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Temperatura: como ela pode afetar a produção de leite?

POR JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

COWTECH

EM 17/08/2001

3 MIN DE LEITURA

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João Paulo V. Alves dos Santos

Por João Paulo V. Alves dos Santos

Quando falamos em produção de leite devemos sempre atentar para os fatores que a determinam. Existem três fatores que estão diretamente relacionados à produção, já destacados em artigos anteriores desta coluna. São eles, nutrição, sanidade e o conforto proporcionado aos animais. Estes três fatores estão ligados entre si. Logo, cabe a nós, técnicos e produtores descobrirmos onde está o nosso problema.

Na pecuária leiteira, em climas tropicais e subtropicais, fatores como a elevada temperatura do ar associada a alta umidade relativa (UR) do mesmo, causa uma sensação de extremo desconforto para nós e principalmente para nossas vacas. Nossos animais constantemente babam, permanecem de pé e respiram em sucessivos ciclos, a famosa "batedeira". A conseqüência deste quadro para todos, querendo ou não, é percebida ao recebermos o pagamento.

Com o objetivo de quantificar exatamente qual seria a perda de leite em função do estresse calórico, foi realizado um experimento na região de Goiânia (GO) em que o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), também conhecido pela sigla, em inglês (THI), serviu como referência para indicar o conforto ou desconforto animal, integrado aos índices reprodutivos e a produção de leite. Para a avaliação da perda de produção foi utilizada a equação proposta por Berry et al. (1964), descrita a seguir:

DPL = -1,075 - (1,736 x NP) + (0,02474 x NP X ITU)

DLP = declínio absoluto da produção de leite, kg/vaca/dia
NP = nível normal de produção de leite, kg/vaca/dia
ITU = valor médio diário do índice de temperatura e umidade, admensional.

Os dados climáticos foram coletados da Estação Climatológica da Embrapa Arroz e Feijão, Município de Santo Antônio de Goiás - GO, latitude 16º28´ Sul e Longitude de 49º17´ Oeste, com altitude de 823m.

O DPL foi avaliado em seis níveis normais de produção, ou seja, para 10, 15, 20, 25, 30 e 35 kg/vaca/dia. De acordo com os pesquisadores, o NP representa o potencial de produção dos animais em condições ambientais de conforto térmico, ou seja, em condições de termoneutralidade (ausência de estresse térmico ou zona termoneutra).

Os valores para ITU foram calculados de acordo com a equação proposta por Buffington et al. (1982), expressa a seguir:

ITU = (0,8 x Tbs) + UR [(Tbs -14,3)/100] + 46,3

Tbs = temperatura do bulbo seco
UR = umidade relativa do ar

A figura a seguir expressa os resultados obtidos.

Gráfico


Podemos perceber, ao longo de 12 meses que, para um mesmo ITU (mesmo índice de desconforto), temos maiores danos ao animais de alta produção, conforme visualizamos na figura acima. Como exemplo, visando facilitar a compreensão de todos, para um ITU de 76, por exemplo, uma vaca com potencial de 30kg de leite, em junho (mês 6, na figura) teve um declínio na produção de leite (DPL), em relação ao mesmo (potencial), de aproximadamente 2,5kg de leite. Já em outubro, as perdas foram bem maiores, em torno de 5,5kg de leite em relação ao potencial de 30kg.

De acordo com Rosenberg et al. (1983), as amplitudes de conforto para ITU são classificadas na tabela a seguir:

Tabela


Em outras palavras, podemos verificar na figura que, em grande parte dos meses do ano (janeiro a abril e setembro a março), na região da pesquisa, os valores de ITU foram iguais ou superiores a 75, representando uma situação de alerta e gerando perdas significativas na produção de animais com potencial a partir de 25 kg de leite. Destacamos que com os avanços dos programas de melhoramento genético via inseminação artificial, hoje bastante difundida e presente em grande número de fazendas, animais com potencial para 25kg são comuns em muitos rebanhos, ou pelo menos parte deles, representando parcela significativa da produção em relação ao volume total de leite das mesmas.

Comentário MilkPoint: primeiramente destacamos a iniciativa de experimentos como este, servindo de exemplo para os demais pesquisadores - especialistas no assunto: "Climatologia" - desenvolverem cada vez mais trabalhos, nas mais diferentes regiões produtoras de leite do país. Obviamente que os números acima apresentados não podem ser utilizados em regiões com temperaturas mais amenas, ao longo do ano, como o nosso sul, por exemplo. Porém, temos à disposição dados de Goiás, região em pleno desenvolvimento na atividade leiteira, passando por um momento difícil, com um verão pela frente. Os resultados apresentados evidenciam que as perdas potenciais em função do stress térmico são significativas e proporcionais ao nível de produção, de forma que os dados deste trabalho cumprem a função de facilitar a tomada de decisão sobre como e quando investir em climatização.

Fonte: Trabalho publicado nos Anais da 38º Reunião Anual da SBZ 2001, "Prognóstico de declínio na produção de leite em função do clima para a região de Goiânia, GO" - Campos, A.T.; Pires, M.F.A.; Verneque, R.S.; Campos A.T., Campos, D. S.

JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

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