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Novos estudos sobre a influência do conforto nas afecções podais

POR RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2008

3 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 01/09/2022

Em junho de 2008, ocorreu na Finlândia mais uma edição do Simpósio Internacional de Claudicação em Ruminantes. O evento deste ano trouxe atualizações importantes e um dos temas que desperta grande interesse é a avaliação do conforto animal e sua associação com a claudicação.

O confinamento em Free stall ainda é o tipo de instalação mais utilizado em todo o mundo para abrigar grandes rebanhos. Todavia, é bem claro para todos, que este tipo de instalação aumenta o tempo de exposição do casco ao piso de concreto e, quando comparado aos demais tipos de instalação, apresenta as mais altas taxas de afecções podais.

Mas, quando consideramos as diferentes propriedades que utilizam o Free stall, é possível encontrar uma grande variação no tempo de repouso dos animais, tempo de espera na sala de ordenha e nível de controle do estresse térmico, que consequentemente, resultam em diferentes índices de problemas no sistema locomotor.

Toda a discussão que envolve o tema sobre conforto animal e a dinâmica da claudicação está focada na compreensão de como diferentes ambientes influenciam no tempo de estação/repouso, na severidade e localização da lesão podal. Três perguntas sintetizam as dúvidas que estão sendo pesquisadas para a solução dos principais problemas:

1. Qual é o tempo mínimo de repouso por dia para uma vaca leiteira? Quais são as conseqüências em não alcançar o tempo mínimo de repouso?

2. Quando uma vaca não está em repouso, qual é o impacto/efeito do piso no qual ela permanece durante a estação?

3. As vacas acometidas com afecções podais permanecem em repouso mais ou menos tempo do que as vacas sadias? Como este fato afeta a duração da afecção podal?

Considerando a primeira pergunta, já foi mensurado por pesquisas que em uma instalação do tipo Free stall, que utiliza TMR e controla o estresse térmico, uma vaca permanece cerca de 4,5 horas/dia se alimentando; 0,5 hora/dia bebendo água; aproximadamente 2 horas/dia em estação na baia e cerca de 2 horas/dia em estação nos corredores "socializando" com as demais vacas.

Desta forma, das 24 horas diárias {24-(4,5+0.5+2+2)}, sobram 15 horas para o descanso e a ordenha. O tempo gasto com a ordenha não deverá ultrapassar 3 horas/dia e o ideal é que a vaca tenha 12 horas disponíveis para o descanso. O tempo de repouso deve se adequar aos períodos entre as refeições e aos períodos em estação.

Uma pesquisa finalizada em 2007, concluiu que o tempo no qual o animal permanece fora da baia do Free stall, aumenta significativamente a prevalência de claudicação. Selecionando várias pesquisas que avaliaram a redução do tempo de descanso em cerca de 3 horas/dia, é possível identificar um significativo efeito negativo sobre na saúde do casco. A extensão deste efeito será determinada pelo tipo do piso da instalação.
A segunda pergunta chama a atenção para as características do piso e seu impacto sobre o casco. Já foi publicado que animais os quais permanecem tempo excessivo em estação na baia do Free-stall estão mais predispostos a desenvolverem lesões interdigitais e lesões no talão do casco, enquanto que as vacas que permanecem tempo excessivo em estação, nas demais áreas, estão mais predispostas a aumentar lesões na sola.

À medida que os confinamentos aumentam de tamanho, os animais são forçados a caminhar distâncias cada vez maiores nos corredores de acesso para ordenha e centros de manejo. Desta forma, a ocorrência de solas finas devido ao excessivo desgaste durante a locomoção tornou-se um constante desafio nos grandes confinamentos.

O uso da borracha no piso tem sido intensamente avaliado em diferentes áreas do confinamento, contudo as áreas onde os benefícios foram significativamente comprovados são: corredores de acesso para a ordenha, centros de manejo e ordenha. Nas demais áreas, os resultados ainda são conflitantes e merecem maiores estudos.

