A polpa cítrica é um coproduto muito utilizado na nutrição de vacas leiteiras, possuindo aproximadamente 87% da energia do milho.
O Brasil é o maior produtor de laranja do mundo e gera, anualmente, cerca de dez milhões de toneladas de resíduos. O bagaço resultante da prensagem da laranja é composto por casca, sementes e polpa, podendo esse resíduo ser destinado a um processo de secagem e posteriormente peletização. A polpa cítrica resultante desse processo é um coproduto muito utilizado na nutrição de ruminantes, possuindo aproximadamente 87% da energia do milho.
De acordo com a literatura, a polpa cítrica peletizada contém um teor de matéria seca próximo a 89%, e teores de 7% de proteína bruta (PB), 24% de fibra em detergente neutro (FDN) e 77% de nutrientes totais (NDT). Além disso, apresenta elevado teor de cálcio, mineral muito importante para a alimentação de vacas leiteiras.
Entre as vantagens da utilização deste coproduto na dieta de bovinos, tem-se:
- Elevado teor de carboidratos solúveis;
- Boa aceitabilidade;
- Alta digestibilidade;
- Facilidade de manipulação e estocagem;
- Presença de pectina, que apresenta contribuição para fermentação acética, diminuindo a propensão a acidose ruminal;
- Período de safra da laranja coincide com a entressafra de grãos, que geralmente ocorre entre os meses de maio e janeiro, resultando em disponibilidade em momento estratégico.
Devido a essas características, a polpa cítrica se tornou um importante ingrediente utilizada na formulação de dietas para ruminantes e nos últimos três anos foi um dos principais co-produtos da agroindústria analisado pela EsalqLab. Assim como acontece com muitos co-produtos, existem fatores que afetam a composição bromatológica da polpa cítrica. Apesar do banco de dados gerado pelo nosso laboratório mostrar que os valores médios são muito próximos aos existentes na literatura, o que nos chama a atenção é que, apesar dessa proximidade, existe grande variação nos resultados entre as amostras. Isso demonstra que alguns fatores como momento da compra, conservação do produto, lote e método de produção pode afetar a composição da polpa cítrica.
Os dados apresentados na Tabela 1 demonstram uma variação considerável nos resultados das análises de PB, FDN, FDA e principalmente no extrato etéreo (Tabela 1), o que pode afetar diretamente a formulação das dietas. O não monitoramento dessa variação da composição do coproduto, assim como a não atualização das dietas, pode resultar em perdas produtivas e comprometimento da viabilidade financeira do sistema.
Tabela 1. Valores médios, máximos, mínimos e coeficiente de variação observado para a composição química de polpa cítrica peletizada.
Na Tabela 2 são apresentados os resultados das análises dentro de cada ano (2017 a 2019). É possível notar que os valores médios ao longo dos últimos três anos foram similares e isso conota que os as variações nos resultados apresentados na Tabela 1 estão mais associados a fatores como, por exemplo, processo de fabricação, lote, estocagem, do que o ano de produção.
Tabela 2. Composição de polpa cítrica peletizada durante os últimos três anos de análises na EsalqLab.
Sabendo dessa variação existente na composição bromatológica da polpa cítrica, é importante o monitoramento constante da qualidade desse coproduto para que as dietas sejam ajustadas sempre que necessário, propiciando o aporte nutricional adequado para os animais. E você, já analisou a polpa cítrica utilizada na sua fazenda?