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Impactos do manejo na qualidade do leite: compost barn versus pasto

POR CARLOS JOSÉ DE MELO CUNHA

E ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/09/2020

5 MIN DE LEITURA

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Atualizado em 12/12/2022

A produção de leite está distribuída em cinco pilares: genética, sanidade, alimentação, conforto térmico e gerenciamento. Um dos fatores que vem sendo debatido nos últimos anos para reforçar o incremento da produção e qualidade do leite é o bem-estar animal, assim como o conforto térmico.

Os sistemas de criação em confinamento vêm se expandindo como forma de controlar a temperatura do ambiente e do animal, reduzindo o desafio microbiano pela exposição dos animais ao clima e ambiente externos.

O Compost de Barn é um sistema de criação que vem sendo implementado como uma opção de menor custo de investimento, se comparado com outros sistemas de criação de confinamento. É um sistema que, se bem conduzido, promete aumentar a produtividade, como também reduzir problemas de cascos, diminuir a contagem de células somáticas (CCS), mastites e aumentar a detecção de cio (Silva, 2018).

Com as novas exigências do mercado consumidor, o aumento na procura de alimentos saudáveis levou a implementação das Instruções Normativas IN-76 e IN-77, que entraram em vigor em maio de 2019, estabelecendo novos parâmetros de qualidade para os valores de Contagem Bacteriana Total (CBT) e CCS. Isso tornou a corrida por uma boa produtividade associada à qualidade do leite requisitos importantes para o sucesso dos empreendimentos leiteiros.

Comparamos a qualidade do leite de dois sistemas de criação Compost Barn e a pasto de uma fazenda localizada no interior de São Paulo, na região do Vale do Paraíba. A fazenda possui duas salas de ordenha: a principal (sala de ordenha 1), onde são ordenhados os animais confinados, aproximadamente 15 mil litros/dia; e a sala secundária (sala de ordenha 2), onde é feita a ordenha dos animais criados a pasto com uma produção média diária de mil litros diariamente. As vacas que representam maior volume de leite são ordenhadas 3 vezes ao dia, e as demais 2 vezes ao dia.

A higienização das salas é realizada trinta minutos antes do início da ordenha. O tempo de ação dos produtos é controlado pelos funcionários. O leite é armazenado e refrigerado em tanques de expansão, numa temperatura de 4ºC, e levado diariamente para a cooperativa em caminhão específico para transporte de leite.

A coleta de amostra do leite para avaliação da qualidade é realizada diariamente em frascos estéreis contendo reagentes específicos para conservação do produto até a chegada ao laboratório.

Analisamos as médias semanais dos meses de janeiro a dezembro de 2019 das características de proteínas, gorduras, CPP (Contagem Padrão em Placas) e CCS (Contagem de Células Somáticas) como mostra a figura 1.

A Contagem Bacteriana Total (CBT), atualmente chamada de Contagem Padrão em Placas (CPP), é um dos principais parâmetros que definem se o leite tem qualidade ou não e está diretamente relacionada a higiene do ambiente, desde a ordenha até o armazenamento. Quanto menor o valor da CPP, melhor será a qualidade do leite.

Figura 1: Comparação dos dois sistemas de produção, compost barn e pastoreio. Sala de ordenha 1 - Sistema de confinamento Compost Barn; Sala de ordenha 2- Sistema de criação a pasto.

Na contagem padrão em placas, observamos que o sistema a pasto apresentou uma média menor, em relação ao compost barn, podendo indicar uma possível falha de manejo da ordenha, mostrando a necessidade de uma padronização no manejo dos animais.

Já na CCS foi observada médias maiores no sistema de produção a pasto. Esse fator pode ser explicado pelo tempo de lactação dos animais presentes na sala de ordenha 2, pois são animais que estão em final de lactação e prenhes, preparando-se para uma nova lactação, onde apresentam intensificação na quarta semana pré-parto, aumentando os níveis de CCS (Philpot e Nickerson, 1991).

