Estratégias de Suplementação:
Dentre as opções de suplementação, para sistemas de produção à pasto, o fornecimento de concentrados associados a produção individual do animais é uma prática bastante difundida. Alguns produtores, com objetivo de minimizar os efeitos deletérios da escassez de forragem advinda da pastagem no inverno lançam mão do uso de alimentos volumosos conservados na forma de silagem (excedente de produção no verão) ou capineiras, sendo a cana de açúcar, uma opção muito utilizada.
Tendo como objetivo o estudo de alternativas para a manutenção da produção durante o período de menor produção dos pastos, pesquisadores da Penn State University (EUA), realizaram estudo com 45 vacas holandesas, de elevado potencial genético durante 21 semanas de experimento, comparando a suplementação de animais em sistemas de pastejo durante o período de menor oferta de forragem. Foram efetuados 3 tratamentos:
- pastagem + concentrado (PC)
- pastagem + TMR* (PTMR)
- TMR* (TMR)
De acordo com os pesquisadores e baseado na lógica e princípios da nutrição de ruminantes, o fornecimento de uma TMR parcial (PTMR), proporciona um melhor controle da quantidade ingerida de forragem via pasto em relação a programas de alimentação com suplementação somente via concentrado. A adoção de uma PTMR ofereceria uma séria de vantagens como:
- melhor estimativa do consumo de matéria seca (CMS) através do controle do consumo da TMR fornecida
- menor possibilidade de incidência de distúrbios digestivos oriundos de consumo excessivo de concentrado (vale lembrar que nem sempre o fornecimento é individual, o que possibilita uma maior ingestão de concentrado por parte dos animais dominantes e mais agressivos)
- fornecimento, eventual, de uma fibra de melhor qualidade que a pastagem seca
- possibilidade de maior produção de leite
Antes de tomar qualquer decisão, o produtor deve considerar possíveis desvantagens do emprego da PTMR, como a necessidade de maior mão de obra, tempo de trabalho e maquinário adequado para o fornecimento da ração total. Além disso, o produtor ao fornecer qualquer tipo de suplementação na forma de volumoso, deve estar atento ao custo da forragem extra fornecida, bem como o custo total da dieta formulada para "fechar" as deficiências da pastagem. Destacamos, ainda, que além do adicional operacional, a propriedade deve estar estruturada no que se refere às instalações para a adoção deste manejo, ou seja, área de confinamento adequada (cochos, sombra e disponibilidade de água/bebedouros).
Para a implementação de uma PTMR é recomendado o monitoramento técnico de um nutricionista ou pessoa devidamente capacitada para acompanhar o desempenho dos animais, a qualidade e disponibilidade da forragem e sua associação com a quantidade e teores da TMR suplementar fornecida. A medida que a estação seca vai avançando, eventuais mudanças na dieta são recomendadas para equilibrar o conjunto da alimentação.
Os dados da tabela abaixo apresentam resultados do experimento realizado por pesquisadores da Pennsylvania:
Fonte: adaptado de Bargo, F. - J. Dairy Sci. 85:2948-2963
Os dados acima devem ser analisados criteriosamente, uma vez que refletem uma realidade norte americana, o que fica evidente no consumo possivelmente mais elevado de pastagem em relação ao padrão médio das nossas forrageiras e elevada produção individual (potencial genético). Destacamos o diferencial de produção obtido entre o tratamento PC em relação ao PTMR de 12,3%. Um maior número de dados experimentais, principalmente em solo nacional seria importante veículo para auxiliar eventuais decisões de manejo alimentar em sistemas à pasto. É necessário checar sempre a relação custo x benefício, ou seja, saber se, efetivamente, somos capazes de promover a diferença na produção acima e se a eventual produção extra, oriunda da PTMR não será diluída com o aumento no custo operacional resultante da introdução de nova estratégia de alimentação.