Alguns resultados sugerem que as vacas em instalações com piso de borracha no corredor de alimentação e baias mal dimensionadas (ou com cama insuficiente), preferem ficar em estação no piso de borracha do que deitadas nas baias, aumentando o tempo em estação e favorecendo a ocorrência de distúrbios no casco.

A terceira questão busca identificar o comportamento das vacas acometidas com afecções podais. Já foi claramente estabelecido que as vacas com claudicação apresentam diferenças no comportamento, mesmo aquelas vacas com leves lesões podais. Os animais acometidos evitam o ato de deitar e levantar, devido à dor e ao medo de escorregar. Camas com areia favorecem a tração, dando mais apoio ao casco durante a movimentação, reduzindo a insegurança dos animais e favorecendo o tempo de descanso e a recuperação da lesão.

Muitas informações estão sendo esclarecidas com a pesquisa direcionada para o comportamento dos animais e estas informações podem ser rapidamente implementadas no manejo da fazenda.

Fonte:

Cook, N. The influences of cow comfort on herd lameness dynamics. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF LAMENESS IN RUMINANTS, 15., Kuopio, 2008. Proceedings.

RENATA DE OLIVEIRA SOUZA DIAS

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DANIEL DAVILA

LAJEADO - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 15/06/2021

Olá Renata!
Leio teus excelentes artigos sempre que posso, sou veterinário aqui no RS e atuo também na área de podologia bovina. Estou há muito tempo a procura de 2 artigos que tu mencionas no "Atlas Casco em Bovinos", SHIRLEY,R. Trim your cost: Dairy herd manegement, 1997, v.Dez., p.16-7 e GUARD, C. apud SHIRLEY,R. Trim your cost: Dairy herd manegement, 1997, v.Dez., p.16-7. Já procurei no próprio site da Dairy Herd Management e não encontrei nada, talvez por ser muito antigo, não sei. Você poderia me ajudar? poderias me mandar um link, ou se tiver os artigos arquivados, poderia enviar?... Eu ficaria muito agradecido se você pudesse me ajudar. Obrigado!
NELSON CANDIDO

PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 07/02/2012

Renata parabéns pelo artigo!

Já li outros artigos de sua autoria, inclusive mencionei alguns no meu TCC, hoje trabalho na empresa Nova Vedovati especializada em pisos de borracha para bovinos (sala de ordenha, free stall corredores de acesso, transportes, etc.), temos interesse em fazermos uma parceria!

Atenciosamente

Nelson Candido

gestor@novavedovati.com.br

(18) 3917-4669/ 8137-0779

https://www.novavedovati.com.br
MAURO ÂNGELO REZENDE RIBEIRO

RIO VERDE - GOIÁS - ESTUDANTE

EM 17/09/2011

Olá Renata, muito bom seu artigo!


Estou fazendo meu tcc sobre afeccções podais e casqueamento em geral (ainda não defini o tema pois ainda estou a procura de artigos), andei pesquisando e ví que vc escreve muito sobre esse assunto. Gostaria muito que me ajudasse me mandando por emal os artigos que vc tem sobre o assunto para que eu possa utiliza-los na realização do meu trabalho. Ficarei muito grato. Obrigado desde já!


Mauro Ângelo


mauroveterinarioo@gmail.com
LUCIANO MARTINS REDU

AJURICABA - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/09/2008

Tudo bem, Renata!

Obrigado pela reciclagem com relação a conforto animal e sua relação com afeccões podais. Renata eu gostaria de visualizar se possivel atraves de fotos,videos ou desenhos,o uso desta borracha dentro do free stall.

Outra questão é com relação ao tipo da borracha ,ja existe um material apropriado,custo,medidas adequadas,densidade,enfim,tudo que existe relacionado a este material.

Um abraço!
Luciano

Prezado Luciano Martins Redu,

Obrigada por enviar sua pergunta.

