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Fibra efetiva em dietas de vacas leiteiras - parte I: avaliação teórica

POR JOSÉ ROBERTO PERES

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/06/2000

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 27/10/2022

José Roberto Peres

Os efeitos da quantidade e fonte de forragem na produção e manutenção da composição do leite são conhecidos há muito tempo. A falta de forragem (fibra) na dieta desencadeia uma cascata de eventos, que conduzem a vários problemas de saúde, incluindo a acidose ruminal, abcessos de rúmen e fígado, laminite e torções de abomaso. Isto acarreta desde queda de produção e diminuição no teor de gordura do leite até, em casos extremos, a morte do animal.

Através da ingestão de partículas grandes as vacas mantém uma manta de fibra entrelaçada flutuante no rúmen, que estimula a ruminação através do atrito com sua parede e retém as partículas de menor tamanho, proporcionando tempo suficiente para sua digestão. Após vários ciclos de ruminação, as partículas fibrosas são reduzidas a um tamanho que permite sua saída do rúmen.

Em função da importância da fibra é que se tem a regra de manter a proporção de forragem:concentrado na dieta, no máximo, em 40:60. Esta regra todavia é antiga e atualmente o nível de fibra da dieta é melhor avaliado pelo teor de fibra detergente neutro (FDN). A recomendação é que, para garantir um mínimo de fibra, a dieta deve conter de 28 a 30% de FDN na matéria seca, sendo que pelo menos 75% deste FDN deve ser oriundo de forragem. Todavia, mesmo quando dietas com teores mínimos de fibra são fornecidos, pode não haver fibra "efetiva" suficiente para promover ótima fermentação ruminal e produção. Isto se deve ao fato do FDN ser um valor obtido através de análise "química", não importando o tamanho das partículas. Dessa forma, forragens excessivamente picadas ou subprodutos fibrosos podem ter altos valores de FDN e ainda assim não apresentarem o mesmo efeito da fibra longa. Em função disso, vários pesquisadores têm proposto formas de contabilizar, através de cálculos, esta "efetividade".

A proposta mais atual é do Dr. David Mertens, pesquisador do Centro de Pesquisa de Forragens para Gado Leiteiro dos EUA. Ele observou que a ruminação está relacionada ao teor de FDN (característica química) e com o tamanho das partículas (propriedade física) e propôs o termo "unidade forrageira" (UF) para definir a efetividade dos alimentos em estimular a ruminação. O valor máximo para a UF é 100, que representa um alimento hipotético com 100% de FDN numa forma física que estimule o máximo de ruminação por quilo de FDN, p.ex. um feno longo contendo 100% de FDN. Neste sistema o valor UF de um alimento seria diretamente proporcional ao seu teor de FDN multiplicado por um fator de desconto (entre 0 e 1) para reduzir o FDN de acordo com o tamanho da partícula e sua capacidade de estimular a ruminação. O sistema portanto é baseado em estímulo à ruminação mas os fatores de desconto foram obtidos através de experimentos anteriores que mediam a "efetividade" da fibra em manter o teor de gordura do leite, sendo portanto um híbrido destes dois conceitos.

Embora estes conceitos estejam relacionados, a efetividade da fibra em manter o teor de gordura do leite é diferente da efetividade da fibra em estimular a ruminação. Em função disso dois novos termos foram criados por um grupo de cientistas liderados pelo Dr. Mertens: o FDN efetivo (eFDN) é relacionado com a habilidade de um alimento em substituir a forragem de forma que o teor de gordura no leite seja mantido. O FDN fisicamente efetivo (feFDN) é relacionado com as propriedades físicas da fibra (tamanho da partícula) que estimulam a ruminação e permitem a formação da manta fibrosa no rúmen. O feFDN é sempre menor que o NDF, enquanto o eFDN pode ser menor ou maior que o teor de FDN do alimento.

A resposta do animal associada ao eFDN é a variação no teor de gordura do leite. Embora a base para a medida de efetividade seja o teor de FDN no alimento, o conceito que os valores de efetividade podem ser maiores que um ou menores que zero indica que outros fatores nos alimentos podem estimular ou deprimir o teor de gordura do leite. O eFDN engloba características dos alimentos associadas à capacidade de tamponamento; concentração e composição da gordura; teores de carboidratos e proteínas solúveis e taxas e quantidades de ácidos graxos voláteis que afetam a síntese de gordura.

A resposta animal associada ao feFDN é a ruminação. O feFDN é o produto do teor de FDN de um alimento por seu fator de efetividade (FE). O FE varia de zero, quando o FDN no alimento não estimula a ruminação, a um, quando o FDN promove o máximo de ruminação. Por ser relacionado ao teor de fibra, tamanho de partícula e sua redução em tamanho, o feFDN está relacionado à estratificação do conteúdo ruminal, que é um fator crítico na retenção seletiva de partículas grandes no rúmen; à estimulação da ruminação e motilidade do rúmen; e à dinâmica ruminal de fermentação e passagem. A secreção de saliva (resultante da ruminação) é um fator importante no controle do pH ruminal; portanto, o feFDN está relacionado com a saúde do animal e com o teor de gordura do leite através de sua relação com a secreção de saliva e o pH ruminal.

Existe uma metodologia apropriada para determinação dos valores de efetividade da fibra, mas a tabela abaixo apresenta valores médios de FE, que podem ser aplicados no cálculo da efetividade da fibra de dietas para vacas leiteiras.

 

Figura



Para que se tenha uma referência, a recomendação básica é que as dietas de vacas em lactação devem ter um mínimo de 21% de feFDN para manutenção do pH ruminal e do teor de gordura. No entanto este valor pode ser inadequado em dietas com o uso de pequena quantidade de gramíneas com alto FDN, associadas a grandes quantidades de grãos, devido ao excesso de carboidratos não estruturais de rápida fermentação. Neste caso valores um pouco superiores podem ser mais seguros. A inclusão de subprodutos fibrosos como a polpa de laranja ou a casca de soja em substituição a parte dos grãos neste tipo de dieta também deve ter um efeito positivo.

Comentário do autor: Como pode ser observado, os métodos atualmente existentes para avaliação da "efetividade" da fibra ainda não são absolutos e não conseguem "explicar", através de cálculos, toda expectativa que se pode ter no que se refere à adequação em fibra e saúde do animal, quando uma dieta específica é formulada. Todavia, devido à importância do assunto, estes cálculos são válidos, desde que associados a um certo grau de experiência e observação prática do nutricionista.

fonte: MERTENS, D., 2000. Physically effective NDF and its use in dairy rations explored. Feedstuffs. April 10.

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EDUARDO AGUIAR EDUARDO AGUIAR

LUZ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2014

Excelente Materia. Muito prática e proveitosa.
KILL-SILVEIRA

CÁCERES - MATO GROSSO - PESQUISA/ENSINO

EM 29/03/2011

Gostei deste resumo, e da sua atitude pois este é um tema ainda pouco divulgado, um tanto quanto desconhecido por nossos pesquisadores e profissionais da área, e é de grande valia para aqueles que trabalham com animais de alta performance.

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