Renata de Oliveira Souza Dias
Atualmente há uma tendência dos técnicos utilizarem escore para avaliar os índices de um rebanho. O escore é uma avaliação empírica, não apresenta custos, é rápido e pode ser aprendido com facilidade. Veterinários extensionistas dos USA e da Inglaterra utilizam o escore para avaliar vários aspectos do manejo, da saúde animal e da instalação. Dentre eles, pode-se destacar: escore para o conforto animal numa instalação; escore do estado das camas no "free stall"; escore para a qualidade do piso da instalação (corredores, ordenha); escore do aspecto das fezes, escore da condição corporal (o mais divulgado) e escore da locomoção dos animais.
O método de avaliação do escore de locomoção foi proposto por pesquisadores ingleses e vem sendo utilizado por técnicos e produtores em vários países. O escore da locomoção é uma ferramenta de manejo que auxilia o levantamento da prevalência de afecções de casco em um rebanho, bem como auxilia na interpretação da severidade e duração dos casos de claudicação. Pesquisadores do estado da Flórida -USA destacaram o escore de locomoção como uma técnica que torna mais eficiente a detecção de problemas de casco e, consequentemente, reduz as perdas na produção de leite.
A metodologia consiste em observar os animais em locomoção sobre um corredor de concreto, de preferência, após a saída da ordenha ou em um local onde os animais caminhem com tranqüilidade e por vontade própria. Os escores devem ser atribuídos segundo a tabela abaixo:
Um importante trabalho científico que avaliou o efeito da relação concentrado / volumoso da dieta sobre a saúde do casco foi realizado na Inglaterra e representa um bom exemplo da utilidade do escore da locomoção. Neste estudo, pesquisadores ofereceram duas dietas a vacas leiteiras entre a 3( e 26( semanas da lactação. A dieta A apresentava uma relação concentrado / volumoso de 60:40 e a dieta B uma relação concentrado / volumoso de 40:60; metade das vacas suplementadas com a dieta A foram casqueadas antes do início do experimento e a outra metade não foi casqueada; o mesmo foi realizado com as vacas suplementadas com a dieta B.
Os animais suplementados com a dieta A sofreram um aumento do escore de locomoção, aumento do número de casos clínicos de lesões no casco, diminuição da resistência do casco e aumento da proteína do leite, já os animais previamente casqueados deste grupo apresentaram menor número de casos clínicos de lesões no casco e um maior crescimento do casco.
Em contrapartida, os animais suplementados com a dieta com menores níveis de concentrado (Dieta B) apresentaram cascos mais resistentes, uma menor prevalência de casos clínicos de lesões de casco e um escore de locomoção menor que o grupo que ingeriu a dieta A. Os animais que sofreram um casqueamento preventivo no início do experimento apresentaram uma redução no número de casos clínicos e também um maior crescimento do casco em relação aos animais que não foram previamente casqueados.
Os autores concluíram que a dieta A aumenta a prevalência de afecções podais e que este fato pode ser detectado com facilidade na observação do escore da locomoção.
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fonte: Animal Production, v.49, p. 15, 1989.