Sinto não poder atender seu pedido em relação à imagem, tenho um filme interessante que mostra a filmagem durante 1 semana do sistema com uso da borracha nos corredores. O filme é acelerado e visa mostrar as diferenças de comportamento (ou seja, que a vaca fica muita vezes parada sobre a borracha no corredor, ao invés de deitar na cama, o que não é interessante); o filme também mostra as diferenças do comportamento noturno dos animais, mas emprestei para um aluno e não recebi de volta.

A opção com custo benefício favorável é o uso de um material reciclado da siderurgia (correias de descarte que transportam minério). Algumas empresas que vendem as camas de borracha para Free-stall também têm o produto para corredor, neste caso a densidade é apropriada para o atrito com os cascos e a durabilidade é maior, todavia o investimento também é maior.

Com atenção,
Renata Souza Dias
DIEGO ZENI

OUTRO - RIO GRANDE DO SUL - MÉDICO VETERINÁRIO

EM 20/08/2008

Olá Renata !

Gostaria de parabenizá-la pelo artigo e aproveitar para pedir algumas informações sobre taxa de crescimento de sola dos cascos de bovinos, se tem alguma literatura para me indicar.

Desde já muito obridado!

<b>Resposta da autora:</b>

Prezado Diego Zeni,

Obrigada por enviar sua pergunta.

O tecido córneo (tecido do casco) é um tecido em constante renovação. Normalmente, o casco cresce e se desgasta na mesma proporção. Entretanto, algumas situações podem alterar este processo natural (ambiente, nutrição). O casco cresce 0,4 cm por mês, podendo variar para mais em vacas de primeira cria. Em relação a variação durante a lactação, o crescimento é desacelerado durante o pico de lactação.

Algumas literaturas clássicas sobre o tema:

CLARK, A.K. J. Dairy Sci. v.65, p.1493-1502, 1982.

Vermunt, JJ. Br. Vet. J. V.151, n.2, p.157-179, 1995.

Com atencao,
Renata Souza Dias
RAPHAEL JAFET JR.

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 18/08/2008

Artigo atual, muito bom. Gostaria de saber da existência de pesquisa focalizando
o "free stall", com o sistema tradicional, isto é, a vaca é alimentada em pista coberta, tem o seu descanço a céu aberto com sombras naturais, pista de acesso à
sala de ordenha em terra, sala de espera e ordenha com piso de borracha.

<b>Resposta da autora:</b>

Prezado Raphael Jafet Jr.,

Obrigada por enviar sua pergunta.

Neste tipo de sistema que vc relatou, o piso de borracha irá favorecer o conforto no momento da ordenha, sendo uma boa opção, principalmente nos casos onde há uma grade na região onde ficam os membros posteriores ou quando o piso de concreto da ordenha está desgastado e com britas soltas. No entanto, não encontrei uma pesquisa que enfoque este tipo de sistema que é muito comum no Brasil e que vc relatou.

A maioria dos trabalhos, que enfocam o comportamento animal que eu encontrei, são realizados na Nova Zelândia, Inglaterra e Estados Unidos, onde os sistemas são diferentes do que vc mencionou. Todavia, o sistema da Nova Zelândia tem uma semelhança relevante com o sistema que vc detalhou: "pista de acesso à sala de ordenha de terra". Trabalhos de pesquisa naquele país, evidenciam que a qualidade dos corredores de acesso à ordenha são um dos principais fatores predisponentes da claudicação e lesões no casco. A distância percorrida pelas vacas, a presença de umidade e pedregulhos são os principais vilões para o casco.

Uma importante observação das pesquisas é que o corredor de acesso deve ser largo para facilitar o fluxo de animais, minimizar a competição e possibilitar um deslocamento onde a vaca tenha tempo para escolher onde vai pisar. Esta informacao pode ser adaptada para os nossos "corredores" no Brasil, além de uma constante manutencao do piso dos corredores.

Com atenção,
Renata Souza Dias

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