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Monitoramento do manejo nutricional em rebanhos leiteiros

POR JUNIO CESAR MARTINEZ

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/02/2011

8 MIN DE LEITURA

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O desempenho de rebanhos leiteiros está intimamente associado com seu manejo nutricional. Uma das dificuldades no monitoramento do desempenho de rebanhos comerciais é como monitorar o manejo nutricional ou alguma intervenção nutricional na falta de um grupo controle. Isso faz com que muitas das análises sejam feitas de maneira subjetiva e com fatores que possam confundir a resposta, como por exemplo o efeito do tempo ou da estação do ano.

No entanto, com base nos dados de distribuição de desempenho animal para o parâmetro a ser observado, é possível determinar aquilo que é normal ou anormal para cada rebanho. Além disso, a disponibilidade de dados epidemiológicos de produção, reprodução e incidência de enfermidades pode ser utilizada como guia para a determinação do objetivo a ser atingido.

Para que o monitoramento do manejo nutricional tenha algum valor do ponto de vista de tomada de decisão, é necessário que os dados coletados sejam representativos daquilo que realmente acontece no rebanho, que tenham importância no desempenho animal e que estejam relacionados à alimentação. Ainda, têm que ser de fácil obtenção, passíveis de serem manipulados e de sofrerem intervenções através do manejo nutricional.

O uso de médias para a avaliação do desempenho animal, apesar de importante, é muitas vezes de pouco valor para a tomada de decisão. Já a visualização da distribuição dos dados de produção é muito importante para pesquisar oportunidades de melhoria no rebanho. Esse dados devem ser provenientes de subgrupos do rebanho que apresentem características em comum, tais como número de lactações, dias em lactação, lote de produção, dieta fornecida, entre outros.

Mas, o que monitorar? Uma das dificuldades de se avaliar o manejo nutricional de rebanhos leiteiros é como determinar exatamente quais os parâmetros exatos que devem ser monitorados, e como interpretá-los corretamente.

O problema das médias

O uso de médias é de pouco valor para o processo de tomada de decisão. Em um rebanho, nem todos os animais têm desempenho igual ao do animal médio, e isso faz com que a utilização de valores médios superestime animais medíocres e subestime aqueles com melhor desempenho. Valores médios de produção diária de leite por vaca, de porcentagem média de gordura ou proteína no leite são importantes e refletem a produção total do rebanho, mas muitas vezes mascaram problemas e oportunidades para intervenção e melhoria do desempenho animal. Médias de parâmetros que apresentam uma grande variação e ampla distribuição de valores, desde muito baixos a muito altos, estão sujeitas a interpretações errôneas. Alêm do mais, dados médios de parâmetros que não são distribuídos normalmente, como a contagem de células somáticas, não têm grande significado e não representam realmente o que acontece no rebanho.

Uma maneira melhor e mais objetiva de se avaliar dados de desempenho animal é a utilização de dados obtidos de grupos de animais dentro de um mesmo rebanho. O rebanho é dividido em grupos que apresentam características em comum que reconhecidamente possam afetar os dados em questão. Esses grupos são geralmente constituídos de animais num mesmo curral; animais de mesma lactação (primíparas ou multíparas); animais em início, meio ou final de lactação; animais que pariram em diferentes períodos do ano; animais de primeira lactação que pariram com diferentes idades, entre outros. Esse tipo de subdivisão do rebanho permite a avaliação de grupos de animais que apresentam peculiaridades comuns entre si, e também em relação à resposta a manipulações nutricionais.

Na análise de subgrupos dentro do rebanho em lactação, pode-se dividi-los em distintas categorias com base em:

- Dias em lactação (vacas recém paridas, vacas em meio de lactação, e vacas no terço final de lactação);
- Número de lactações (primeira, segunda, > 2 lactações); e
- Lote de produção.

Uma vez que os subgrupos tenham sido identificados, é então necessário avaliar os dados mais recentes de desempenho animal, quanto a produção de leite, produção de componentes do leite, contagem de células somáticas, incidência de distúrbios metabólicos, etc. Com uma análise metódica e rotineira é possível determinar se algum problema está ocorrendo no rebanho; qual a natureza desse problema; quando o problema teve início; e se o problema é uma constante.

Com os dados então disponíveis, é possível analisá-los e determinar possíveis soluções e oportunidades para melhoria do desempenho do rebanho. A avaliação dos dados de produção em relação ao número de dias em lactação para os diferentes subgrupos permite determinar pontos de estrangulamento no rebanho.

Início de Lactação

As primeiras semanas de lactação são marcadas por um aumento gradual na produção de leite. No entanto, animais manejados inadequadamente no período de transição, com problemas metabólicos ou dificuldades no parto ou com complicações uterinas, estão sempre mais sujeitos a um início de lactação com produção medíocre. Em rebanhos manejados apropriadamente, nos quais as vacas primíparas são agrupadas separadamente das multíparas, e os animais têm acesso a uma dieta de transição formulada adequadamente, há uma ocorrência mínima de animais com baixa produção nos primeiros 3 meses pós-parto.

