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Monitorando a composição do leite para avaliar a condição metabólica e de saúde em sua relação com o desempenho reprodutivo

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 06/02/2015

4 MIN DE LEITURA

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Este texto é a parte da palestra apresentada pelo Dr. William W. Thatcher da Universidade da Florida, no XVIII Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia de 20 e 21 de março de 2014.

Para atender as crescentes demandas da população mundial por alimentos, é essencial adotar práticas de manejo e tecnologias que melhorem a eficiência da produção, ao mesmo tempo em que se reduz o uso de recursos e diminui o impacto ambiental. Atualmente, os esforços de pesquisa e extensão têm como foco os programas de manejo reprodutivo que transcende os processos reprodutivos e coordena as disciplinas de fisiologia, nutrição, saúde, manejo e bem estar das vacas e genética. Hoje, o produtor de leite tem um repertório de abordagens para coordenar as necessidades da vaca leiteira de alta produção para que ela se reproduza de maneira eficiente. O manejo reprodutivo deve ser abordado de forma holística agora e será ainda mais refinado por meio de contínuos avanços das tecnologias.

A associação entre a relação de porcentagem de gordura: porcentagem de proteína (RGP) do leite e o balanço energético tem sido bem caracterizado na primeira lactação de vacas leiteiras (Buttchereit et al., 2010). A RGP é maior durante o período inicial da lactação, quando o déficit energético é mais pronunciado. O balanço energético é estabilizado quando para o declínio na RGP. Nas vacas, a correlação entre a RGP e o balanço energético foi mais próxima (r = -0,43) no primeiro estágio da lactação. A explanação para esta associação biológica é que um déficit de energia leva a maior lipólise e captação destes ácidos graxos pela glândula mamária. Ao mesmo tempo, a ingestão inadequada de carboidratos fermentáveis para a fermentação pelas bactérias ruminais pode resultar em redução da proliferação das bactérias ruminais e, portanto, da proteína bacteriana. O fluxo de aminoácidos para a glândula mamária é reduzido e a porcentagem de proteína do leite é diminuída. Como consequência, um aumento da RGP para 1,5 é indicativo de maior balanço energético negativo que está classicamente associado a aumentos na lipólise. Aumento da RPG para > 1,5 é preditivo de transtornos no início da produção, como cetose, deslocamento do abomaso, cistos ovarianos, mastite e claudicação (Toni et al., 2011).

As associações genéticas positivas moderadas entre RGP e características de fertilidade, como número de dias até a primeira IA e dias vazio, variaram entre 0,14 e 0,28 (Negussie et al., 2013). As vacas com RGP relativamente maior tenderam a ter primeira IA mais tardia por causa do balanço energético negativo e subsequente mobilização de reservas corporais, característica do início da lactação. A RGP do leite é uma característica hereditária que variou de 0,16 a 0,25. Com a nova tecnologia na sala de ordenha para monitorar a RGP do leite de cada vaca, é possível avaliar o balanço energético individual ou do rebanho. Isto permite ajuste das dietas de forma a otimizar os programas de arraçoamento do período de transição. Também proporciona uma visão potencial das respostas reprodutivas subsequentes, que influenciam o intervalo até a prenhez e é potencialmente útil para a seleção da fertilidade.

Futuros avanços para melhorar ainda mais a eficiência dos programas irão exigir o monitoramento online diário das vacas para diagnóstico precoce de prenhez, status dos ovários e ciclos ovarianos, status metabólico e de saúde, utilizando tecnologia de biosensores na sala de ordenha. Combinada com alojamento otimizado para maximizar o conforto, a saúde e o bem estar animal, esta tecnologia irá permitir que vacas leiteiras de alta produção se reproduzam e mantenham altos níveis de produção de leite. A empresa S.A.E AFIKIM Co de Israel apresenta o sistema Afilab (https://www.afimilk.com/sites/default/files/44/afilab.pdf), com instalações em Israel e na Europa, e estações de pesquisa selecionadas na América do Norte. Combinado com a tecnologia de infravermelho, este sistema de sensor na linha de leite estima os teores de gordura, proteína, lactose, CCS e a presença de sangue no leite, avaliando o padrão de dispersão da luz quando passa através do leite que flui para o receptor. Além disso, estão disponíveis sistemas integrados simultâneos para monitorar a atividade da vaca por meio de pedômetros e/ou tags de atividade, para detectar mudanças na atividade que podem ser indicativas de que a vaca está no cio ou possivelmente com claudicação, bem como um sistema automático, de passagem, para monitorar o peso corporal

O Herd Navigator® (https://www.herdnavigator.com/pages) é um sistema com tecnologia diferente – é automático, online, com nanotecnologia, desenvolvido pela DeLaval e FOSS, atualmente distribuído na Europa e no Canadá. A unidade Herd Navigator é instalada na granja leiteira e utiliza a tecnologia de biosensores (Brandt et al., 2010) para medir quatro produtos hormonais ou metabólicos: progesterona, LDH (lactato desidrogenase), BHB (beta hidroxibutirato) e uréia. Utilizando biomodelos computadorizados na granja, o sistema pode descrever o status fisiológico e metabólico das vacas, permitindo a tomada de decisões no momento oportuno. Os dados de progesterona são usados para prever cio, prenhez, cistos, anestro e aborto. A enzima LDH é liberada no leite quando as células são destruídas durante uma inflamação no úbere. A LDH é adequada para a detecção dos estágios iniciais de mastite e diminui rapidamente depois que a mastite é reduzida. O corpo cetônico, BHB, é usado principalmente para detectar cetose clínica e subclínica e outras anomalias que comprometem o metabolismo. A presença de uréia no leite pode ser indicador de consumo excessivo ou insuficiente de proteína na dieta. Estas tecnologias exemplificam o potencial das abordagens holísticas, integrando status fisiológico e metabólico para otimizar o desempenho reprodutivo, a saúde e o bem estar da vaca leiteira em lactação. É provável que um biosensor mais específico para detectar prenhez venha a ser desenvolvido como resultado de um relato recente (Lawson et al., 2013). Os autores mostram que glicoproteínas associadas a prenhez (PAG) podem ser medidas no leite com alto grau de precisão aos 30 dias de prenhez. A possibilidade de medir PAG no leite no dia 30 da gestação irá complementar o uso do programa ressincronização da IATF para a reinseminação de vacas não prenhes de maneira adequada.
 

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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RUTHELE MORAES DO CARMO

RIO VERDE - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 19/02/2015

Excelente artigo.



Interessantíssimo, o leite além de ser um alimento nobre, vem se tornando uma ferramenta indispensável para uma avaliação geral do animal, tanto na parte reprodutiva como na produtiva.



Parabéns pelo artigo.
JÚLIA LUIZA COELHO DIAS

IRAÍ DE MINAS - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 13/02/2015

Muito interessante, para mim foi de grande valia para meu conhecimento.

Parabéns pelo artigo.
HERMENEGILDO DE ASSIS VILLAÇA

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 11/02/2015

Diagnostico de prenhês, é ferramenta indispensavel para  eficente gestão  de uma propiedade, seja de leite ou de corte. Qualquer melhoria na precisão deste diagnostico,  é sempre bem-vinda.

    

     


SIDNEY

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/02/2015

eu estou maravilhado com as novidades tecnológicas. O diagnóstico de prenhês pelo leite eu já conhecia. Mas a relação gordura proteína é nova para mim. Parabens pelo assunto.

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