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Redução do estresse térmico melhora a eficiência alimentar de vacas leiteiras

POR ISRAEL FLAMENBAUM

COWCOOLING - FLAMENBAUM & SEDDON

EM 19/02/2021

6 MIN DE LEITURA

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Em artigo recente publicado na MilkPoint em 03/12/2020 chamado "Os custos dos alimentos subiram, e agora o que fazer?", o autor, Leonardo Dantas, veterinário e consultor da COWTECH, descreve a nova situação que os produtores de leite brasileiros estão enfrentando esses dias.

O custo da alimentação está aumentando drasticamente, devido à alta internacional dos preços dos alimentos e à desvalorização do R$ brasileiro em relação ao US$. Leonardo enumera algumas práticas não nutricionais que podem levar ao aumento da eficiência alimentar das vacas, o que pode reduzir o custo da produção de leite e melhorar a rentabilidade da fazenda; o primeiro item de sua lista é o "combate ao estresse térmico".

O artigo de Leonardo me lembrou um artigo que publiquei há alguns anos. Este artigo ainda não foi publicado em português e com preços brasileiros de ração e leite, então aproveito para publicá-lo agora.

Muitas informações publicadas nas últimas três décadas tratam do efeito negativo do estresse térmico do verão nas características produtivas e reprodutivas de vacas de alto rendimento. No entanto, existem informações muito limitadas sobre o efeito do estresse térmico na eficiência alimentar das vacas.

Uma publicação especial do NRC (1) mostrou que as necessidades de energia de manutenção de vacas em ordenha eram 25% maiores para vacas expostas a temperatura ambiente de 35oC, em comparação com vacas mantidas a 20oC. Se traduzirmos esses dados para vacas de alto rendimento comendo 4 vezes mais as dietas de manutenção, suas necessidades alimentares esperadas quando sob estresse térmico são mais de 5% acima daquelas vacas mantidas em condições normais.

Estudos realizados nas instalações do USDA na década de 60 (2,3) mostraram que a conversão alimentar era 10% maior em vacas com parto no verão, em comparação com vacas no inverno. A energia do leite costumava ser cerca de 60% daquela do alimento consumido quando as vacas estavam em condições normais, mas apenas 35%, quando as vacas eram expostas por 2 semanas ao estresse por calor em câmaras climáticas (32oC).

Em pesquisa realizada em 13 fazendas leiteiras comerciais no Alabama, durante os meses de inverno (4), foi produzida a quantidade de 1,4 kg de leite para cada kg de MS consumido, contra 1,32 kg de leite produzido por kg de MS consumido, nos meses de verão (redução de 5% na eficiência alimentar).

Pesquisadores da University of Arizona publicaram recentemente um estudo realizado nas novas câmaras climáticas localizadas em Tucson (5). A produção de leite de vacas mantidas em condições climáticas normais, cujo consumo de ração foi restrito ao de vacas sob estresse térmico, caiu apenas à metade daquela obtida em vacas sob estresse térmico (30% e 15% nas vacas sob estresse térmico e sob restrição alimentar, respectivamente).

A diminuição no consumo de ração poderia explicar apenas metade do declínio na produção de leite, assumindo que o restante era energia usada para ativação dos mecanismos do corpo para dissipação de calor e mudanças no metabolismo da vaca. Em outras palavras, o estresse térmico causa “ineficiência nutricional”.

Com base no mesmo protocolo, participei de uma equipe de pesquisadores do ministério de pesquisa agrícola e serviços de extensão de Israel, em uma pesquisa realizada nas instalações da fazenda de pesquisa leiteira do ministério (6).

Dois grupos de vacas de alto rendimento, com média de 45 kg/d, foram localizadas no mesmo lado de um galpão, alimentadas ad lib com uma ração TMR (fornecida em caixas individuais pesadas diariamente) e ordenhadas 3 vezes ao dia. Todas as vacas foram resfriadas intensamente por uma combinação de sprinklers e ventilação forçada.

