O uso da nutrição para aumentar a resistência de vacas leiteiras contra infecções tem sido objeto de diversas pesquisas em todo mundo. As vitaminas e os microminerais, tais como Vitamina E, Selênio, Cobre e Zinco, quando suplementados de forma adequada na dieta, podem aumentar a capacidade de resposta imune contra doenças como a mastite, uma vez que a suplementação deste nutrientes eleva a resistência a infecções e diminui a severidade dos quadros infecciosos.
Para estudar o efeito da suplementação de cobre acima dos níveis recomendados pelo NRC (National Research Council dos EUA), foi realizado na Universidade do Kentucky dois estudos utilizando 23 novilhas prenhes. Este grupo de novilhas foi dividido em dois lotes, sendo que um deles recebeu nos últimos 60 dias antes do parto dieta balanceada com nível de cobre de 6,5 ppm e o outro grupo recebeu a mesma dieta com a suplementação de 20 ppm de sulfato de cobre adicional. Estes animais foram acompanhados desde 60 dias antes do parto até 42 dias depois do parto. Foram feitas análises de biópsias de fígado dos animais para identificar os níveis de reservas de cobre.
Após o parto, no 34o dia de lactação, todos os animais foram infectados experimentalmente em um dos quartos mamários com baixa CCS (contagem de célula somática) com um agente causador de mastite ambiental – Escherichia coli – e foi observado a resposta dos animais a este desafio. Após o desafio experimental com a E. coli, foram avaliadas a temperatura retal e a severidade do quadro clínico de mastite ambiental.
Os resultados demonstraram que a suplementação de 20 ppm de sulfato de cobre durante 60 dias antes do parto proporcionou uma fonte de cobre suficiente para manter concentrações adequadas de cobre no fígado, uma vez que o nível de cobre hepático, ficando abaixo de 100 ppm, é considerado inadequado. Para os animais suplementados, os níveis de cobre no fígado no momento do parto foi de 162 ppm e aos 42 dias pós-parto foi de 256 ppm. Por outro lado, o grupo dos animais que não tiveram suplementação apresentaram níveis de cobre no fígado de 33 ppm no parto e de 45 ppm aos 42 dias após o parto.
É interessante notar que para o caso do cobre e de outros nutrientes, as concentrações sanguíneas não apresentaram grandes variações, uma vez que o fígado é o órgão de reserva. Portanto, os níveis sanguíneos de cobre não devem ser usados como parâmetro para medir o status deste nutriente nos animais.
Com relação aos resultados do desafio experimental com a E. coli, foi demonstrado que os animais suplementados com sulfato de cobre apresentaram menor contagem de bactérias no leite após a infecção, menor CCS, menores temperaturas retais e menor severidade dos sintomas do quadro clínico de mastite. Estes resultados apontam de maneira clara que o nível de cobre na dieta tem um papel importante na capacidade de resposta da vaca a uma infecção intramamária e, desta forma, deve-se observar com atenção os níveis deste nutriente presente na dieta.
A diminuição da severidade dos sintomas observada nos animais suplementados com sulfato de cobre pode ser devida ao aumento da capacidade de resposta imune dos animais suplementados de eliminar o agente causador da mastite. A suplementação de cobre reduziu a severidade dos sintomas, ainda que a duração dos casos não tenha diminuído. Desta forma, as recomendações do NRC em relação ao nível mínimo de cobre de 10 ppm na dieta, são adequadas para o crescimento e produção de leite, embora os resultados desse estudo confirmam que os níveis ótimos para a máxima resposta imune deve ser maiores que os atualmente recomendados.
Fonte: 2o International Symposium on Mastitis and Milk Quality, Vancouver, Canadá, p. 29-33, 2001.