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Benefícios da utilização da casca de soja sobre o desempenho animal

POR CLAYTON QUIRINO MENDES

E JANICE BARRETO DE MORAIS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/03/2007

4 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 05/10/2022

A casca de soja tem sido alvo de diversos estudos, com a finalidade de verificar o seu benefício sobre o desempenho animal devido às suas vantagens nutricionais e econômicas. No artigo anterior (clique aqui para ler) apresentamos as características que tornam este subproduto agroindustrial um ingrediente alternativo para ser utilizado na nutrição animal. Neste artigo serão apresentados alguns resultados de trabalhos científicos em que a casca de soja foi testada como substituto de ingredientes energéticos ou volumosos tradicionalmente utilizados na alimentação do rebanho.

Trabalhando com casca de soja, milho ou uma mistura de ambos como suplemento em dietas contendo feno de gramínea de clima tropical ou temperado, Galloway et al. (1993) observaram maior digestibilidade aparente da FDN no trato digestivo total de novilhos para a dieta com casca de soja, sugerindo que a casca melhorou a degradação da fibra da forragem e não decresceu a atividade fibrolítica dos microrganismos ruminais, fato não ocorrido quando o milho foi utilizado.

Em um estudo realizado com novilhos de corte, Ludden et al. (1995) substituíram milho por teores crescentes de casca de soja (0; 20; 40 e 60% da MS da dieta) e observaram um aumento linear no consumo de matéria seca (P<0,01) e um decréscimo no ganho de peso vivo (GPV) com o aumento do teor de casca de soja na dieta a partir de 40% da MS.

Esses autores concluíram que, a baixas taxas de inclusão de casca de soja na dieta (≤ 20% da MS), o desempenho animal não foi comprometido, porque, além de reduzir problemas metabólicos no animal (em função do seu efeito de FDN), a casca aumentou a disponibilidade energética de outros nutrientes da dieta. Nesse mesmo estudo, foi observado que a casca de soja, quando incluída em dietas com alta proporção de ingredientes concentrados com moderada ou alta quantidade de milho, apresentou um valor nutricional de 74 a 80% do valor do milho.

Outros trabalhos realizados com novilhos de corte, comparando a suplementação de milho com a de casca de soja em dietas a base de forragens, demonstraram ganhos de peso similares entre os dois suplementos (Anderson et al., 1988) ou superiores para a casca de soja (Garcés-Yépes et al., 1997). Martin & Hibberd (1990) alimentaram vacas de corte com quantidades crescentes de casca de soja (0; 1; 2 ou 3 kg/dia) como suplementação energética em dietas contendo feno de baixa qualidade. Foi observado um efeito quadrático (P=0,04) no consumo de feno com o aumento da quantidade de casca de soja fornecida, mas o decréscimo na ingestão de feno foi baixo (0,64 kg/dia com o fornecimento de 3 kg/dia de casca), quando comparado com um trabalho de Chase & Martin (1987), cuja redução na ingestão de feno foi de 3,7 kg/dia ao utilizarem 3 kg de milho como suplemento. Através desses resultados, pôde-se concluir que a casca de soja melhora a utilização da forragem e pode suprir efetivamente o animal em termos de energia.

Araujo (2006) avaliou o efeito da substituição da fibra em detergente neutro (FDN) do feno de coastcross pela FDN da casca de soja sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes no trato digestório total de cordeiros e observou que a digestibilidade da MS e da MO aumentou linearmente (p<0,01) com a inclusão de casca de soja na ração. O autor concluiu que a maximização da digestibilidade da matéria seca ocorreu com a inclusão de 72% de casca de soja e que inclusão maior do que este teor reduz a digestibilidade da ração e que o aumento linear na digestibilidade da MS e da MO foi devido à maior digestibilidade da casca de soja quando comparada ao feno de coastcross.

Em relação ao desempenho de ovinos alimentados com casca de soja em substituição a volumosos, Morais (2003) verificou efeito linear crescente (P<0,01) para o ganho médio diário e consumo diário de matéria seca. Por outro lado, observou efeito linear decrescente (P<0,01) para conversão alimentar de borregas quando a casca de soja foi incluída de 0 a 37,5% na MS da ração, substituindo o feno de coastcross.

Quanto ao uso da casca de soja em substituição a ingredientes concentrados, Hsu et al. (1987) compararam dietas contendo 70% de milho ou 70% de casca de soja na alimentação de cordeiros confinados, ambas com 90% de concentrado e não observaram diferença no ganho diário de peso dos animais (Tabela 1). Entretanto, os autores observaram que os cordeiros alimentados com casca de soja apresentaram maior consumo de matéria. Com isso, fica evidente que em dietas com alto teor de concentrado, em que não há limitação física ao consumo, o animal tende a manter o desempenho, aumentando o consumo de matéria seca para o atendimento de suas exigências energéticas. Compensando desta forma, a menor densidade energética da dieta contendo o subproduto.

Tabela 1. Desempenho de cordeiros alimentados com milho ou casca de soja nos teores de 50 ou 70% de inclusão nas rações
 


a,b,c Médias seguida de letras diferentes nas linhas diferem (P<0,05) entre si
Fonte: Adaptado de Hsu et al. (1987).

Apesar do maior valor energético do milho, a casca de soja mantém um ambiente ruminal mais adequado para as bactérias fibrolíticas, minimizando os efeitos associativos negativos sobre a digestibilidade da parede celular das forragens da dieta e disponibilizando mais energia para o animal. Portanto, em dietas com alta proporção de volumosos, a decisão de se utilizar milho ou casca de soja deve ser tomada com base na análise dos custos desses ingredientes.

Devido ao maior teor e digestibilidade da fibra em detergente neutro da casca de soja, em comparação com outras fontes de suplementação, é possível proporcionar melhores resultados de desempenho animal, mesmo em dietas com maior quantidade de volumoso.

CLAYTON QUIRINO MENDES

É colaborador do Agripoint como instrutor do curso Princípios da Nutrição de Caprinos e Ovinos de Corte e escreve artigos técnicos para seções Nutrição e Pastagem.

JANICE BARRETO DE MORAIS

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JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 30/05/2018

Muito bom!
RICARDO MACHADO MASSETTI

CUIABÁ - MATO GROSSO

EM 08/10/2008

estou tratando os borregos confinados com casca de soja e farelo de milho numa proporcao de 80kg de casca e 40 kg de farelo de milho e viavel.
ALUISIO DE ALENCASTRO FILHO

GOIÂNIA - GOIÁS - PESQUISA/ENSINO

EM 29/04/2007

Estou concluindo uma pesquisa com o residuo de soja que é chamada bandinha de soja tive bons resultados. A dieta possui bandinha de soja e milho na sua composição no concentrado. É uma ótima alternativa a casca de soja.

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