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Estresse calórico: quais são os pontos nutricionais para amenizar esse efeito?

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EM 08/04/2019

9 MIN DE LEITURA

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O estresse térmico segundo Shearer e Beede, pode ser definido como o ponto em que o ganho de calor supera a capacidade de troca do mesmo, ou seja, quando não existe compensação do calor, ou quando as trocas ambiente e animal são ineficientes.

O estresse impacta altamente na performance das vacas, causando perdas expressivas ao setor. A justificativa mais plausível para explicar a menor produção de leite durante o verão ou durante os períodos de estresse é a de que há redução no consumo de alimentos e aumento do fluxo sanguíneo periférico para reduzir a temperatura corporal, o que diminui a absorção de nutrientes e disponibilidade deles na glândula mamária.

Associado não só ao aumento de temperatura ambiente, temos o aumento de temperatura endógena do animal. Por exemplo, quanto maior a produção de leite de uma vaca, maior a ingestão de matéria seca (MS), elevando-se dessa maneira, o calor metabólico para produção de leite. Esses fatores somados a altas temperaturas, alta umidade, radiação solar direta, provocam estresse calórico nos animais.

O estresse calórico pode gerar queda de 17% a 22% na produção de vacas de 15 a 40 kg/dia, respectivamente como apresenta algumas pesquisas. Quando os bovinos leiteiros são expostos à temperatura que não se situam na zona de termoneutralidade, tendem a efetuar ajustes metabólicos para manter a homeotermia.

Abaixo apresenta-se alguns pontos que podemos trabalhar na dieta das vacas leiteiras para amenizarmos os efeitos do estresse calórico.

Consumo de matéria seca (CMS) e energia

Segundo o NRC (2001), o declínio no metabolismo do animal pode ser suficiente para que ocorra queda de até 55% na ingestão de matéria seca em vacas submetidas a estresse térmico e aumento de 7 a 25% nas exigências energéticas de mantença visto que há gasto energético no processo de manutenção da temperatura corporal.

Vale ressaltar que bovinos sob pastejo são mais afetados, fato explicado pelo NRC (1981), que diz que, quanto maior o teor de forragem na dieta total, maior e mais rápido ocorre a redução no consumo de alimento.

A redução no consumo de forragem pode ser explicada também pelo fato de que há redução no número de contrações ruminais e queda na taxa de passagem à medida que a temperatura ambiente se eleva.

Com a redução do CMS, as vacas entram no que conhecemos como balanço energético negativo (BEN), ou seja, a quantidade de energia utilizada para manutenção e produção de leite é maior do que a quantidade de energia consumida na dieta. Para recordar, a maior parte da energia metabolizável em bovinos sob pastejo é oriunda de ácidos graxos não esterificados (AGNE), produtos da fermentação ruminal. O estresse calórico reduz a quantidade de AGNE produzido no rúmen.

No entanto, diferente do que ocorre no início da lactação, vacas sob estresse térmico não apresentam aumento de AGNE no sangue. Fato que vacas em estresse térmico apresentam nível elevado de insulina no sangue, o que pode ser o motivo pelo qual a mobilização de gordura corporal não ocorre e a utilização de glicose pelos tecidos muscular e adiposo aumenta. 

O problema está no aumento do uso de glicose pelos outros tecidos (principalmente muscular), a glândula mamária tem menos glicose disponível para sintetizar lactose, principal componente determinante do volume de leite produzido.

Outro ponto que se tem pesquisado em relação ao estresse térmico é a barreira intestinal e sua capacidade absortiva dependendo da condição dos animais. Atualmente é sabido que durante o estresse por calor, o fluxo sanguíneo de uma vaca é direcionado para a pele e extremidades para ajudar a resfriar seu corpo, o que reduz o aporte sanguíneo dos intestinos. Isso resulta no aumento da permeabilidade intestinal, o que permite que substâncias estranhas entrem no corpo, e isso estimula uma resposta imune que inclui a inflamação.

O sistema imunológico ativado então utiliza nutrientes que seriam destinados à produção de leite principalmente a glicose. Com o consumo de glicose a síntese de lactose da glândula mamária fica alterada reduzindo a disponibilidade de glicose para a produção de leite.

Aumentar o teor de gordura da dieta tem sido uma das estratégias mais difundidas para reduzir o estresse térmico. Em teoria, substituir a fonte energética e a fibra por gordura faz sentido, uma vez que o incremento calórico de gordura é maior do que o advindo de outras fontes.

Fibra

A fibra em período de estresse térmico é um dos fatores mais difíceis para ser trabalhado, pois normalmente tem-se na propriedade apenas um tipo de forragem disponível.

No entanto, a fibra é essencial para manutenção de um rúmen saudável. Vacas em estresse térmico são mais susceptíveis à acidose ruminal e muitos dos problemas normalmente detectados no verão e baixo teor de gordura no leite, podem ser consequência do baixo pH do rúmen durante esse período. Porém, reduzir o teor de fibra em dietas no período de calor faz sentido, pois possibilita a inclusão de alimentos com maior densidade energética e menor incremento calórico, como CNF e gordura.