Nestes rebanhos, a produção diária de vacas primíparas nos primeiros 60 dias pós-parto deve representar pelo menos 70% da produção média deste grupo. Para as vacas multíparas, esta produção derá ser de no mínimo 65% da produção média deste grupo.

Monitorando Vacas Recém-paridas

Recentemente tem aumentado a ênfase sobre o monitoramento diário de vacas recém-paridas. Apesar de não existirem pesquisas científicas demonstrando que esse tipo de atividade tem algum impacto na produção de leite durante a lactação, produtores e veterinários concordam que o diagnóstico precoce de enfermidades no periparto evita o aparecimento de problemas mais graves, como infecções uterinas e deslocamento de abomaso. Esse tipo de monitoramento consiste na observação diária dos animais quanto a atitude e apetite, e em muitos casos um exame clinico rapido que consiste de palpação retal, consistência das fezes, temperatura corporal, presença ou não de corpos cetônicos na urina, e auscultação do flanco esquerdo para presença de sons ruminais ou para o diagnóstico de deslocamento de abomaso.

Pico de Produção

O pico de produção de leite está diretamente relacionado com a produção total durante a lactação. Estima-se que para cada quilograma a mais de leite no pico de produção, o animal irá produzir cerca de 150 a 300 kg a mais de leite durante a lactação completa.

Produção Média Diária

A produção média diária tem impactos diretos sobre a rentabilidade de uma propriedade de leite. De maneira geral, em sistemas de produção intensivos, onde se explora o potencial da vaca como unidade produtora de leite, maiores produções médias de leite significam melhor rentabilidade e melhor desempenho médio animal. No entanto, a produção média não oferece informações para se determinar exatamente como o rebanho está desempenhando e, muitas vezes, não oferece uma solução direta para o problema.

Componentes do Leite

As concentrações de gordura e proteína são aqueles que mais variam de acordo com alterações na dieta. A concentração de células somáticas é também altamente variável, mas nem sempre está relacionada à nutrição. Portanto, avaliação dos níveis de proteína no leite é algo mais objetivo e de maior importância.

Vacas que sofrem de acidose ruminal têm uma baixa concentração de gordura no leite, e estão mais sujeitas a apresentarem distúrbios digestivos e/ou sofrerem problemas de casco. Alguns técnicos estimam que a acidose ruminal, associada a laminite e distúrbios digestivos, é um dos principais problemas em rebanhos de alta produção nos quais se faz uso de dietas com alto nível de alimentos concentrados.

Como geralmente há uma relação inversa entre as alterações na concentração de gordura e de proteína no leite quando dietas altas em concentrado são fornecidas, pode-se sugerir que a relação entre proteína e gordura no leite de vacas com baixa concentração de gordura seja um indicativo de uma dieta inadequada, que pode estar causando acidose ruminal. Nestes casos, deve-se avaliar:

- A composição da dieta - FDN, extrato etéreo, quantidade de gordura insaturada fornecida, carboidratos não fibrosos, amido.
- O tamanho de partícula da forragem na mistura final e a homogeneidade da dieta.
- A seleção de alimentos pelos animais - Observar o aspecto da dieta que é oferecido aos animais e o das sobras no cocho após o fim do dia.
- O aspecto das fezes dos animais de alta produção - Apesar de altamente subjetivo, vacas alimentadas com dietas marginais em fibra efetiva tendem a apresentar fezes mais líquidas e até mesmo diarréia.
- A precisão da balança do vagão misturador.
- A matéria seca dos ingredientes úmidos da dieta.

Com estes dados a disposição, é possível então determinar se a queda na concentração de gordura no leite é devida a um problema de formulação da dieta ou de manejo nutricional.

Impacto da Nutrição na Incidência de Distúrbios Metabólicos

Grande parte das enfermidades que acometem bovinos tem um aspecto metabólico/nutricional muito importante, tais como cetose, retenção de placenta, hipocalcemia, hipomagnesemia, deslocamento de abomaso, acidose ruminal, entre outros, que geralmente ocorre nas primeiras semanas de lactação. Esses problemas têm como um de seus fatores etiológicos a dieta oferecida durante o período de transição entre as últimas semanas de gestação e o início de lactação. Níveis comumente aceitáveis de incidência de desordens metabólicas giram em torno de 5 a 8% das vacas com mais de duas lactações com hipocalcemia clinica, 5 a 8% com retenção de placenta e 2 a 4% com deslocamento de abomaso.

Vacas que apresentam uma enfermidade metabólica estão mais sujeitas a apresentarem outras doenças. Vacas que apresentam hipocalcemia clínica estão 4 vezes mais sujeitas a apresentarem retenção de placenta, 23.6 vezes mais sujeitas a apresentarem cetose, e 5.3 vezes mais sujeitas a apresentarem mastite. Isso significa que a prevenção de uma enfermidade tem um grande impacto sobre outras doenças.