A pesquisa começou no dia 1º de julho (início do verão em Israel) e se estendeu até o final do mês. Todas as vacas foram resfriadas intensivamente e o consumo de ração, produção de leite e outros parâmetros foram registrados. Durante a última semana de julho, o tratamento de resfriamento foi gradativamente interrompido em um dos grupos, enquanto o suprimento de alimentos para o outro foi restrito (em pares) à quantidade consumida pelas vacas não resfriadas e sob estresse térmico. Os resultados da experiência realizada em Israel são apresentados na tabela abaixo.

Tabela 1 - O efeito do estresse térmico no desempenho das vacas e estratégias para reduzir esse efeito

Conforme obtido no “estudo do Arizona”, também no “estudo israelense” a queda de 20% no consumo de ração (de 24,4 para 19,4 kg/vaca/dia), explicou apenas a metade da queda na produção de leite. A queda do leite em vacas sob estresse térmico foi quase o dobro da obtida em vacas resfriadas (14 e 8 kg/vaca/dia), embora o consumo de ração nas vacas dos dois grupos tenha sido o mesmo.

Pode-se dizer que o resfriamento de vacas sob estresse térmico no verão tem o potencial de melhorar a eficiência alimentar ao reduzir de 5 a 10% a alimentação necessária para certa quantidade de leite produzida por vacas sob estresse térmico.

Com base nos resultados obtidos no estudo, calculamos, com base nos preços reais do setor de laticínios brasileiro, o benefício econômico do resfriamento das vacas. Levamos em consideração um custo diário médio por vaca de R$ 25,00 por vaca, e 200 dias estressantes no ano (realidade nas principais "regiões leiteiras" do país).

O resfriamento das vacas na estação quente tem o potencial de reduzir o custo de alimentação para a produção de leite e aumentar o lucro anual por vaca em R$ 250 a 500 (caso a eficiência alimentar melhore em 5% e 10%, respectivamente). Essa quantia está em muitas partes do Brasil, acima do custo esperado para resfriar adequadamente as vacas no verão.

A eficiência alimentar também melhora quando a produção anual da vaca é mais alta e o custo da alimentação de manutenção é "distribuído" para mais litros; portanto, a alimentação necessária para cada litro de leite produzido é reduzida. O resfriamento adequado das vacas tem o potencial de aumentar a produção anual de leite por vaca em pelo menos 1000 litros.

Em um artigo que publiquei recentemente na MilkPoint, apresentei o benefício econômico crescente com a obtenção de maior produção anual. O custo de alimentação de uma vaca de 9.000 litros sem nenhum resfriamento (necessidade de alimentação de 0,850 Kg MS/litro), foi comparada a uma vaca de 10.000 litros, devido ao resfriamento adequado (0,780 Kg MS/litro). Podemos encontrar uma redução de R$ 1.000 nos gastos com alimentação para produzir a mesma quantidade de leite anual, uma economia que é novamente, muito acima do custo para resfriar as vacas.

Leonardo Dantas acertou ao escolher primeiro a mitigação do estresse térmico, na lista de práticas de manejo para melhorar a eficiência alimentar, enfrentar o aumento significativo dos preços das rações e ajudar os produtores de leite a superar esses dias desafiadores.

Referências

1. National Research Council. 1981. Nutrient requirements of dairy cattle. 5th ed. Nat’l. Acad. Press. Wash., DC.

2. McDowell et al. (1968), Interbreed mating of dairy cattle, 1. Yield traits, feed efficiency type and rate of milking. J. Dairy Sci. 51:767.

3. McDowell et al. (1969), Effect of heat stress on energy and water utilization of lactating cows. J. Dairy Sci. 52:188.

4. Britt et al (2003), Efficiency of converting nutrient dry matter to milk in Holstein herds. J. Dairy Sci. 86:3796-3801.

5. Roads et al. (2009). Effects of heat stress and plane of nutrition on lactating Holstein cows. J. Dairy. Sci. 92:1986.

6. Flamenbaum et al. (2010). Cooling cows improve feed efficiency of high yielding cows in the summer (Israel dairy Magazine, 349:65, 12- 2010 (In Hebrew).

ISRAEL FLAMENBAUM

Especialista no estudo do estresse térmico em vacas leiteiras, professor na Hebrew University of Jerusalém, tem ministrado cursos e treinamentos sobre o assunto em diversos países.

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