O desafio microbiológico em animais criados a pasto é maior, pois não é possível ter um controle das variáveis do ambiente, como umidade, formação de lama devido à período de chuvas (Silva, 2018).

A redução da CCS em confinamento está relacionada às vacas ficarem mais limpas, desde que tenha um bom manejo de cama, diminuindo os riscos de contaminação do leite no momento da ordenha e consequentemente diminuição da CCS no tanque de expansão (Brito, 2016).

É possível reduzir a CCS do leite através do manejo. Assim como acontece com a CPP, é importante que seja acompanhado mensalmente os relatórios dos exames laboratoriais, buscando identificar quais animais apresentam problemas com alta CCS. A higiene da fazenda também é essencial para que a CCS seja baixa.

As concentrações de proteína e gordura mostram que as médias de proteína e gordura variaram consideravelmente entre os sistemas. Este resultado pode ser associado ao volume de leite produzido no sistema compost barn que é maior que o sistema a pasto.

Diversas questões devem ser consideradas para produção de um leite com qualidade, destaca-se a higiene como principal delas, buscando ter resultados melhores nos índices de Contagem Padrão em Placas e Contagem de Células Somáticas, consequentemente melhoria na saúde das vacas, redução da taxa de tratamento de mastite e a possibilidade de uma bonificação maior no preço final, ou seja, aumento da viabilidade da atividade leiteira. Sendo possível um preço de até 18% maior em relação ao preço base, o que torna atrativo para os produtores a produção de leite com qualidade.

O sistema de confinamento reduz o desafio microbiano, pois mantém os animais limpos e oferece bem-estar, diferentemente do sistema a pasto, onde não é possível ter controle do ambiente externo, expondo muitas vezes as vacas em situações de contaminação e consequentemente aumento de doenças como mastite ambiental e aumento das células somáticas.

O treinamento de pessoal e padronização de processos é outro fator a ser considerado, pois falhas de operação podem acarretar índices elevados de contagem bacteriana, reduzindo a qualidade do leite.

Um maior incentivo no valor do leite de melhor qualidade pode tornar a produção do leite no Brasil mais tecnificada e com maior segurança alimentar, incentivando os produtores a investir em um sistema de produção melhores e mais confiável para a saúde pública.

Este artigo é parte da monografia defendida no curso de agronegócios MBA/USP/ESAL - PECEGE.

Referências

Brito, E. C. PRODUÇÃO INTENSIVA DE LEITE EM COMPOST BARN: Uma avaliação técnica e econômica sobre a sua viabilidade. 2016. Mestrado Profissional em Ciência e Tecnologia do Leite e Derivados da Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora – MG, 2016.

Philpot, W. N.; Nickerson, S. C.. Mastitis: Counter Attack. Naperville: Babson Bros, Editor: Naperville, I. L. Editora Babson Bros, 1991.

SILVA, C. F. S.. Influência do sistema compost barn sobre a produtividade, qualidade do leite e índices reprodutivos. 2018. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Zootecnia) – Universidade Federal de São João Del Rei, São João Del Rei, 2018.

CARLOS JOSÉ DE MELO CUNHA

ARIANA NASCIMENTO MEIRA

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FERNANDO BACK

FORQUILHINHA - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 21/11/2022

BOA TARDE A TODOS. ESTUDOS CIENTÍFICOS COMPARANDO ANIMAIS NOS PRIMEIROS DOIS TERÇOS DE LACTAÇÃO COM ANIMAIS EM TERÇO FINAL JÁ EXISTEM . PORÉM COMPARAR NA MESMA FAZENDA ESTES DOIS LOTES E AFIRMAR QUE NOS SISTEMAS CONFINADOS É MAIS FÁCIL O CONTROLE NÃO CREIO SER UMA VERDADE ABSOLUTA. POIS CADA FAZE DE LACTAÇÃO IDADE E NÚMERO DE LACTAÇÕES ETC VÃO INFLUENCIAR NOS RESULTADOS E COMO PERGUNTA O MATEUS COMPARARAM OS COMPARÁVEIS?
MATEUS HENRIQUE SILVA LOBO

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/08/2021

Compararam os comaraveis?
VINICIUS BELLUSSI

EM 28/09/2020

Excelente trabalho! Parabéns.
ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2020

Obrigada
JAIRO FELIPE FELIX DOS SANTOS

AREIAS - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 24/09/2020

Excelente trabalho, demonstrando que o confinamento embora tenha um custo maior, mais traz a certeza de menor contaminação e aumento considerável no lucro, bem como ofertar qualidade e saúde para o consumidor final!
Parabéns!
ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2020

Obrigada
ÁDAMO FILIPE

EM 24/09/2020

Excelente artigo, parabéns a todos envolvidos!
ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 28/09/2020

Obrigada
DALIRIAM NOGUEIRA INÁCIO

SERITINGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/09/2020

Bom dia! Muito obrigada pelo artigo, gostei bastante!

Durante a leitura me surgiram algumas dúvidas, realmente um controle a pasto é mais desafiador para o produtor e precisa-se de controles mais eficazes para conseguir leite com qualidade, no entanto algo que não é impossível.
Creio que a qualidade é resultado de todo cuidado tomado e que impacta diretamente nos resultados no tanque de queijo ou na fermentação de um iogurte, mas pelo estudo também temos perdas significativas de proteína e gordura, sem contar no controle de CBT, que tem relação com a CCS e está controlada também. Visto deste ponto creio não ser seguro afirmar que a produção a pasto tenha tanta desvantagem e também podemos ter falhas operacionais no confinamento.

Abraço,

Dalíriam Nogueira
ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/09/2020

Oi Daliriam obrigada pelo comentário.
Concordo que não é impossível manter o controle de qualidade em um sistema a pasto. Porém, é mais desafiador comparado com um sistema de confinamento. Ambos os sistemas podem ocorrer falhas operacionais, principalmente erro humano.
O que acontece é que em um sistema de confinamento consegue ter maior controle em relação a higiene e bem estar do animal, tornando também mais fácil o controle microbiano. O animal a pasto é mais propicio a sofrer lesões na mama, podendo facilitar a contaminação por microrganismo.

Ariana
THAIS OLIVEIRA

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO

EM 22/09/2020

Parabéns Sr Carlos Cunha. Li com bastante atenção esta publicação, e consegui de uma maneira clara adquirir mais conhecimento sobre o importante tema. Obrigada pelo material. Estarei acompanhando seus artigos.

Atenciosamente,

Thais Oliveira
KANANDA RODRIGUES

PRIMAVERA DO LESTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 22/09/2020

Parabéns Carlos e Ariana pelo excelente trabalho! Ficou incrível!
KANANDA RODRIGUES

PRIMAVERA DO LESTE - MATO GROSSO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 22/09/2020

Muito top! ????????????
ARIANA NASCIMENTO MEIRA

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 21/09/2020

Olá a todos!

Foi um prazer enorme dividir este trabalho com todos vocês. Esta matéria é parte da monografia defendida por Carlos José de Melo Cunha para o programa de MBA-USP-ESALQ / PECEGE. Caso tenham mais interesse no assunto, podem mandar mensagens que responderemos a todos.

Obrigada
CARLOS CUNHA

AREIAS - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/09/2020

Obrigado pela parceria, Ariana!
Você foi peça fundamental para que esse trabalho acontecesse.
Estou muito satisfeito com o resultado e espero que esse artigo contribua para literatura e para pessoas que tenham interesse em saber mais sobre esses sistemas.
Me coloco a disposição para esclarecer possíveis dúvidas referente ao trabalho.
Abraço a todos!

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