Uma prática bastante comum para a prevenção de hipocalcemia pós-parto é a adição de sais acidogênicos à dieta pré-parto durante as últimas 3 semanas de gestação.

Considerações finais

A visualização de distribuição de dados de produção é mais adequada para pesquisar oportunidades de melhoria num rebanho. Esse dados devem ser provenientes de subgrupos do rebanho que apresentem características em comum, tais como número de lactações, dias em lactação, lote de produção, dieta fornecida, entre outros. Portanto, deve-se tomar cuidado quanto à utilização de dados médios para a tomada de decisão, sendo sempre que possível, lançar mão de dados mais detalhados.

JUNIO CESAR MARTINEZ

Doutor em Ciência Animal e Pastagens (ESALQ), Pós-Doutor pela UNESP e Universidade da California-EUA. Professor da UNEMAT.

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ADELTO ALVES PEREIRA JUNIOR

UMUARAMA - PARANÁ - ESTUDANTE

EM 08/03/2013

Ola junior gostaria de saber como calcular a quantidade de raçao para cada animal incluindo o peso do animal. queria fazer este tipo de trabalho com cada animal. tem como me ajudar? tem algum tipo de programa onde eu coloco a quantidade de leite, o pesso do animal, o tipo do alimento, tipo soja, milho, sal mineral, bicarbonato, calcario calsitrico que eu posso estar fornecendo a quantidade certa para cada animal .Espero que vc possa me ajudar obrigado
CAIO VIDOR CASSIANO

UMUARAMA - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/07/2011

Olá Junio,

Primeiramente parabéns pelo artigo.

Estou com algumas dúvidas com relação a nutrição de bovinos.Voce poderia me passar seu email para eu te enviar elas?

Abraco
JUNIO CESAR MARTINEZ

TANGARÁ DA SERRA - MATO GROSSO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/03/2011

Prezado Roberto,

Este tipo de gerenciamento infelizmente ainda é utópico em nosso país. Poucas são as granjas leiteiras que fazem um simples controle leiteiro (pesagem do leite) uma vez por mês. O que dirá de uma análise dos componentes sólidos do leite... Os entraves são de cunho cultural (produtores) e custo dos softwares de gerenciamento, pois como não temos muitas opções, o preço é sempre um pouco salgado. Não podendo nos esquecer também de que muitas de nossas fazendas leiteiras não são informatizadas.

Portanto, um programa do governo para aquisição de equipamento de informática de baixo custo, e parcerias com empresas de tecnologia para baratear o custo deste tipo de assistência técnica seria de valia para o setor.
ROBERTO TRIGO PIRES DE MESQUITA

ITUPEVA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE

EM 15/02/2011

Prezado Dr. Junio Cesar, parabens por mais este excelente artigo.

Realmente trabalhar apenas com comparações baseadas nas médias de produção pode ser bastante enganoso.

Particularmente, durante muitos anos desenvolvi e implantei softwares de gestão de rebanhos cujas bases de dados sempre foram estruturadas para viabilizar a indexação das matrizes com base na avaliação de índices zootécnicos mais representativos do ponto de vista de agregação de renda.

Com esta visão gerencial que sempre subordina dados de produtividade à lucratividade, acho imbatível a indexação das matrizes em função da PERSISTÊNCIA LEITEIRA que nos controles leiteiros monitorados com os softwares de gestão que implementamos em diversos criatórios de alta genética principalmente com gado Jersey, fazia a correlação entre todos os indivíduos do rebanho produtivo ao longo de cada lactação com pelo menos um controle mensal, calculando pela fórmula ( % PL - Persistência Leiteira = PM - Produção Média / PP - Pico de Produção x 100 ).

Exemplificando, uma matriz com 55 kg de PP aos 50 dias do parto e PM 42 kg em 300 dias na 3a. lactação teria (42 / 55 x 100 = 76,4% de PL ).

Hipoteticamente, como há um componente genético muito forte no índice de PL, na primeira cria esse animal deve ter tido 39 kg de PP aos 56 dias e 30 kg de PM em 305 dias de lactação se submetida a um manejo nutricional que igualmente atendeu as exigências nutricionais de cada lactação controlada, resultando em (30 / 39 x 100 = 76,9% de PL ).

Supondo ainda que a PLmédia da fazenda seja de 72% essa matriz será indexada no sistema com um IPL (índice de persistência leiteira) de + 10.6 ou seja, ela é 10,6 positiva em persistencia leiteira nesse rebanho.

Como qualquer software de gestão pode indexar perfeitamente o rebanho de qualquer fazenda nacional que implemente pelo menos um controle leiteiro mensal, gostaria de conhecer a sua opinião sobre o uso dessa ferramenta para monitoramento das produções leiteiras na maioria das fazendas do país, inclusive como ponto de seleção para consolidação do rebanho.

Abraço,

Roberto
RICARDO PEREIRA CERDAS

MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 14/02/2011

exc articulo Dr Martinez, lo felicito

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