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Erros na formulação de dietas para vacas: não especificar o peso vivo corretamente

POR RODRIGO DE ALMEIDA

E MARCOS BUSANELLO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2021

5 MIN DE LEITURA

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A partir desta semana, e nas próximas nove semanas, vou ocupar este espaço para abordar 10 erros relativamente comuns na formulação de dietas de vacas leiteiras.

Esta lista de 10 erros é fruto da minha experiência como professor universitário, responsável pelas disciplinas de Bovinocultura de Leite e Técnicas Avançadas de Formulação de Rações da UFPR, esporadicamente como consultor de rebanhos leiteiros, e ainda, como um dos autores do programa de formulação de rações RLM Leite - Ração de Lucro Máximo, um dos softwares de formulação mais populares do Brasil.

Ao ministrar cursos do RLM Leite em várias partes do Brasil e ao receber dezenas de e-mails de usuários, comumente me deparo com dietas que “não fecham”, e ao esmiuçar estas dietas, acabamos identificando o porquê destas dietas “não fecharem”.

Basicamente é isto que quero compartilhar com os leitores do MilkPoint. De maneira alguma quero passar uma mensagem de arrogância ou de crítica aos colegas que, involuntariamente e esporadicamente, cometem erros nas formulações. Todos nós cometemos erros, mas reconhecê-los e discuti-los acredito que contribui para que eles ocorram em menor frequência.

Aproveitando este primeiro artigo, quero fazer um convite aos leitores do MilkPoint e particularmente aos leitores que também sejam nutricionistas de rebanhos leiteiros do Brasil para que eles usem este espaço para compartilhar as suas maiores dificuldades e os erros que eles consideram mais frequentes.

Ao final destes 10 artigos, um para cada erro, teremos um apanhado, que será um retrato das contribuições dos leitores, com os erros que eles consideram mais frequentes. Portanto, participem! Será uma honra receber suas contribuições.

1º erro: Não informar corretamente o peso vivo (PV) médio das vacas, nem tampouco o PV adulto do rebanho.

Na formulação de dietas, inicialmente temos que descrever a vaca que representa a média dos animais do lote para o qual estamos formulando a dieta. Entre as várias informações para descrever essa “vaca média” está o peso corporal ou o peso vivo (PV) médio dos animais do lote. Segue a janela do RLM Leite onde o usuário preenche esta informação.

O peso corporal é uma das variáveis mais relevantes para a acurada estimativa das exigências animais. O problema é que muitos nutricionistas, por falta de tempo ou por excesso de segurança, acabam pesando os animais “no olho”, baseado em experiências prévias.

Ou também acabam simplesmente acatando a sugestão do próprio programa, o valor default de PV para cada uma das raças leiteiras. Vamos ser francos, todos nós já formulamos dietas sem pesar os animais antes.
 

Qual é o impacto de usar um peso incorreto?

Basicamente, todas exigências de mantença (energéticas, proteicas e minerais) são incorretamente estimadas. Para exemplificar, vamos usar a estimativa energética de mantença e vamos assumir um lote de vacas Holandesas que pesa 675 kg em média, mas que o nutricionista incorretamente informou 625 kg. Estimando a mantença usando estes 2 valores:

  •  Emant = 6250,75 x 0,08 = 10,0 Mcal
  • Emant = 6750,75 x 0,08 = 10,6 Mcal

Assim, é provável que este grupo de vacas em que o PV foi subestimado em apenas 50 kg (675 - 625 kg), e em que a exigência energética de mantença é 0,6 Mcal maior que o previsto (10,6 - 10,0), é provável que estas vacas produzam ao redor de 0,8-1,0 kg a menos que o previsto, já que o valor energético de 1,0 kg de leite (na raça Holandesa) é 0,7 Mcal.

Mas quão comum é errar o PV médio de um grupo de vacas em 50 kg? Muito frequente, acreditem.

Mesmo dentro da mesma raça, há uma enorme variabilidade no peso corporal médio entre rebanhos. Por isso, tentem não confiar tão frequentemente “no olho” e mesmo no peso médio default sugerido pelo programa de formulação.

Pesem as vacas do rebanho, idealmente todas elas se o rebanho for pequeno ou médio, ou uma amostra de 10-20% no caso de grandes rebanhos. Isto é particularmente importante na primeira visita que você faz ao rebanho. E logicamente é bom ressaltar que você não terá que pesar todas as vacas em todas as visitas; porque o peso vivo médio pouco muda de uma visita para outra. Talvez a cada 1-2 anos seja interessante voltar a pesar as vacas.

Na figura abaixo está um levantamento da Zootecnista Maihury, ex-aluna da UFPR e do Grupo do Leite da UFPR e hoje técnica da Cooperativa Frísia, que pesou centenas de animais em 16 rebanhos leiteiras da Frísia durante seu estágio obrigatório, sendo todos rebanhos 100% Holandeses com vacas registradas e em controle leiteiro oficial.

Embora o peso vivo médio tenha ficado próximo ao valor default ou sugerido do RLM Leite (e do NRC Dairy Cattle 2001), 664 kg PV, observem a grande variação no peso corporal médio entre rebanhos. A amplitude foi de 153 kg, com rebanhos apresentando um peso médio desde 578 até 731 kg de peso!


Fonte: Maihury C. Santo (2018)

Uma outra informação relevante no cadastro de uma vaca “média” ao formular uma dieta é informar qual é o peso corporal adulto (ou à maturidade) do rebanho.

Por que esta informação é importante? Porque este PV adulto será usado pelo modelo para estimar os PV “alvo” em diferentes momentos da vida produtiva da vaca (1ª cobertura, 1º parto, 2º parto, etc.), e por conseguinte, as taxas de ganho de peso exigidas para que os animais atinjam estes pesos “alvo”. Segue a janela do RLM Leite onde o usuário preenche esta informação.


 

Como estimar o peso adulto de um rebanho?

Segundo o NRC (2001), vacas leiteiras atingem seu peso corporal definitivo a partir da sua 3ª lactação. Assim, nossa recomendação é que 10-20 vacas de 3 lactações ou mais sejam pesadas no rebanho, para você ter uma correta estimativa do PV à maturidade desta fazenda.

Mais uma vez, você não precisará pesar (ou “passar a fita”) nas vacas adultas em todas as visitas, mas a cada 1-2 anos é interessante recoletar esta medida e atualizar os valores usados nas suas dietas.

O peso corporal adulto varia muito entre rebanhos leiteiros brasileiros; tipicamente nos deparamos com valores entre 650 a 725 kg na raça Holandesa, 400 a 475 kg na raça Jersey e 550 a 625 kg na raça Girolanda e em animais mestiços Holandês x Zebuíno.

O doutorando Marcos Busanello da ESALQ/USP, sob orientação do Prof. Dante Pazzanese Lanna, está prestes a concluir seu doutorado exatamente nesta linha de pesquisa e em breve teremos estimativas ainda mais precisas.

Por hoje é tudo pessoal; espero que vocês tenham gostado da leitura. Na próxima semana discutiremos um segundo erro frequente nas formulações. Comentários, críticas e sugestões são muito bem-vindos!

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