ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Novos conceitos abordando o monitoramento da sobra de dietas (escore de cocho) - parte 1

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 10/03/2004

6 MIN DE LEITURA

1
1

Como devemos monitorar a dieta dos nossos animais? Qual a importância e melhor maneira de estimarmos a ingestão de alimentos (consumo de matéria seca)? Uma vez que a alimentação é peça chave num sistema de produção de animais confinados, nada melhor do que monitorar o cocho e associar este ao desempenho dos animais.

Ao visitarmos propriedades, é bastante comum encontrarmos situações distintas quanto à qualidade do manejo da alimentação. A produção de leite e a otimização de um programa nutricional consistem na perfeita combinação entre diferentes fatores, dentre os quais destacamos: densidade da dieta (concentração de nutrientes), estágio de lactação e potencial genético do rebanho. Entretanto, por mais adequada que seja a integração destes três fatores, não podemos deixar de lado o manejo da alimentação, ou seja, como a comida chega à boca da vaca. Existem sistemas programados "perfeitos" no papel. Na prática, porém, os resultados obtidos não correspondem e, muitas vezes, sem motivo plausível. É nesta hora que deve entrar em ação o "olho clínico" ou a "mão do dono" como preferem dizer alguns. Assim, discutiremos a seguir como o monitoramento de cochos pode nos auxiliar no apuramento de um programa de alimentação de bovinos confinados.

Conceitos de cocho:

Para monitorarmos o cocho dos animais, primeiramente, devemos atentar para o lote que está sendo alimentado. Quanto mais homogêneo este for, em relação à idade da lactação e genética do rebanho, menor será a chance de errarmos e maior será a possibilidade de obtermos resultados.

O primeiro passo a ser dado é quantificar a ingestão de alimentos. Como a matéria seca de forragens (inclusive silagens ao longo do perfil do silo) é variável e estas geralmente contribuem, na maioria dos casos, em pelo menos 40% da matéria seca (MS) total de dietas, o consumo das vacas também é variável. Desta forma, devemos conferir se a ingestão de matéria seca (IMS) estimada numa formulação, de fato, está ocorrendo na prática. Assim, a pesagem da sobra consiste numa "ferramenta" importante para quantificar consumo. Em função da variação da MS dos volumosos, a maneira mais correta seria amostrar a dieta, estimando a sua matéria seca. A MS pode ser quantificada na fazenda de modo simples e prático, com auxílio de forno microondas. Maiores informações e detalhes quanto esta metodologia prática podem ser obtidos em outro artigo também publicado no MilkPoint.

O exemplo a seguir ilustra tal conceito.

Ex: Fazenda A

Animais em lactação - 100
Estágio de lactação - 45 dias (média do lote)
Ingestão de matéria seca formulada (IMS) - 20 kg/cabeça/dia
Ingestão de matéria original formulada (IMO) - 40 kg/cabeça/dia
Teor de MS da dieta fornecida = 50%
Teor de MS da sobra = 52%

100 x 40 kg MO = 4000 kg MO = 2000 kg MS

Suposta sobra em material original (MO) = 240 kg

240 kg x 0.52 = 124.8 kg de MS

Sobra da dieta = 124.8/2000 = 6.2%

O exemplo acima seria a melhor maneira para se estimar o consumo no campo. Entretanto, nem sempre é possível conseguir este nível de precisão no dia a dia das fazendas. Caso o cálculo da MS da ração total fornecida não seja possível de ser efetuado na propriedade, para se ter um valor aproximado este cálculo poderá ser feito sobre a matéria original (destacamos que, do ponto de vista técnico, esta não é a melhor forma para esta estimativa). Logo, ainda no exemplo acima, considerando um volume hipotético de 40 kg de matéria original (MO) a ser fornecido por vaca, teremos um trato de 4000 kg de MO por dia. Podemos simplesmente pesar esta sobra e, estimar o consumo. Considerando uma sobra de 400 kg, por exemplo, obviamente a mesma foi de 10%. Apesar deste método não ser o mais adequado, ele pode ser bastante importante para a "calibragem" do olho do controlador de cocho da fazenda.
Controlador de cocho:

É importante que uma fazenda cujo regime de alimentação seja confinamento total, com mistura total da dieta, que haja uma pessoa qualificada para monitorar o cocho. Esta pessoa em muitas fazendas não existe. Em visitas, ao perguntarmos aos gerentes, quem controla o cocho, muitas vezes a resposta é: "Fixamos a quantidade a ser fornecida e quem faz o trato é o tratorista...". Destacamos que a escolha de uma pessoa qualificada tecnicamente, é muito importante para a execução desta função. Com a implantação de um controle de sobras, esta pessoa passa a desenvolver um "olho clínico" do cocho e passa a associar o volume de sobra no cocho com a porcentagem de sobra, sem a necessidade de pesagem de material. Seria um critério subjetivo, como a classificação do escore de condição corporal de vacas (ECC), por exemplo.