Por isso, deve-se tomar muito cuidado ao reduzir o teor de fibra da dieta. Segundo o NRC (2001) o conteúdo mínimo de FDN da dieta deve ser 25% da MS, sendo 75% do FDN total (19% MS) proveniente de forragem. Outro ponto interessante para nos atentarmos é em relação ao desempenho de animais de alta produção, que por sua vez, pode ser trabalhado também com a adição de bicarbonato de sódio na ração, elevando o pH ruminal.

Proteína

Trabalhos mostram que há balanço negativo de nitrogênio em bovinos sob estresse calórico agudo, principalmente devido à redução no consumo de ração. Com isso, a qualidade e a forma da proteína oferecida na dieta precisam ser consideradas para vacas sob estresse calórico.

Basicamente em relação a proteína sabe-se que deficiências de proteína bruta na dieta reduz sua digestibilidade. Porém o seu excesso aumenta a necessidade energética do animal, já que, durante períodos quentes, por causa da redução de consumo e tempo de ruminação, a motilidade ruminal e a taxa de passagem também diminuem. Isso aumenta o tempo que o alimento fica dentro do rúmen e permite maior degradação da proteína. De fato, alguns estudos mostraram que o nível de ureia no sangue aumenta em vacas submetidas a estresse térmico, possivelmente decorrente da maior quantidade de amônia no rúmen, necessitando de energia para a síntese e excreção da mesma.

Atualmente a recomendação do NRC para o balanceamento de dietas durantes períodos quentes é que o nível de proteína degradável no rúmen não ultrapasse 61% da proteína bruta da dieta.

Água

Basicamente, a água é um dos nutrientes mais importantes na nutrição de bovinos leiteiros. Estudos concluem que as exigências de água podem ser de 1,2 a 2 vezes maior quando comparadas com animais em termoneutralidade.

Segundo o NRC (1981), deve-se atentar a vários fatores para aumentar a ingestão de água em condições de estresse calórico, como: quantidade de alimento ingerido e forma física da dieta; estado fisiológico; raça; qualidade, acesso e temperatura da água. E sempre lembrar que odor, sabor, propriedades físico-químicas, presença de substâncias, presença de sais e sujidades afetam também a ingestão de água.

Por isso, sempre realizar a manutenção e limpeza dos tanques de água, para evitar acúmulo de sujeira, isso é uma estratégia simples e barata para ajudar as vacas a se manterem mais confortáveis e permitir um maior consumo de água.

Minerais

Ciente da redução de consumo de alimentos durante o estresse calórico, fica evidente que a ingestão de minerais também fique abaixo do exigido. Além da baixa ingestão temos associado o aumento da taxa de sudação.

Apesar da quantidade de suor dos bovinos ser um pouco mais baixa, a sudação causa aumento na excreção de potássio (K), magnésio (Mg), cálcio (Ca) e cloro (Cl), sendo altamente correlacionado com a taxa de sudação. Decorrente dessa perda no suor, saliva e a baixa taxa de ingestão dos minerais, nutricionistas tem trabalhado com aumento da porcentagem dos minerais na proporção da matéria seca total da dieta.

O aumento proposto é variável de acordo com o nutriente, sendo o aumento citado na proporção total da dieta:

  • Adicionar de 1,3 a 1,5% de potássio; 
  • Adicionar 0,5% de sódio;
  • Adicionar 0,3% de magnésio.

Vitaminas

Assim como os minerais devido à redução no consumo de (MS), causado pelo estresse calórico, há concomitante redução no consumo de vitaminas, de modo que sua ingestão possa ficar abaixo das exigências diárias dos animais.

Portanto, segundo o NRC (2001), a deficiência de forma pontual pode resultar em queda de produção, porém uma deficiência crônica, devido a um estresse prolongado, por tornar-se uma enfermidade específica de acordo com a vitamina faltante.

Concluindo pode-se trabalhar também com algumas mudanças no manejo da dieta como aumentar o parcelamento dos alimentos ao longo do dia, reduzindo a quantidade de alimento por refeição, reduzindo a perda e estimulando o consumo da dieta. Vale ressaltar também que as respostas fisiológicas das vacas leiteiras às variações da temperatura ambiente diferem em razão de fatores como o nível e o estádio de produção, a proporção de volumoso na dieta, a amplitude térmica diária e a umidade relativa do ar.

A recuperação da produção de leite das vacas leiteiras após o estresse calórico ocorre lentamente e em graus que variam com a intensidade e duração do estresse. Também, varia de acordo com a fase da lactação, dentro dos limites fisiológicos da glândula mamária, podendo o animal recuperar totalmente a produção normal ou até comprometer a lactação.

Referências bibliográficas

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GRUPO APOIAR

O "Grupo Apoiar" foi criado com o objetivo de auxiliar no desenvolvimento da pecuária leiteira, através de trabalhos de pesquisa e de consultoria em diversos segmentos da cadeia agroindustrial do leite.

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