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Os problemas do nível de ferro das dietas de vacas em lactação

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 10/11/2000

5 MIN DE LEITURA

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José Roberto Peres

O artigo apresentado a seguir foi escrito por um técnico de uma empresa da área de nutrição animal no EUA, e relata algumas experiências práticas bastante interessantes no que se refere aos níveis de ferro em dietas de vacas leiteiras e suas conseqüências.

Ele relata que em meados dos anos 80, foram encontrados problemas de saúde e reprodução em vários rebanhos de sua região. Foram feitas análises dos níveis de micro minerais nos concentrados, nas forragens, e na água. Os resultados demonstraram um ponto em comum entre as fazendas com problemas: todas tinham altos níveis de ferro nos alimentos e/ou na água. Embora o ferro seja necessário em sistemas biológicos, ele é um potente oxidante ou pró-oxidante que pode afetar negativamente o funcionamento celular.

Com base nisso eles removeram todo o ferro suplementar do premix mineral. Em alguns casos a saúde das vacas melhorou. Nas fazendas onde não houve melhora, eles descobriram que a fonte de fosfato bicálcico continha acima de 1% de ferro. A mudança para uma fonte mais pura de fósforo diminuiu a ingestão de ferro. Após a mudança, quase toda incidência de cios silenciosos, problemas de casco e infecções uterinas desapareceu. O pelo dos animais ficou mais liso. Em algumas fazendas a contagem de células somáticas diminuiu.

Além dos problemas de saúde e reprodutivos, outros problemas também existiam. Para aumentar a ingestão de energia pelas vacas, um fazendeiro que tinha um dos maiores níveis de ferro na água já testados por eles, fornecia cerca de 2,5 kg de grãos de soja tostada (fonte de gordura), por vaca ao dia. O leite imediatamente adquiriu cheiro de ranço. O cheiro do leite melhorou quando se adicionou mais vitamina E, um antioxidante, à dieta. O cheiro foi atribuído ao alto nível de ferro da dieta, já que isto nunca tinha ocorrido em outras situações onde a soja tostada era fornecida.

Usando estas informações das fazendas, eles desenvolveram um conceito que chamaram de relação pró-oxidante:antioxidante (RPA). Este conceito se baseou na crença que concentrações excessivas de pró-oxidantes, como o ferro, óleos vegetais, micotoxinas, poluentes químicos, e forragens danificadas pelo calor, oxidam os tecidos corporais. Os tecidos mais afetados são os do sistema reprodutivo, imune e vascular. O RPA tem sido usado por eles na formulação de dietas de 600 fazendas leiteiras e permitiu a solução de vários problemas. Em cerca de 66% das fazendas, a concentração de ferro na dieta era baixa e nenhuma alteração foi feita na nutrição mineral e vitamínica.

As dietas devem ser formuladas para atender as exigências dos animais. Alguns nutricionistas, no entanto, não consideram, ou não entendem os problemas criados quando um excesso de nutriente está presente na forragem, concentrado ou na água consumida pelos animais.

A idéia prática de se formular com o conceito do RPA é manter a ingestão de pró-oxidantes baixa e usar concentrações normais de antioxidantes. Os antioxidantes e cofatores típicos em dietas de vacas leiteiras incluem a vitamina E, o betacaroteno, o cobre, o zinco, o selênio e o manganês. Muitas vezes pode ser difícil diminuir os pró-oxidantes nos ingredientes da dieta, tais como caroço de algodão ou soja integral (ricos em gordura), que podem estar contribuindo para o fechamento de outras exigências dos animais. Neste caso, pode ser necessário aumentar a concentração de antioxidantes para neutralizar os pró-oxidantes.

Os nutricionistas recomendam suplementar as dietas com altas concentrações de vitamina E. As pesquisas também reportam melhora na saúde das vacas após a adição de selênio, um mineral que tem função antioxidante. Todavia, estas pesquisas normalmente não associam a estes resultados os níveis de ferro ou outros pró-oxidantes da dieta. É possível que altos níveis de pró-oxidantes tenham aumentado a necessidade de antioxidantes. Os problemas de saúde e reprodução são comuns quando a concentração de ferro nas forragens ultrapassa 400 ppm.

Muitas doenças são oportunistas e portanto só se manifestam quando o sistema imunológico está debilitado. O correto balanceamento dos microminerais pode reduzir sua incidência a um mínimo, num período de 6 meses.

Esta mesma linha de pensamento pode ser usada para explicar problemas de saúde humana. Câncer, problemas de coração e circulatórios, catarata, artrite, e muitas doenças degenerativas são conhecidas por serem parcial, se não totalmente, causadas pelos danos dos pró-oxidantes ao organismo.

As pesquisas com micro-minerais e vitaminas precisam ser intensificadas, especialmente nas áreas do balanço mineral, determinação do impacto das interações entre os nutrientes na saúde e definição da correta relação pró-oxidantes:antioxidantes. A influência e requerimentos de antioxidantes precisam ser determinados em função dos níveis de pró-oxidantes presentes nos alimentos e na água. As pesquisas atuais, concentradas num único elemento estão dando fama e resultando na criação de minerais ou vitaminas "milagrosos". Isto leva a resultados diferentes em fazendas onde os alimentos ou a água diferem daqueles existentes na situação das pesquisas.

Comentário MilkPoint: o texto acima, embora baseado em observações de campo, possui fundamentação científica, uma vez que muitas pesquisas têm demonstrado este efeito positivo dos antioxidantes em dietas de vacas leiteiras. O ponto mais interessante do texto, no entanto, está neste conceito da relação pró-oxidantes:antioxidantes, que infelizmente não fica claro se é algo subjetivo utilizado por eles ou se realmente foi desenvolvido algum tipo de cálculo; quais os fatores a se considerar e ainda qual o valor referência para se utilizar esta relação. Seria interessante dispor de uma fórmula de cálculo semelhante ao balanço cátion-aniônico que permitisse o controle do pró-oxidantes-antioxidantes. Muito provavelmente, estes problemas devidos ao excesso de ferro nas dietas são agravados nas condições tropicais, em função dos altos níveis de ferro encontrados em nossos solos e, consequentemente, em nossas forragens e grãos. Um melhor estudo desta questão poderia ter grande impacto na saúde de nossos animais e economia para o bolso dos produtores pois as vitaminas, por exemplo, representam um alto custo nas dietas. Fatos como este nos permitem afirmar que as formulações minerais não são somente "pedra moída", como argumentam muitos produtores e técnicos. Pequenas diferenças tanto no balanceamento quanto nas fontes minerais utilizadas na formulação podem trazer resultados completamente diversos.

Adaptado de:
PITZEN, D., 1993. The trouble with Iron. https://www.nuteam.com/iron.htm

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