Controlando cochos - conceitos predominantes:

Em fazendas tecnificadas de leite, no mundo todo, o conceito de escore de cocho é bastante utilizado, sendo uma ferramenta indispensável ao dia a dia do manejo alimentar dos animais. A dúvida que surge está associada ao nível de sobra adequado. Primeiramente, destacamos que a avaliação da sobra, para ser representativa, deve ser feita uma hora antes do fornecimento de cada trato. Desta forma, o escore de cocho de referência mais adequado seria o 2, conforme tabela a seguir:
 


A tabela acima, principalmente no que se refere à espessura da camada de alimento remanescente (sobra) deve ser avaliada criteriosamente. Esta camada pode ser variável, de acordo com a natureza (composição) da dieta, mais precisamente em função características do volumoso fornecido e do tamanho de partículas do mesmo serem bastante variáveis. Logo, devemos atentar à porcentagem de sobra obtida com amostras práticas na própria fazenda vs. a "calibragem" do olho do controlador do cocho ("bunk reader" - "leitor do cocho").

O conceito embutido em se buscar o escore de cocho nº 2, está associado à idéia de que a vaca de leite não pode nem deve "passar fome". Algumas pesquisas indicam que o nível de sobra entre 5% e 10% é o ideal pois indica que a vaca comeu de acordo com a sua necessidade, "selecionando" (mesmo em dieta total), tranqüilamente o seu alimento. Se avaliarmos a qualidade da sobra de dietas com um escore 1 (menos que 5% de sobra), perceberemos que o material já apresenta uma consistência mais "grosseira", na maioria dos casos. Uma sobra superior a 10% representaria um excesso de comida. Desta forma, a recomendação tradicional é que o controlador do cocho faça a leitura sempre uma hora antes do trato e determine a quantidade de alimento a ser fornecida na seqüência. Um escore abaixo de 2, ou seja, uma sobra inferior a 5% exige, de imediato um acréscimo na alimentação. Este aumento deve ser de 1 kg de MS na dieta ou 5%. Para o controle deste manejo em fazendas, uma planilha (formato excel) pode auxiliar o trabalho. Ao ser formulada uma dada dieta para um determinado lote, a planilha de consumo pode indicar os acréscimos ou reduções dos ingredientes no vagão misturador (PARA OBTER MODELO DE PLANILHA NO FORMATO EXCEL,CLIQUE AQUI).

Na planilha anexa, de acordo com a dieta base, automaticamente, o controlador do cocho pode determinar a quantidade de cada ingrediente, por trato. Havendo uma sobra entre 5% e 10%, a quantidade fornecida é a da dieta-base. A quantidade oferecida não deve mudar. Havendo menos de 5%, deve-se aumentar em 1 kg de MS e aguardar (esperar sobra entre 5% e 10%). Após o aumento, novamente, se analisa o cocho e, havendo sobra inferior a 5%, aumentamos mais 1 kg de MS. O controlador pode promover aumentos superiores a 1 kg de MS, mas quando isso acontece, algo pode estar errado sendo muito provável, problemas com o teor de MS do volumoso (MS abaixo do formulado). Neste caso a MS do volumoso deve ser estimada e correções na dieta devem ser efetuadas.

Na parte 2 deste artigo a ser publicada, estaremos abordando novas teorias de escore de cocho, em prática em algumas fazendas, envolvendo conceitos diferentes em relação aos debatidos até o momento.

Fonte: dados do autor e Bovinews nº 1/Nutron Alimentos (1999)

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

Espaço para artigos e debates técnicos expostos por especialistas e equipe de consultores.

1

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

DEBORA CHARLINE DA SILVA

CRUZ DAS ALMAS - BAHIA - ESTUDANTE

EM 03/02/2011

oi bom dia estou trabalhando em um experimento avaliando digestibilidade com silagem de parte area de mandioca com caprinos, e gostaria de avaliar o score de cocho dos animais. a minha duvida é, quais os parametros eu devo avaliar, se a avaliação difere das realizadas com bovinos?

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures