorar o metabolismo da proteína como um todo nas vacas em lactação.

As medidas de PUN ou MUN têm fornecido um índice útil para o estudo da associação entre o metabolismo da proteína da dieta e a eficiência reprodutiva. Em muitos estudos, os aumentos nas concentrações de PUN ou MUN foram correlacionados com menor fertilidade em vacas leiteiras, tanto em confinamento como em rebanhos mantidos a pasto (Butler, 1998; Westwood et al., 1998; Tamminga, 2006; Wittwer et al., 1999). As taxas de prenhez tiveram diminuição de cerca de 20% quando PUN ou MUN era >19 mg/dl (Butler et al., 1996). Mais recentemente, um amplo estudo de campo sugeriu que a taxa de prenhez é reduzida mesmo com níveis de MUN mais baixos (>15,4 mg/dl; Rajala-Schultz et al., 2001).

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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WESLEY PFEIFER

CONDOR - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/11/2016

Dietas com níveis de gordura acima de 7% podem resultar em excesso de amônia no rúmen??
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/11/2008

Prezado Cleone da Silva Rocha,
Muito obrigada pela participação!

Pela fermentação ruminal normal a proteína degradável no rúmen (PDR) fornece amônia para a síntese microbiana da proteína. Parte da amônia escapa da incorporação pelos microrganismos, difunde-se para fora do rúmen pelo sangue portal e sofre desintoxicação no fígado, onde é convertido em uréia. A quantidade de amônia produzida no rúmen e o teor que escapa, sendo convertido em uréia, refletem diretamente a quantidade de PDR da dieta. A capacidade de aproveitamento da amônia pelos microorganismos do rúmen é dependente do fornecimento de carboidratos.

A uréia endógena (produzida no metabolismo animal), que é sintetizada no fígado do próprio animal. Nesse processo, a amônia proveniente da degradação da proteína ou da uréia ingerida é absorvida pela parede do rúmen e chega ao fígado pela veia porta. No fígado, essa amônia é convertida em uréia. Parte dessa uréia volta ao rúmen, parte vai para a saliva e parte é excretada pela urina. Esse processo é conhecido como "ciclo da Uréia"

A uréia que circula na corrente sangüínea é medida como nitrogênio uréico no plasma (PUN) e, de uma forma mais genérica, é muitas vezes denominado nitrogênio uréico sangüíneo (BUN). E é o excesso de nitrogênio uréico no plasma que causa problema para o animal.
CLEONE DA SILVA ROCHA

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/11/2008

Gostaria de fazer uma pergunta: a ureia que é sintetisada no figado e que reflete diretamente na PDR é bom ou é ruim? Esta ureia, ela é utilizada somente pela microbiota?
ANTONIO NOVAES DA SILVA

TAUBATÉ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/08/2008

Sim doutora, estava partindo da premissa que o nitrogenio ureico no leite estaria alto em dietas com niveis de proteina adequados. Minha duvida seria a possibilidade de pH baixo afetando a flora, que nao captaria o nitrogenio que ficaria assim em "excesso". Neste caso, teores de gordura seria afetados, relaçao gordura/proteina tambem se alteraria.

Resumindo, acidose sub-aguda como causa primaria das baixas taxas de concepçao.

Muito obrigado pela atençao

Antonio Novaes da Silva

RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/08/2008

Prezado Antonio Novaes da Silva,
Obrigada pela participação!
A melhor resposta para essa dúvida é analisar o nitrogênio uréico no leite dessas vacas.
Obrigada,
Ricarda.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 19/08/2008

Prezado Michel Valter Kazanovski,
Obrigada pela participação!
Você tem toda razão, temos sempre que buscar alta produção e alta eficiência reprodutiva, mas sem esquecer da viabilidade econômica.
Até mais,
Ricarda.

ANTONIO NOVAES DA SILVA

TAUBATÉ - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 18/08/2008

Gostaria de saber se vacas submetidas a dietas corretamente balaceadas para proteinas mas que induzem a condiçao de acidose sub-aguda e portanto com flora rumenal em menor numero e/ou menos apta a captar e utilizar o nitrogenio poderao ter problemas de concepção.

Vou me expressar melhor, existe possibilidade de pH rumenal induzir perdas de flora, esta perda de flora provocar maior quantidade de nitrogenio no rumen e no sangue e no final da contas atrapalhar a reproducao?

MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 17/08/2008

O indice de PB citado (17-19%) realmente é necessario, mesmo na dieta de vacas de alta produção e em inicio de lactação?

Trabalhei com um rebanho com média de quase 16.000L e a dieta usada não passava de 16% de PB, sendo desta cerca de 60%PDR e 40%PNDR.

A proteina é um dos elementos de maior custo na dieta. Se alem do custo alto, ainda houver problemas reprodutivos decorentes da mesma, esta é realmente viavel economicamente?

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