Muitas pessoas gostam de leite e consomem esse produto livremente, sem nenhum tipo de restrição. Outros gostariam de ter a mesma sorte, porém, sentem algum tipo de desconforto ao ingerir produtos lácteos. Será a intolerância a lactose a responsável pelos desconfortos? Geralmente sim, mas nem sempre! Saiba mais no vídeo abaixo:
As proteínas do leite podem estar envolvidas em alguns destes casos de intolerância ao leite não relacionada à lactose. Muitas pessoas, especialmente crianças, são alérgicas a uma ou mais proteínas presentes no leite de vaca ou de outras espécies.
No entanto, existe uma outra condição muito específica que está relacionada com a sensibilidade a um peptídeo (fração resultante da digestão de proteínas). Neste caso estamos falando do BCM-7 ou beta-casomorfina 7.
Este peptídeo é liberado durante a digestão de uma das proteínas do leite, chamada β-caseína do tipo A1. Essa variante chamada A1 resulta de uma mutação genética que ocorreu espontaneamente em vacas de algumas raças. No entanto, com a identificação genética dos rebanhos é possível obter leite chamado A2 (ou A2A2) no qual a liberação de BCM-7 durante a digestão é mínima ou inexistente.
Vale destacar que em leite de cabra, ovelha e búfala não se observou essa mutação genética até o momento, e por isso não são susceptíveis à liberação do BCM-7.
Mas o que esse peptídeo pode causar em pessoas sensíveis a ele? Alguns problemas digestivos podem ser observados, tais como o intestino pode se tornar mais lento, pode ocorrer inibição da secreção de sucos digestivos e aumento do estímulo para contração da vesícula biliar, entre outros.
Por fim, nunca é demais reforçar que essa é uma condição observada apenas em algumas pessoas. E de qualquer forma, vale a pena experimentar essa novidade que já chegou ao mercado brasileiro e representa um grande avanço para nossa indústria de laticínios.
Se você quiser aprofundar-se no assunto, sugerimos uma revisão de literatura recentemente publicada por nosso grupo.
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Referência:
BARBOSA, M. G. ; SOUZA, A. B. ; TAVARES, G. M. ; ANTUNES, A. E. C. . Leites A1 e A2: revisão sobre seus potenciais efeitos no trato digestório. SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL, v. 26, p. 1-11, 2019.