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O lucro sobre o custo alimentar

POR MARCOS NEVES PEREIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/12/2002

2 MIN DE LEITURA

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Nutricionistas frequentemente almejam a redução no custo por unidade de matéria seca quando da formulação de dietas para vacas leiteiras. Em um mesmo consumo de matéria seca, a dieta de mínimo custo também minimiza o custo diário por vaca. Assumindo que também ocorre constância na produção de leite por animal, a dieta de custo mínimo também minimiza o custo alimentar por litro de leite produzido e maximiza o lucro sobre o custo alimentar, esta última variável a verdadeira meta de trabalho do nutricionista.

O lucro sobre o custo alimentar é calculado subtraindo o custo com alimentação (forragens + concentrados) da renda bruta (produção x preço por litro). Os norte americanos usam o termo "income over feed cost" para esta variável. Este valor representa o montante disponível por vaca para pagamento dos custos não alimentares e para a retirada do lucro. Como a participação da alimentação no custo de produção de leite é próxima de 50%, este parâmetro é uma referência importante na busca de melhor desempenho financeiro.

A avaliação de parâmetros que refletem a eficiência alimentar propiciam o questionamento de alguns conceitos. Tem sido comum afirmar que vacas que consomem poucos alimentos concentrados, muita forragem e que, por conseqüência, têm baixa produção, são aquelas de baixo custo e de melhor desempenho financeiro. Será que o menor custo alimentar por litro de leite produzido e o lucro máximo ocorrem no menor custo diário por vaca ?

"Baixo custo é desejável, mas o produtor não vive de custo mínimo, mas sim de lucro máximo"

Um exemplo simples pode ilustrar a possível incoerência da afirmativa acima. Imagine uma fazenda na qual o rebanho foi dividido em 3 lotes por produção: Lotes 1, 2 e 3. Os animais no Lote 1, por terem maior produção e conseqüentemente maior demanda nutricional, são aqueles consumindo a dieta mais cara por unidade de matéria seca e têm o maior custo diário com alimentação, ambos devido à maior necessidade de alimentos concentrados. O Lote 3 é aquele consumindo a dieta de menor custo, já que proporcionalmente forrageiras têm maior inclusão dietética neste grupo de animais. Se por qualquer motivo fosse necessária a eliminação de um destes grupos de animais, existe algum produtor que não eliminaria o Lote 3 ?

O porque desta decisão unânime pode ser visualizado pelo levantamento de parâmetros de eficiência alimentar. Na tabela abaixo estão relatados dados de 11 rebanhos leiteiros no mês de Outubro de 2002. Os custos estão altos com relação ao obtido 6 meses atrás, reflexo do impacto da alta do dólar sobre os preços da soja, do milho e de seus substitutos. Estes dados representam fazendas que adotam diferentes números de lotes de produção e são aqui mostrados apenas os dados dos lotes de maior produção e de menor produção. E aí ? Quais são as vacas mais lucrativas ?

Dentro de uma determinada opção de sistema de produção de leite, manejar a unidade produtiva (a vaca) da melhor maneira possível, para maximizar a produção por animal dentro do nível de manejo adotado, pode ser mais efetivo para a saúde financeira do que efetuar mudanças drásticas nos modos de produção. Baixo custo é desejável, mas o produtor não vive de custo mínimo, ele vive de lucro máximo.
 

Clique aqui para visualizar a tabela

MARCOS NEVES PEREIRA

Professor Titular da UFLA (Lavras, MG)

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CARLOS WALTER SCHAUFELBERGER JUNIOR

OUTRO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/12/2002

Infelizmente a base de avaliação não é a mais correta, em função do padrão alimentar adotado pelos produtores. Ao observarmos que a relação concentrado/leite situa-se na faixa de 2,5, independente da produção dos lotes, isto significa que os produtores estão desconsiderando o potencial de produção de leite dos volumosos. Em função disto é logico que vacas com maior potencial e na fase inicial de lactação, utilizando reservas corporais serão mais eficientes e mais econômicas.
ALEXANDRE COTA LARA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/12/2002

O artigo do Dr. Marcos vem em excelente momento, já que a situação do setor leiteiro é delicada e o grande peso, quando se tem em mente baixar custos, recai sobre a alimentação dos animais. Em nosso trabalho diário pela Rações Itambé, o que vem ocorrendo é exatamente a situação descrita pelo Dr. Marcos. Os lotes de maior produção, apesar de terem um custo mais alto de dieta, também são os que apresentam maior lucro devido à sua maior capacidade de resposta, seja por genética ou pelo fato dos animais estarem geralmente no início de lactação. Como o estágio de lactação não pode ser controlado, a busca de animais com maior potencial de produção pode ser a chave para um lucro ainda maior no "primeiro lote", estendendo-se aos demais, melhorando assim a eficiência do sistema. Outro ponto importante, com certeza, é a procura constante de opções no mercado de alimentos que podem ser utilizados para as vacas em lactação, chegando inclusive, em algumas situações, à possibilidade da utilização de rações (concentrados) comerciais.
JOAQUIM ANDRADE BORGES

ITAMBÉ DO MATO DENTRO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 09/12/2002

Analisando todas estas informações, gostaria de saber, se possível, em relação a mudança do uso de silagem de milho para o uso de cana, sabendo hoje que o custo da MS do milho está em torno 3 vezes maior que o custo da MS da cana, para um lote de 20 l substituindo uma silagem de milho de boa qualidade para uma cana de boa qualidade qual seria a queda de produção esperada sem alterar o uso de concentrado.


<b>Resposta</b> Joaquim,

Difícil responder esta pergunta. O que posso te dizer é o seguinte. Nos experimentos que executamos onde houve substituição total de FDN oriundo de silagem de milho por FDN de cana o desempenho foi maior na silagem: 1,179 vs 1,009 kg/d de ganho de peso em novilhas Holandesas e 34,4 vs 31,9 kg de leite diário em vacas Holandesas. Ou seja, silagem de milho é melhor do que cana. O impacto do custo da forrageira é pequeno no custo de produção, este vai ser o próximo assunto no site. Logo, a mudança de silagem para cana pouco afeta na contabilidade. A decisão é muito mais agronômica que financeira (produção por área, ênfase em agricultura, maquinário, riscos, etc). Acho que a melhor maneira de utilizar cana seria estrategicamente. Utilizaria em novilhas, vacas secas e nos lotes de menor produção de leite. A vantagem seria redução na área de milho, ou mais animais por unidade de milho produzido. No uso estratégico e utilizando balanceamento não ocorreria queda na produção por vacas. Em vacas Holandesas com produção em torno de 20 kg evitaria formulações com cana como forrageira única. Tenho ido no máximo a um 50:50 com silagem de milho. Acho que tem funcionado melhor assim. A cana tem seu lugar, mas também é preciso saber lidar com suas limitações nutricionais. Cana de qualidade e moagem fina são essenciais (se puder despalhar também ajuda).

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